Resumo
A ampla e densa agenda de pesquisa elaborada por Wilson Cano permitiu-lhe estabelecer estreito diálogo com pesquisadores, professores, especialistas, políticos e outros interessados nos problemas que perpassavam a questão regional no Brasil. A contribuição dele foi decisiva, por exemplo, na investigação da tese do imperialismo paulista, que vocalizava uma reação regionalista, em particular nordestina, às contradições provocadas pela insuficiência dinâmica das economias regionais, quando cotejadas à economia de São Paulo. Empregando o método histórico-estrutural e outros traços distintivos próprios aos estudos de Wilson Cano, objetiva-se ilustrar como ele colaborou para a explanação do falso problema que revestiu a referida tese. Argumenta-se que esse enquadramento analítico é um legado segundo o qual se torna possível elucidar aspectos que emergiram da evolução das interdependências que vinculam as regiões brasileiras antes e após 1980, envolvendo, em particular, o Nordeste e São Paulo.
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