Banner Portal
“Que nunca chegue o dia que irá nos separar” – notas sobre epistémê arcaica, hermafroditas, andróginos, mutilados e suas (des)continuidades modernas*
Remoto

Palavras-chave

Hermafroditas. Andróginos. Monstros. Transgênero

Como Citar

LEITE JÚNIOR, Jorge. “Que nunca chegue o dia que irá nos separar” – notas sobre epistémê arcaica, hermafroditas, andróginos, mutilados e suas (des)continuidades modernas*. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 33, p. 285–312, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8644929. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

A figura do hermafrodita ou andrógino foi fundamental para todo o discurso médico-moral-espiritual sobre sexo e gênero em nossa cultura, desde a Antiguidade até o século XVIII. Com a mudança epistemológica que ocorre a partir do século XVI, o antigo hermafrodita, associado ao mundo mágico e religioso, perde seu lugar nas classificações modernas. A partir do século XIX nasce uma nova entidade conceitual no Ocidente: o pseudohermafrodita da medicina, não mais “maravilha” da natureza, mas um erro desta; filho do racionalismo iluminista e do positivismo, vindo a tornar-se o pai – e mãe – das futuras identidades transgêneras.

Abstract

The image of the hermaphrodite or androgyne was essential for all medical-moral-spiritual discourses about sex and gender in our culture, from Antiquity until the eighteenth century. With the epistemological change that has happened since the sixteenth century, the old hermaphrodite, associated with the magical and religious world, has lost his/her place in modern classifications. From the nineteenth century on, a new conceptual entity in the West takes place: the pseudo-hermaphrodite from medicine, not the wonder of nature anymore, but its error; a product of the illuminist rationalism and positivism, gradually becoming the father and mother of future transgender identities.

Key Words: Hermaphrodites, Androgynous, Monsters, Transgenders.

Remoto

Referências

Bíblia Sagrada. Rio de Janeiro, edição Barsa/Catholic Press, 1964.

__________. Rio de Janeiro, Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.

BENJAMIN, Harry. Transexualismo e travestismo. In: CAPRIO, Frank. S.

(org.) Tudo sobre o sexo. São Paulo, Ibrasa, 1966.

BOURDIEU, Pierre. La Distincion. Madrid, Taurus, 1988.

DREGER, Alice Domurat. Hermaphrodites and the medical invention of sex. Cambridge, Harvard University Press, 2003.

ELIADE, Mircea. Mefistófeles e o Andrógino. São Paulo, Martins Fontes, 1999.

FOUCAULT, Michel. Os Anormais. São Paulo, Martins Fontes, 2001.

__________. História da Sexualidade I - A Vontade de Saber. Rio de Janeiro, Graal, 1988.

__________. As palavras e as coisas. São Paulo, Martins Fontes, 1987.

GARCÍA, Carlos Lagos. Las deformidades de la sexualidad humana.

Buenos Aires, “El Ateneo” librería científica y literária, 1925.

HIRSCHFELD, Magnus, Transvestites – the erotic drive to cross-dress. New York, Prometheus Books, 1991.

KAPPLER, Claude. Monstros, Demônios e Encantamentos no Fim da Idade Média. São Paulo, Martins Fontes, 1994.

KRAFFT-EBING, Ricard Von. Psychopatia sexualis. New York, Arcade Publishing, 1998.

LAQUEUR, Thomas. Inventando o sexo. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 2001.

MIGUET, Marie. Andróginos. In: BRUNEL, Pierre. (org.) Dicionário de mitos literários. Rio de Janeiro, José Olympio, 2005.

MINOIS, Georges. História do riso e do escárnio. São Paulo, Unesp, 2003.

MONTAIGNE, Michel de. Ensaios. São Paulo, Abril Cultural, 1972.

MONTERO, Santiago. Deusas e adivinhas. São Paulo, Musa, 1998.

OMBRÉDANNE, Louis. Les hermaphrodites et la chirurgie. Paris, Masson et Cie., 1939.

OVÍDIO. Metamorfoses. São Paulo, Madras, 2003.

PARÉ, Ambroise. Monstruos y prodigios. Madrid, Siruela, 2000.

PLATÃO. O Banquete. São Paulo, Edipro, 1996.

Downloads

Não há dados estatísticos.