Resumo
Este artigo tem o objetivo de analisar as principais características dos Estados de Bem-Estar Social da Europa Ocidental, bem como as principais diferenças existentes entre eles. Esses arranjos devem ser entendidos como uma dentre as formas possíveis de sistemas de proteção social e que se caracteriza pelo fato de que o Estado assume um papel mais contundente no atendimento das necessidades fundamentais dos indivíduos relativamente às demais formas de provisão, como o mercado e a família. Esses arranjos se diferenciam em função do perfil das políticas públicas, em geral, e das políticas econômica e social, em particular. Esse perfil é determinado pelo processo de interação entre grupos com diferentes preferências e com diferentes capacidades de impor essas preferências sobre os demais em determinadas circunstâncias históricas. Os regimes estudados mostram que arranjos mais sofisticados são mais factíveis e resilientes em sociedades menos heterogêneas, isto é, com clivagens menores do ponto de vista material e imaterial. Concluiu-se que os países da Europa Ocidental cujas políticas públicas são caracterizadas por uma política social preventiva, bem como por uma maior articulação dessa política com a política econômica, com maior grau de autonomia para se ajustar às exigências de cada situação, estão mais bem preparados que os demais para assegurar a proteção da dignidade humana diante dos desafios impostos pelo capitalismo contemporâneo.
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