Banner Portal
As aporias do liberalismo periférico: comentários à luz dos governos Dutra (1946-1950) e Cardoso (1994-2002)
PDF

Palavras-chave

Estratégias de desenvolvimento. Crises cambiais. Regimes de comércio exterior. Substituição de importações. Consenso de Washington

Como Citar

BASTOS, Pedro Paulo Zahluth. As aporias do liberalismo periférico: comentários à luz dos governos Dutra (1946-1950) e Cardoso (1994-2002). Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 12, n. 2, p. 245–274, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643067. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

O artigo analisa a experiência de liberalização comercial dos governos Dutra (1946-1950) e Cardoso (1995-2002), avaliando o processo decisório da política econômica para mostrar que crises cambiais levaram os governos, de uma forma ou outra, a substituir prioridades definidas inicialmente e revalorizar a substituição de importações, ao contrário de narrativas liberais que enfatizam restrições não-econômicas (políticas e ideológicas) à consolidação de estratégias liberais na América Latina. Estas narrativas desconsideram, de um lado, assimetrias internacionais e, em particular, o impacto da fragilidade financeira externa para reduzir graus de liberdade na gestão da política de importações de maneira contrária àquela desejada pelos governos liberais em questão; de outro, que restrições à intervenção estatal limitaram a resposta local à crise cambial em um sentido diferente daquele verificado nas estratégias de desenvolvimento do sudeste asiático.

Abstract

The paper studies the experience of commercial liberalization during governments Dutra (1946) and Cardoso (1995-2002) in Brazil, analyzing the evolution of its economic policy decision-making to show how exchange crisis induced these governments, in a way or another, to revert from initial priorities in order to revaluate import substitution, quite contrary to neo-liberal explanations which emphasize non-economic restrictions (political and ideological ones) that presumably hindered market-friendly and outward economic strategies in Latin America. These neo-liberal explanations tend to disregard 1) international hierarchies and, in particular, the impact of external financial fragility to reduce degrees of autonomy in import policy, again quite contrary to aspirations of the governments in question; and 2) restrictions to state policy that limited local reactions to exchange crisis in a different way here than at some development strategies in Southeast Asia.

Key words: Development strategies. Exchange crisis. Foreign trade regimes. Import substitution. Washington Consensus

PDF

Referências

EUG: Arquivo Eugênio Gudin: CPDOC-FGV.

GV: Arquivo Getúlio Vargas: CPDOC-FGV.

SC: Arquivo Souza Costa: CPDOC-FGV.

ABREU, M. P. JK, sebastianismo e mito. O Estado de São Paulo,16 set. 2002.

AMARAL, S. Entrevista. Folha de São Paulo, 2 set. 2001.

AMSDEN, A. Asia’s next giant. New York: Oxford University Press, 1989.

ANDREI, C. O Plano Real e o desempenho da inflação nos primeiros quatro anos. In: IESP-FUNDAP. Gestão estatal no Brasil: armadilhas da estabilização (1995-1998). São Paulo, 2000.

BACHA, E. Plano Real: uma avaliação. Artigo preparado para o Fishlow Festschrift, 1997.

BALASSA, B. The newly industrialized countries in the world economy. Oxford: Pergamon Press, 1981.

________. Development strategies and economic performance: a comparative analysis of eleven semi-industrial countries. In: ________ et al. Development strategies in semiindustrial countries. Baltimore: John Hopkins UP, 1982.

________. Inward vs. outward orientation once again. The World Economy, v. 6, n. 2, 1983.

________, WILLIAMSON. Adjusting to success: balance of payments policy in the East Asia NICs. Washington: IIE, 1987.

BARROS, J. M., GOLDENSTEIN, L. Avaliação do processo de reestruturação industrial brasileiro. Revista de Economia Política, v. 17, n. 2, jan./mar. 1997.

BASTOS, P. P. Z. A dependência em progresso: fragilidade financeira, vulnerabilidade comercial e crises cambiais no Brasil (1890-1954). Campinas: Unicamp. IE, 2001. (Tese, Doutorado).

BASTOS, P. P. Z. O presidente desiludido: pêndulo de política econômica no governo Dutra (1946-1951). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA ECONÔMICA – ABPHE, 5, 2003, Caxambu. Anais...

BCB. Nota para a Imprensa (13 jan. 1999): Mudança na política cambial. Brasília, 1999.

________. Sumário dos planos brasileiros de estabilização e glossário dos instrumentos e normas relacionados à política econômico-financeira. Brasília, 2002.

________. Relatório Anual 2002. Boletim do Banco Central do Brasil, v. 38. Brasília, 2003.

BELLUZZO, L. G. O declínio de Bretton Woods e a emergência dos mercados globalizados. Economia e Sociedade, Campinas, n. 4, jun. 1995.

________, ALMEIDA, J. S. Depois da queda: a economia brasileira da crise da dívida aos impasses do Real. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

BHAGWATI, J. N. Foreign trade regimes. In:________ (Ed.). Dependence and interdependency. Oxford: Basil Blackwell, 1985.

BIELSCHOWSKY, R. (1985). Pensamento econômico brasileiro: o ciclo ideológico do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1988.

________. Adjusting for survival: domestic and foreign manufacturing firms in Brazil in the early 1990s. In: ESTUDO da Competitividade da Indústria Brasileira. Campinas: Unicamp. IE, 1993.

CAMPOS, R. O. A lanterna na popa: memórias. Rio de Janeiro: Topbooks, 1994.

CARDOSO, F. H. Prefácio. In: FRANCO, G. O Plano Real e outros ensaios. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.

________. Entrevista. Folha de São Paulo, 20 fev. 1999.

________. Entrevista. Folha de São Paulo, 19 dez. 2002.

CARNEIRO, R. Desenvolvimento em crise: a economia brasileira no último quarto do século XX. São Paulo: Ed. Unesp/Campinas: Unicamp. IE, 2002.

CARONE, E. O Estado Novo (l937-1945). São Paulo: Editora DIFEL, 1976.

________. O pensamento industrial no Brasil (1880-1945). São Paulo: DIFEL, 1977.

CORSI, F. L.. Os rumos da economia brasileira no final do Estado Novo (1942-45). Campinas: Unicamp, 1991.

________. (1997). Estado Novo: política externa e projeto nacional. São Paulo: Unesp, 2000.

CRUZ, S. V. (1992). Estado e economia em tempo de crise: política industrial e transição política nos anos 80. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1997.

DINIZ, E. Empresário, Estado e capitalismo no Brasil (l930-1945). Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1978.

DOELLINGER , C. (Org.). A controvérsia do planejamento na economia brasileira. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1977.

DRAIBE, S. M. (1980). Rumos e metamorfoses – Estado e industrialização no Brasil, 1930-1960. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra, 1985.

DUTRA, E. G. (1947-1950). Mensagem apresentada ao Congresso Nacional. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, vários anos (1947-1950).

________. O Governo Dutra: discursos. Seleção de J. T. Oliveira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1956.

FILGUEIRAS, L. A. M. História do Plano Real: fundamentos, impactos e contradições São Paulo: Boitempo, 2000.

FRANCO, G. O Plano Real e outros ensaios. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995.

________. (1996). A inserção externa e o desenvolvimento. In: ________. O desafio brasileiro: ensaios sobre desenvolvimento, globalização e moeda. São Paulo: Ed. 34, 1999.

________. O desafio brasileiro: ensaios sobre desenvolvimento, globalização e moeda. São Paulo: Ed. 34, 1999.

________. Sobre o complexo eletrônico. O Estado de São Paulo, 19 nov. 2000.

________. Sete anos de Plano Real. Veja, 4 jul. 2001.

________. Eu quero ser Juscelino Kubitschek. Veja, 24 abr. 2002.

FREITAS, M. C. P., PRATES, D. M. A abertura financeira no governo FHC: impactos e conseqüências. Economia e Sociedade, n. 17, dez. 2001.

GUDIN, E. Inflação e economia de guerra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1944.

________. Ensaios sobre problemas econômicos da atualidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1945.

________. (1945). Rumos da política econômica. In: SIMONSEN, R., GUDIN, E. A controvérsia do planejamento na economia brasileira. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1977. p. 41-141.

________. (1945). Carta à Comissão de Planejamento. In: SIMONSEN, R., GUDIN, E.

A controvérsia do planejamento na economia brasileira. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1977. p. 219-235.

HELLEINER, E. (1994). States and the reemergence of global finance: from Bretton Woods to the 1990’s. Ithaca: Cornell University Press, 1996.

HOLANDA, F. M. Inserção externa, liberalização e estabilização: a experiência de liberalização comercial no Brasil na década de 1990. Campinas: Unicamp. IE, 1997. (Dissertação, Mestrado).

IEDI. Quem reagiu à mudança da política cambial? Carta IEDI, São Paulo, n. 29, 2002a.

________. A substituição ‘fácil’ de importações acabou. Carta IEDI, São Paulo, n. 26, 2002b.

________. A dependência externa está intacta. Carta IEDI, São Paulo, n. 31, 2002c.

IEDI. A balança comercial de bens industriais após a mudança da política cambial de 1999. São Paulo: IEDI, 2002d.

________. As importações no período 1995-2002. São Paulo: IEDI, 2002e.

________. Estimativas do setor externo no suposto superávit comercial crescente. São Paulo: IEDI, 2002f.

________. Os gargalos da indústria. Carta IEDI, São Paulo, n. 44, mar. 2003.

KRUEGER, A. The experience and lessons of Asia’s super exporters. In CORBO et al.

(Org.). Export-oriented development strategies. Boulder: Westview Press, 1985.

LAGO, P. C. A SUMOC como embrião do Banco Central: sua influência na condução da política econômica, 1964/1965. Rio de Janeiro: PUC, 1982.

LAPLANE, M., SARTI, F. Investimento direto estrangeiro e a retomada do crescimento sustentado nos anos 90. Economia e Sociedade, Campinas, n. 8, jun. 1997.

LESSA, C. A estratégia de desenvolvimento: sonho e fracasso (1974-1976). Campinas: Unicamp. IE, 1978.

MALAN, P. Foreign exchange-constraint growth in a semi-industrialized economy: aspects of the Brazilian experience, 1946-76. Berkeley: University of California, 1976. (Ph. D).

________ et al. Política econômica externa e industrialização no Brasil (1939/52). Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1977.

________. Relações econômicas internacionais no Brasil (1945-1964). In: FAUSTO, B. (Org.). HGCB. São Paulo: Difel, 1984. tomo III, v. IV.

MARGARIDO, S. P. Fluxos de capitais para a economia brasileira na primeira metade da década de 90: construção de novos vínculos financeiros externos e emergência de novos riscos. Campinas: Unicamp. IE, 1997. (Dissertação, Mestrado).

MDIC. Medidas de estímulo às exportações. 25 out. 2002. Disponível na Internet: .

FRANCO, V. M. A campanha da UDN. Rio de Janeiro: Z. Valverde, 1946.

MIRANDA, J. C. Abertura comercial, reestruturação industrial e exportações brasileiras na década de 1990. Brasília: IPEA, out. 2001. (Texto para discussão, n. 829).

OLIVEIRA, G. Brasil Real: desafios da pós-estabilização na virada do milênio. São Paulo: Mandarim, 1996.

PAULA, L. F., FERRARI-FILHO, F. The legacy of the Real Plan and an alternative agenda for the Brazilian economy. Investigación Económica, v. LXII, n. 244, p. 57-92, abr./jun. 2003.

PINTO, C. FHC, Marx e Franco. Folha de São Paulo, 15 set. 1996.

PIRES DO RIO, J. A moeda brasileira e seu perene caráter fiduciário. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1947.

PRATES, D. M. Abertura financeira e vulnerabilidade externa. In: DIESP. Armadilhas da estabilização 1995-1998. São Paulo: Fundap, 2000.

PRATES, D. M., CINTRA, M. A. M., FREITAS, M. C. P. O papel desempenhado pelo BNDES e diferentes iniciativas de expansão do financiamento de longo prazo no Brasil dos anos 90. Economia e Sociedade, Campinas, n. 15, dez. 2000.

RANIS, G., ORROCK, L. Latin America and East Asia NICs: development strategies compared. In: DURÁN (Ed.). Latin America and the world recession. Cambridge: CUP, 1985.

RESENDE, A. L. Duas leituras. Folha de São Paulo, 17 set. 1996.

SAFATLE, C. Presidente endossa as teses do BC sobre valorização da taxa cambial. Jornal do Brasil, 10 set. 1996.

SAMPAIO, F., NARETTO, N. Atividade produtiva e inserção externa no contexto da estabilização e da abertura. In: DIESP. Armadilhas da estabilização 1995-1998. São Paulo: Fundap, 2000.

SARTI, F., LAPLANE, M. Investimento direto estrangeiro e a internacionalização da economia brasileira nos anos 1990. Economia e Sociedade, Campinas, n. 18, jun. 2002.

SERRA, J. Aníbal Pinto e o desenvolvimento latino-americano. Economia e Sociedade, Campinas, n. 10, jun. 1998. (Republicado na Folha de São Paulo, 22 nov. 1998).

SIMONSEN, R. (1943). Discurso na inauguração do CNPIC. In: MINISTÉRIO do Trabalho, Indústria e Comércio. Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1944. p. 37-41.

________. (1943). Alguns aspectos da política econômica mais conveniente no período após-guerra. In: SIMONSEN, R. (Ed. Edgar Carone). Evolução industrial do Brasil e outros estudos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1973.

________. (1944). A planificação da economia brasileira. In: SIMONSEN, R., GUDIN, E. A controvérsia do planejamento na economia brasileira. Rio de Janeiro: IPEA/ INPES, 1977. p. 21-40.

________. (1945). O planejamento da economia brasileira. In: SIMONSEN, R., GUDIN, E. A controvérsia do planejamento na economia brasileira. Rio de Janeiro: IPEA/ INPES, 1977. p. 143-207.

________. (1947). Devem pleitear as nações latino-americanas sejam atendidas, no Plano Marshall, as suas aspirações. In: SIMONSEN, R. (Ed. Edgar Carone). Evolução industrial do Brasil e outros estudos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1973.

SOARES, P. Malan defende substituição de importações. Folha de São Paulo, 30 nov. 2001.

SOLA, L. (1982). The political and ideological constraints to economic management in Brazil: 1945-1963. University of Oxford, 1982. (Ph. D). (Em português: Idéias econômicas e decisões políticas. São Paulo: EDUSP, 1998).

TAVARES, M. C. (1963). Auge e declínio do processo de substituição de importações no Brasil. In: ________. Da substituição de importações ao capitalismo financeiro: ensaios sobre a economia brasileira. Rio de Janeiro: Zahar, 1972.

VIANNA, S. B. (1985). A política econômica no segundo governo Vargas (1951 – 1954). Rio de Janeiro: BNDES, 1987.

________. (1990). Política econômica externa e industrialização: 1946-51. In: ABREU, M. P. (Org.). A ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana 1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

WADE, R. Economic theory and the role of government in East Asian industrialization. Princeton: Princeton University Press, 1990.

WEISS, L. The myth of the powerless state: governing the economy in a global era. Cambridge: Polity Press, 1998.

WILLIAMSON, J. (Ed.). Latin American adjustment: how much has happened? Washington: Institute for International Economics, 1990.

ZANINI, F. Substituição de importações retorna com nova roupagem: debate eleitoral ‘ressuscita’ termo banido na era Malan. Folha de São Paulo, 11 fev. 2002.

A Economia e Sociedade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.