Banner Portal
Desafios da regulamentação ante a dinâmica concorrencial bancária: uma perspectiva pós-keynesiana
PDF

Palavras-chave

Regulamentação bancária. Concorrência bancária. Inovação financeira. Prestamista em última instância. Teoria pós-keynesiana

Como Citar

FREITAS, Maria Cristina Penido. Desafios da regulamentação ante a dinâmica concorrencial bancária: uma perspectiva pós-keynesiana. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 19, n. 2, p. 233–255, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8642687. Acesso em: 24 abr. 2024.

Resumo

O objetivo desse artigo é discutir, a partir do referencial pós-keynesiano, os desafios da regulamentação prudencial ante a dinâmica concorrencial dos bancos. Submetidos à lógica implacável da valorização da riqueza em um mundo de incerteza e irreversibilidade, essas instituições-chave do sistema de pagamento e crédito buscam contornar os limites fixados pela regulamentação e tendem a assumir riscos que ampliam sua instabilidade intrínseca. Para evitar a ocorrência de situações que os obrigue a atuar como prestamista em última instância, os bancos centrais procuram limitar o espaço da concorrência bancária mediante a regulamentação prudencial. Porém, continuamente os bancos procuram desenvolver novas práticas e instrumentos que lhes permite contornar as exigências regulatórias. Existe assim uma tensão contínua entre o processo competitivo inovador dos bancos (e de outras instituições financeiras) e a necessidade de aperfeiçoamento da regulamentação. Esse desafio tornou-se ainda maior no contexto atual de globalização e integração dos mercados e de notável avanço tecnológico que permite o desenvolvimento de novos produtos financeiros a partir de sofisticadas e complexas técnicas de engenharia financeira, cujos riscos subjacentes são de difícil avaliação.

Abstract

Keynesian perspective The purpose of this article is to discuss from a Post Keynesian perspective the challenges of prudential regulation for the dynamics of bank competition. These key institutions of the payment and credit system are submitted to the irresistible logic of increased wealth in a world of uncertainty and irreversibility. In this context, they tend to assume risks that increase their inherent instability. Central banks, seeking to avoid becoming the lender of last resort, have attempted to limit the space for bank competition through prudential regulation. However, banks have continued to develop new practices and instruments allowing them to circumvent such regulatory requirements. A continuous tension thus emerges between the innovative competitive process of the banks and the need to perfect regulation. This challenge has grown further in the current context of globalization and market integration and also of notable technological advances that allow for the development of new financial products based on sophisticated and complex financial engineering, whose side effects are difficult to predict

Key words: Banking regulation. Banking competition. Financial innovations. Lender of last resort. Post Keynesian economics

PDF

Referências

AGLIETTA, Michel. Macroéconomie financière. Paris: Editions La Découverte, 1995.

ALMEIDA, Júlio S. G. de; FREITAS, M. Cristina P. A regulamentação do sistema financeiro. Campinas: Unicamp. IE, 1998. (Texto para Discussão, n. 62).

BOYER, Robert; DRACHE, Daniel (Ed.). States against markets: the limits of globalization. London: Routledge, 1996.

BRÖKER, G. Competition in banking. Paris: OECD, 1989.

CARVALHO, Fernando Cardim. Inovação financeira e regulamentação prudencial: da regulação de liquidez aos Acordos de Basileia. In: SOBREIRA, Rogério (Org.). Regulação financeira e bancária. São Paulo: Editora Atlas, 2005. p. 121-139.

CARVALHO, Fernando Cardim. Sobre a centralidade da teoria da preferência pela liquidez na macroeconomia pós-keynesiana. Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 17, n. 2, p. 42-77, 1996.

CARVALHO, Fernando Cardim. Sobre a endogenia da moeda: réplica ao professor Nogueira da Costa. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 114-121, jul./set. 1993.

CARVALHO, Fernando Cardim. Moeda, produção e acumulação: uma perspectiva pós-keynesiana. In: SILVA, Maria Luiza F. da (Org.). Moeda e produção: teorias comparadas. Brasília: Universidade de Brasília, 1992. p. 163-191.

CARVALHO, Fernando Cardim. Fundamentos da escola pós-keynesiana. In: AMADEO, Edward (Org.). Ensaios sobre economia política moderna: teoria e história do pensamento econômico. São Paulo: Editora Marco Zero, 1989. p. 179-194.

CHESNAIS, François (Coord.). La mondialisation financière: genèse, coût et enjeux. Paris: Syros, 1996.

CHICK, Victoria. On money, method and Keynes: selected essays. London: St. Martin Press, 1992.

CHICK, Victoria. The evolution of the banking system and the theory of monetary policy. London: University College London, 1988. Mimeografado.

CHICK, Victoria. The evolution of the banking system and the theory of saving, investment and interest. Economies et Sociétés, Grenoble, p. 111-1126, Août/Sept. 1986. (Série Monnaie et Production, n. 3).

CINTRA, Marcos A. M. As transformações na estrutura do sistema financeiro dos Estados Unidos: a montagem de um novo regime monetário-financeiro (1980-1995). Tese (Doutorado em Economia)–Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997.

DAVIDSON, Paul. Money and real world. London: MacMillan, 1978.

DOW, Sheila. Money and the economic process. Aldershot: Edward Elgar Publishing Company, 1993.

DOW, Sheila. Macroeconomic thought: a methodological approach. Oxford: Basil Blackwell, 1985.

FREITAS, M. Cristina P. de. A evolução dos bancos centrais e seus desafios no contexto da globalização financeira. Estudos Econômicos, São Paulo: Fipe-USP, v. 30, n. 3, p. 397- 417, jul./set. 2000.

FREITAS, M. A natureza particular da concorrência bancária e seus efeitos sobre a estabilidade financeira. Economia e Sociedade, Campinas, Unicamp, Instituto de Economia, n. 8, p. 51-83, jun. 1997.

FREITAS, M. Concurrence bancaire, spéculation et instabilité financière: une lecture hétérodoxe de l'évolution récente du système financier international. Thèse (Doctorat en Sciences Economiques)–Villetaneuse, Université de Paris 13, 1997.

GOODHART, Charles E. (Ed.). The Central banking and financial system. London: Macmillan, 1995.

GUTTMANN, Robert. How credit-money shapes the economy: the United States in a global economy. Armonk: M.E. Sharpe, 1994.

KALDOR, Nicholas. Speculation and economic stability. In: KALDOR, Nicholas. Essays on economic stability and growth. London: Gerald Duckworth & Co. Ltd., 1960. (Publicado originalmente em 1939).

KEYNES, John M. The general theory of employment, interest and money. London: Macmillan. Royal Economic Society, 1973. (The Collected Writings of John Maynard Keynes, vol. VII). (Publicado originalmente em 1936).

KEYNES, John M. A monetary theory of production. In: MOGGRIDGE (Ed.). The general theory and after (part I Preparation). London: Macmillan, Royal Economic Society, 1974. (The Collected Writings of John Maynard Keynes, vol. XIII). (Publicado originalmente em 1933).

KEYNES, John M. The distinction between a co-operative economy and an entrepreneur economy. In: MOGGRIDGE (Ed.). The general theory and after (A supplement). London: Macmillan, Royal Economic Society, 1979. (The Collected Writings of John Maynard Keynes, vol. XXIX), (Publicado originalmente em 1933).

KEYNES, John M. The consequences to the banks of the collapse of money value. In: KEYNES, John M.. Essays in persuasion. London: Macmillan/Royal Economic Society (The Collected Writings of John Maynard Keynes, vol. IX), 1973. (Publicado originalmente em 1931).

KEYNES, John M. Treatise on money. London: Macmillan/Royal Economic Society, 1971. (The Collected Writings of John Maynard Keynes, vol. V & VI) (Publicado originalmente em 1930).

KREGEL, Jan. Minsky’s cushions of safety: Systemic risk and the crisis in the U.S. subprime mortgage market. Public Policy Brief, The Levy Economics Institute of Bard College, n. 93, Jan. 2008. Disponível em: http://www.levy.edu.

KEYNES, John M. The natural instability of financial markets. The Levy Economic Institute of Bard College, Dec. 2007. (Working Paper, n. 523). Disponível em: http://www.levy.org.

KEYNES, John M. O novo Acordo de Basileia pode ser bem-sucedido naquilo que o Acordo original fracassou. In: MENDONÇA, Ana Rosa R. de; ANDRADE, Rogério P. (Org.). Regulação bancária e dinâmica financeira: evolução e perspectivas a partir dos Acordos de Basileia. Campinas: CERI-IE-Unicamp, 2006. p. 25-37.

MINSKY, Hyman. Stabilizing an unstable economy. New Haven: Yale University Press, 1986.

MINSKY, Hyman. Financial innovation and financial instability: observations and theory. In: THE FEDERAL Reserve Bank of St. Louis. Financial innovations: their impact on monetary policy and financial markets. Boston: Kluwer-Mighoff, 1984. p. 21-41.

MINSKY, Hyman. Can 'it' happen again? Essays on instability and finance. Armok, New York: NIGGLE, Christopher. The evolution of money, financial institutions and monetary economics. Journal of Economic Issues, v. XXIC, n. 2, p. 443-450, Jun. 1990.

PESTON, Robert. Transcript of interview with Mervyn King, the Governor of the Bank of England. BBC Business, 6 nov. 2007. Disponível em: http://news.bbc.co.uk.

POLANYI, Karl. A grande transformação. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1980. (Tradução brasileira do original em inglês publicado em 1944).

STUDART, Rogério. Financial repression and economic development: toward a post Keynesian alternative. Review of Political Economy, v. 5, n. 3, p. 277-298, Jul., 1993.

TOBIN, James. Commercial banking as creators of money. In: TOBIN, James. Essays on Economics, 1982. v. 1. (Publicado originalmente em 1963).

WRAY, L. Randall. Basileia II e a estabilidade financeira: uma abordagem minskyana. In: MENDONÇA, Ana Rosa R. de; ANDRADE, Rogério P. (Org.). Regulação bancária e dinâmic financeira: evolução e perspectivas a partir dos Acordos de Basileia. Campinas: CERI-IE-Unicamp, 2006. p. 145-175. M.E. Sharp, 1982.

A Economia e Sociedade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.