Banner Portal
Regulação social e acumulação por espoliação – reflexão sobre a essencialidade das teses da financeirização e da natureza do Estado na caracterização do capitalismo contemporâneo
PDF

Palavras-chave

Acumulação por espoliação. Regulação social. Capitalismo contemporâneo

Como Citar

ALMEIDA FILHO, Niemeyer; PAULANI, Leda Maria. Regulação social e acumulação por espoliação – reflexão sobre a essencialidade das teses da financeirização e da natureza do Estado na caracterização do capitalismo contemporâneo. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 20, n. 2, p. 243–272, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8642348. Acesso em: 17 jul. 2024.

Resumo

O artigo estrutura-se a partir da interpretação da natureza do capitalismo contemporâneo de David Harvey, particularmente de sua proposição de que esta natureza é essencialmente espoliadora. Esta proposição é confrontada e qualificada pelas teses da financeirização expressas na contribuição de François Chesnais. Daí em diante, mostra-se como a discussão do Estado, de sua forma de operação, sobretudo de suas funções de regulação social, introduz elementos essenciais do “campo político” na caracterização do capitalismo contemporâneo. Neste particular, incorporam-se elementos teóricos de Joachim Hirsch, relativos ao processo de regulação social, mostrando que, para ele, há um “sistema de regulação social” diversificado, que torna o tema da regulação bem mais complexo do que usualmente se reconhece. O artigo busca, assim, mostrar que a associação entre as teses da regulação social e da acumulação por espoliação pode ampliar o escopo de caracterização do processo social de reprodução no capitalismo de hoje, bem como a análise de suas condições de superar as crises.

Abstract 

The article is structured from David Harvey`s interpretation of the nature of contemporary capitalism, particularly his proposal that this nature is essentially predatory. This proposition is confronted and qualified by the theses of financialization expressed in the contribution by François Chesnais. Thereafter it is shown how the discussion of the State, its mode of operation, especially its functions of social regulation, introduces key elements of “politics fields” in the characterization of contemporary capitalism. In doing so, there is an incorporation of theoretical elements of Joachim Hirsch, concerning the process of social regulation, showing that for him there is a “system of social regulation” diversified, which makes the issue of regulation more complex than usually recognized. The article thus seeks to show that the association between the theories of social regulation and accumulation by dispossession can broaden the scope of characterizing the process of social reproduction in capitalism today, as well as the analysis of their conditions to overcome the crisis.

Keywords: Accumulation by spoliation. social regulation. contemporary capitalism

PDF

Referências

AGAMBEN, G. Estado de exceção. São Paulo: Boitempo, 2004.

AGAMBEN, G. Le capitalisme de demain. Notes de la Fondation Saint-Simon. Nov. 2004.

AGAMBEN, G. La fin des devises clés. Paris: La Decouverte, 1986.

AGAMBEN, G; ORLEANS, A.; OUDIZ, G. Contraintes de change et regulations macroéconomiques nationales. Recherches Economiques de Louvain, v. 46, n. 3, p. 175- 206, set. 1980.

ARENTI, W. L. Teorias da regulação capitalista, objeto e método: além do economicismo, estruturalismo e funcionalismo. Textos de Economia, Florianópolis, v. 9, n. 1, p. 38-60, jan./jun. 2006.

AUGUSTO, A. G. Fundamentos metodológicos da abordagem da regulação: origem histórica e questões fundadoras. Ensaios FEE, Porto Alegre. v. 25, n. 2, p. 427-442, out. 2004.

BERCOVICI, G. Constituição e Estado de exceção permanente – A atualidade de Weimar. São Paulo: Azougue Editorial, 2004.

BOYER, R. A teoria da regulação – uma análise crítica. São Paulo: Nobel, [1986] 1990.

BOYER, R. Formes d’organisation implicites à la théorie générale. Une interprétation de l’essor puis de la crise des politiques économiques keynésiennes. In: BARRÉRE, A. (Ed.). Keynes aujourd’hui: théories et politiques. Paris: Economica, 1985. p. 541-559.

BRAGA, J. C. de S. Temporalidade da riqueza – Uma contribuição à teoria da dinâmica capitalista. Tese (Doutorado)–Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas, 1985.

BRAGA, J. C. A financeirização da riqueza – a macroestrutura financeira e a nova dinâmica dos capitalismos centrais. Economia e Sociedade, Campinas, n. 2, 1993.

BRENNER, R. The economics of global turbulence: a special report on the world economy 1950-1998. New Left Review, n. 229, May 1998.

BRENNER, R. O boom e a bolha. Rio de Janeiro: Record, [2002] 2003.

BRUNO, M. A. P. Crescimento econômico, mudanças estruturais e distribuição: as transformações do regime de acumulação no Brasil. Tese (Doutorado)–Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, 2005.

CARNOY, M. Estado e teoria política. 2. ed. Campinas: Papirus, [1984] 1988.

CEPAL. Globalização e desenvolvimento. Santiago: 2002.

CHESNAIS, F. Mundialização financeira e vulnerabilidade sistêmica. In: CHESNAIS, F. (Org.). A mundialização financeira. São Paulo: Xamã, 1998.

CHESNAIS, F. O capital portador de juros: acumulação, internacionalização, efeitos econômicos e políticos. In: CHESNAIS, F. (Org.). Finança mundializada. São Paulo: Boitempo, 2005.

CONCEIÇÃO, O. A. C. Crise e regulação: metamorfose restauradora da reprodução capitalista. Ensaios FEE, Porto Alegre. v. 8, n. 1, p. 155-74, 1987.

CONCEIÇÃO, O. A. C. Instituições, crescimento e mudança na ótica institucionalista. 1. ed. Porto Alegre: Fundação de Economia e Estatística, 2002. 228p.

FARIA, L. A. E. A economia política, seu método e a teoria da regulação. Ensaios FEE, Porto Alegre . v. 13, n. 1, p. 268-290, 1992.

FARIA, L. A. E. As formas institucionais da estrutura: do micro ao macro na Teoria da Regulação. Ensaios FEE, Porto Alegre.v. 22, n. 1, p. 187-204, 2001.

GRAMSCI, A. Cadernos do Cárcere. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. 6v.

HARVEY, D. Spaces of capital: towards a critical geography. New York: Routledge, 2001.

HARVEY, D. O novo imperialismo. São Paulo: Edições Loyola, 2004.

HARVEY, D. Limits to capital. London: Verso, [1982] 2006.

HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, [1989]1992.

HIRSCH, J. Forma política, instituições políticas e Estado. Crítica Marxista, n. 24 / 25 (publicado em duas partes), p. 9-36 e p. 47-73. [1994] 2007.

HIRSCH, J. The State apparatus and social reproduction: elements of a theory of the bourgeois State. In: HOLLOWAY, J.; PICCIOTTO, S. State and capital: a Marxist debate. London: Edward Arnold (publishers) Ltd., 1978. p. 57-107.

HOLLOWAY, J.; PICCIOTTO, S. State and capital: a Marxist debate. London: Edward Arnold (publishers) Ltd., 1978.

JESSOP, B. Regulation theory in retrospect and prospect. Economy and Society. Abingdon/UK, v. 19, n. 2, p. 153-216, 1990.

LIPIETZ, A. Crise et inflation, pourquoi? Paris: Maspero, 1979.

LIPIETZ, A. Le monde enchanté. De la valeur à l’envol inflacioniste. Paris: La DecouverteMaspero, 1983.

LUXEMBURGO, R. Acumulação de capital. São Paulo: Abril Cultural, 1985.

MIZRUCHI, M. S. Berle and Means revisited: the governance and power of large U.S. corporations. University of Michigan, Apr. 2004. Disponível em: <http://wwwpersonal.umich.edu/~mizruchi/tsweb.pdf>. Acesso em: 2004.

O’CONNOR, J. The fiscal crisis of the State. New York: St. Martin Press, 1973.

OFFE, C. Problemas estruturais do Estado capitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

PAULANI, L. M. Brasil delivery. São Paulo: Boitempo, 2008.

POSTONE, M. Teorizando o mundo contemporâneo: Robert Brenner, Giovanni Arrighi, David Harvey. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, n. 81, jul. 2008.

PRADO, E. F. S. Desmedida do valor. São Paulo: Xamã, 2005.

A Economia e Sociedade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.