Resumo
Países periféricos apresentam especificidades na dinâmica de suas taxas de câmbio e juros e na condução de sua política econômica que nem sempre são consideradas pela teoria econômica convencional. As distintas moedas nacionais têm usos e status diferenciados na economia mundial, gerando padrões igualmente diferenciados na demanda por essas moedas e nos fluxos de capitais que entram e saem dos países emissores. Este artigo baseia-se na hipótese de que essa diferença no posicionamento das moedas no Sistema Monetário Internacional (SMI) – que caracteriza a “hierarquia monetária” – constitui o elemento central de explicação das peculiaridades verificadas no comportamento das taxas de câmbio e juros e, ao fim, na condução da política econômica dos diversos países, tendo influência, portanto, sobre as possibilidades de desenvolvimento econômico desses países. O objetivo deste artigo, portanto, é entender o comportamento diferenciado das taxas de câmbio e juros dos países periféricos, relacionando-o às características do SMI.
Abstract
Peripheral countries have a specific dynamics on their exchange and interest rates and on the conduction of their economic policy that is rarely considered by conventional economic theory. National currencies have different status and usages in world economy, engendering different standards for these currencies demand and for the capital that flows to or from the issuer countries. This paper is based on the hypothesis that these different places currencies occupy on the International Monetary System (IMS) – that characterizes the “hierarchy of currencies” – constitute the central element to explain the peculiarities of the exchange and interest rates paths and, finally, on the conduction of the economic policies, influencing therefore the countries’ possibilities of development. Hence, this paper aims to analyze countries’ exchange and interest rates differentiated dynamics, relating them to IMS features.
Keywords: Peripheral currencies; International liquidity; Exchange rate; Interest rate; Economic policy.
Referências
AGLIETTA, M. La notion de monnaie internationale et les problèmes monétaires européens dans une perspective historique. Revue Économique, v. 30, n. 5, p. 808-844, 1979. AGLIETTA, M. La fin des devises clés: essai sur la monnaie internationale. Paris: La Découverte, 1986.
ARIDA, P. Por uma moeda plenamente conversível. Revista de Economia Política, v. 23, n. 3 (91), p. 135-142, jul./set. 2003.
ARIDA, P.; BACHA, E.; LARA-RESENDE, A. High interest rates in Brazil: conjectures on the jurisdicional uncertainty. Rio de Janeiro: Casa das Garças, 2004. Mimeografado.
BELLUZZO, L. G. M. Dinheiro e as transfigurações da riqueza. In: TAVARES, M. C.; FIORI, J. L. (Org.). Poder e dinheiro: uma economia política da globalização. Petrópolis: Editora Vozes, 1997. p. 151-193.
BELLUZZO, L. G. M; ALMEIDA, J. S. G. Depois da queda: a economia brasileira da crise da dívida ao impasse do Real. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
CARNEIRO, R. M. O mito da conversibilidade ou moedas não são bananas. Boletim Política Econômica em Foco, Campinas, IE/Unicamp, Suplemento 1, maio/ago. 2003.
BIANCARELI, A. M. Integração, ciclos e finanças domésticas: o Brasil na globalização financeira. 2007. Tese (Doutorado)–Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia, Campinas, 2007.
CALVO, G. S.; REINHART, C. M. Fear of floating. Nov. 2000. (NBER Working Paper, n. 7993) CARDOSO DE MELLO, J. M. Prólogo. In: TAVARES, M. C.; FIORI, J. L. (Org.). Poder e dinheiro: uma economia política da globalização. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. p. 15-24.
CARNEIRO, R. M. Globalização financeira e inserção periférica. Economia e Sociedade, Campinas, n. 13, p. 58-92, 1999.
CARNEIRO, R. M. Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último quarto do século XX. São Paulo: Editora Unesp, 2002.
CARNEIRO, R. M. Globalização e inconversibilidade monetária. Revista de Economia Política, v. 28, n. 4 (112), p. 539-556, 2008.
CEPAL. Cincuenta años de pensamiento en la Cepal: textos seleccionados. Santiago de Chile: Fondo de Cultura Económica, 1998.
CHESNAIS, F. (Org.). A mundialização financeira: gênese, custos e riscos. São Paulo: Xamã, 1999.
COHEN, B. J. The geography of money. Ithaca: Cornell University Press, 1998.
DAVIDSON, P. Financial markets, money and the real world. Cheltenham: Edgard Elgar, 2002.
DE CONTI, B. M. Políticas cambial e monetária: os dilemas enfrentados por países emissores de moedas periféricas. 2011. Tese (Doutorado)–Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia, Campinas, 2011.
DE GRAUWE, P. La monnaie internationale. Bruxelles: De Boeck Université, 1999.
DEQUECH, D. Fundamental uncertainty and ambiguity. Eastern Economic Journal, v. 26, n. 1, p. 41-60, 2000.
FARHI, M. O futuro no presente: um estudo dos derivativos financeiros. 1988. Tese (Doutorado)–Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia, Campinas, 1998.
FARHI, M. Derivativos financeiros: hedge, especulação e arbitragem. Economia e Sociedade, Campinas, n. 13. p. 93-114, dez. 1999.
FLASSBECK, H. The exchange rate: economic policy tool or market price? 2001. (UNCTAD Discussion Papers, n. 157).
FMI. Global financial stability report – Market developments and issues. Washington, Mar. 2003. (World Economic and Financial Surveys).
FRIEDMAN, M. The case for flexible exchange rates. In: FRIEDMAN, M. Essays is positive economics. Chicago: University of Chicago Press, 1953.
HICKS, J. R. Liquidity. The Economic Journal, v. 72, n. 288, p. 787-802, 1962.
IEDI. A crise financeira e suas conseqüências sobre as economias emergentes e o Brasil. Carta IEDI, São Paulo, n. 339, 2008.
JEANNEAU, S.; MICU, M. Prêts bancaires internationaux aux économies émergentes: l’évolution irrégulière des années 90. Rapport trimestriel BRI, Mar. 2002.
KEYNES, J. M. (1930). Treatise on money, v. 2 – The applied theory of money. The Collected Writtings of John Maynard Keynes, v. VI. London: MacMillan, 1971.
KEYNES, J. M (1936). The general theory of employment, interest and money. 14. ed. London: MacMillan, 1964.
KRUGMAN, P. The international role of the dollar: theory and prospects. In: CURRENCY and crises. MIT Press, 1991.
MEIRELLES, A. J. A. Moeda endógena e teoria monetária da produção. 1997. Tese (Doutorado)–Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia, Campinas, 1997.
MIRANDA, J. C. Dinâmica financeira e política macroeconômica. In: TAVARES, M. C.; FIORI, J. L. (Org.). Poder e dinheiro: uma economia política da globalização. Petrópolis: Vozes, 1997.
ORLÉAN, A. Le pouvoir de la finance. Paris: Editions Edile Jacob, 1999.
PLIHON, D. La monnaie et ses mecanismes. Paris: La Découverte, 2001.
PRATES, D. M. Crises financeiras nos países “emergentes”: uma interpretação heterodoxa. 2002. Tese (Doutorado)–Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia, Campinas, 2002.
PRATES, D. M.; ANDRADE, R. P. Exchange rates dynamics in a peripheral monetary economy. Journal of Post-Keynesian Economics, v. 35, p. 399-416, 2013.
PRATES, D. M.; CINTRA, M. A. M. Keynes e a hierarquia de moedas: possíveis lições para o Brasil. Campinas: IE/Unicamp, out. 2007. (Texto para Discussão, n. 137).
ROSSI, P. L. A pirâmide e a esfinge: estudo sobre a hierarquia das divisas, a integração financeira de países periféricos e a volatilidade de câmbio e juros. 2008. Dissertação (Mestrado)– Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia, Campinas, 2008.
ROSSI, P. L. Taxa de câmbio no Brasil: dinâmicas da especulação e da arbitragem. 2012. Tese (Doutorado)–Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Economia, Campinas, 2012.
SHULMEISTER, S. Currency speculation and dollar fluctuations. Banca Nazionale del Lavoro, Quarterly Review, 167, p. 343-365, 1988.
THÉRET, B. La monnaie au prisme de ses crises d’hier et d’aujourd’hui. In: THERET, B. (Org.). La monnaie dévoilée par ses crises. Paris: Edition de l’EHESS, 2007. v. 1.
TOVAR, C. E. International government debt denominated in local currency: recent developments in Latin America. BIS Quarterly Review, Basle, Bank for International Settlements, p. 109-118, Dec. 2005.
O periódico Economia e Sociedade disponibiliza todos os conteúdos em acesso aberto, através da plataforma SciELO, e usa uma licença aberta para preservar a integridade dos direitos autorais dos artigos em ambiente de acesso aberto.
O periódico adotou até Abril/2015 a licença Creative Commons do tipo BY-NC. A partir de Maio/2015 a licença em uso é do tipo Atribuição 4.0 Internacional (CC BY 4.0), disponível no seguinte link: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt
Autores são integralmente responsáveis pelo conteúdo e informações apresentadas em seus manuscritos.
O periódico Economia e Sociedade encoraja os Autores a autoarquivar seus manuscritos aceitos, publicando-os em blogs pessoais, repositórios institucionais e mídias sociais acadêmicas, bem como postando-os em suas mídias sociais pessoais, desde que seja incluída a citação completa à versão do website da revista.