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O debate em torno da emancipação feminina no Recife (1870-1920)

Palavras-chave

Mulheres. Feminismos. Cidadania. Relações de Gênero

Como Citar

LUZ, Noemia Maria Queiroz Pereira; NASCIMENTO, Alcileide Cabral. O debate em torno da emancipação feminina no Recife (1870-1920). Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 42, p. 341–370, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8645125. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

Este artigo analisa o debate em torno da emancipação feminina no Recife, entre os anos 1870 a 1920, partindo do pressuposto de que as lutas das mulheres, feministas ou não, em Pernambuco e em outros estados brasileiros não cabem mais na narrativa que nomeou esse momento como “primeira onda” do movimento. Há uma episteme sobre o feminino que colocou em foco a “questão da mulher”, ressignificando e deslocando o que é ser mulher. Esse intenso debate, multiplicou as possibilidades do feminino num complexo e paradoxal movimento de construir identidade coletiva, de instituir o sujeito de direito feminino diante de um Estado que mudava a forma de governo, porém, mantinha-se conservador, oligárquico e com estreita concepção de democracia e cidadania. Essas mulheres, que desbravaram espaços nitidamente masculinos e questionaram verdades em torno de seu sexo, de seu corpo e de sua inteligência, por meio da palavra escrita, publicando artigos polêmicos com ou sem pseudônimo, foram fundamentais na instituição de uma nova identidade feminina de feição moderna.

Abstract

This article analyzes the debate on women emancipation in Recife, between 1870 and 1920, assuming that the struggles of women, feminist or not, in Pernambuco and other Brazilian states, no longer fit into the narrative that named this moment as “first wave” of the movement. There is an episteme on “the feminine” that put the focus on “women's issues”, resignifying what is being a woman, and moving it. This intense debate multiplied the possibilities of the feminine, in a complex and paradoxical movement in order to build collective identity and establish women as subject of rights before a country that changed its form of government, however, remained conservative, oligarchic, and with a narrow conception of democracy and citizenship. Such women – who braved distinctly masculine spaces and questioned truths about their sex, their body and their intelligence, through the written word, by publishing polemical articles, with or without pseudonyms – were essential at introducing a new feminine identity with a modern aspect.

Key-Words: Women, Feminisms, Citizenship, Gender Relations

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