Banner Portal
Pobreza no Brasil: uma perspectiva multidimensional
PDF

Palavras-chave

Pobreza. Distribuição de renda. Crescimento pró-pobre

Como Citar

KAGEYAMA, Angela; HOFFMANN, Rodolfo. Pobreza no Brasil: uma perspectiva multidimensional. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 15, n. 1, p. 79–112, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8642922. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

O trabalho analisa a pobreza no Brasil no período 1992-2004 combinando a medida tradicional da extensão da pobreza baseada na renda com aspectos relativos ao bem-estar ou desenvolvimento social, contemplando assim, de forma mais abrangente, as diferentes situações da pobreza. Utilizando os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), os pobres foram classificados em três grupos, conforme ocorra essencialmente insuficiência de renda (pobre tipo I), apenas falta de acesso a pelo menos dois de três equipamentos básicos (água canalizada, banheiro e luz elétrica) (pobre tipo II), ou baixa renda combinada com a ausência dos três equipamentos básicos (extremamente pobre). Esses grupos foram descritos em comparação com a categoria dos não pobres. A pobreza de tipo I, que afeta um terço da população brasileira, tendeu a apresentar variações cíclicas, sem tendência visível de melhoria. Os outros tipos de pobreza (especialmente a extrema pobreza) parecem depender bem menos dos ciclos econômicos, pois são sempre decrescentes no período, porque estão mais relacionados com efeitos de longo prazo do desenvolvimento regional e dos investimentos em infra-estrutura. A análise da distribuição dos frutos do crescimento econômico, feita a partir da “curva de crescimento para pobres”, mostrou que, se for considerado o período 1993-2004, pode-se concluir que houve crescimento pró-pobre no Brasil como um todo, nas suas áreas urbanas e nas áreas rurais. Para qualquer grupo de relativamente pobres o crescimento da sua renda média foi maior do que o crescimento da média de toda a população, o que está necessariamente associado a uma redução na desigualdade da distribuição de renda.

Abstract 

The paper analyses poverty in Brazil from 1992 to 2004, combining the usual measure based on income with other indicators of well-being and social development, thus better capturing different poverty situations. Using data from an annual household survey (PNAD), the poor are classified in three categories: type I, when the basic deficiency is low income; type II, when the deficiency is lack of at least two of three basic facilities (piped water, bathroom, electric light); and extremely poor, when there is low income and lack of all three basic facilities. These three categories are compared with the non-poor. Type I poverty, which affects one third of Brazilian population, showed cyclical variations, with no clear tendency to decrease. The other types of poverty depend less on economic fluctuations, showing a decreasing trend, as they are more related to long run effects of regional development and infrastructural investments. Using Son’s poverty growth curve, it is shown that from 1993 to 2004 pro-poor growth took place in Brazil, both in rural and urban areas. Growth of the mean income for any group of the population classified as relatively poor was greater than growth of the mean income of total population, showing that the inequality of the Brazilian income distribution decreased from 1993 to 2004.

Key words: Poverty. Income distribution. Pro-poor growth

PDF

Referências

ABEL-SMITH, B.; TOWNSEND, P. The poor and the poorest. In: ROUCH, J.; ROUCH, J. (Ed.). Poverty – selected readings. London: Penguin Books, 1972. p.138-150.

BARROS, R. P. et al. O Índice de Desenvolvimento da Família (IDF). Rio de Janeiro: Ipea, out. 2003. 20p. (Texto para Discussão, n. 986).

________. Acesso ao trabalho e produtividade no Brasil – Implicações para crescimento, pobreza e desigualdade. Rio de Janeiro: Ipea, 2004. 187p.

BELTRÃO, K. I.; SUGAHARA, S. Infra-estrutura dos domicílios brasileiros: uma análise para o período 1981-2002. Rio de Janeiro: Ipea, mar. 2005. 67p. (Texto para Discussão, n. 1.077).

BRADSHAW, J.; FINCH, N. Overlaps in dimensions of poverty. Journal of Social Policy, Cambridge University Press, v. 32 n. 4, p. 513-525, 2003.

BUAINAIN, A. M. et al. Study on the Brazilian agriculture and the rural sector: a framework for rural development and sustainable growth. Main Report On Rural Development In Brazil, Bologna, 1999.

CORSEUIL, C. H.; FOGUEL, M. N. Uma sugestão de deflatores para rendas obtidas a partir de algumas pesquisas domiciliares do IBGE. Rio de Janeiro: Ipea, jul. 2002. 8p. (Texto para Discussão, n. 897).

DAVIS, B. et al. Hogares, pobreza y políticas en épocas de crisis – México, 1992-1996.

Revista de la CEPAL, Santiago de Chile, n. 82, p.193-215, abr. 2004.

DEDECCA, C. et al. O Censo Demográfico 2000 e a mensuração das formas de trabalho.

In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 14, set. 2004. Anais... Caxambu, MG: ABEP, 20 a 24 de set. 2004. (CD-ROM).

DEUTSCH, J.; SILBER, J. Measuring multidimensional poverty: an empirical comparison of various approaches. Review of Income and Wealth, Series 51, n. 1, p.145-174, Mar.2005.

DRÈZE, J.; SEN, A. Hunger and public action. Oxford: Clarendon Press, 1989. 373p.

GAFAR, J. Growth, inequality and poverty in selected Caribbean and Latin America countries, with emphasis on Guyana. Journal of Latin America Studies, Cambridge University Press, v. 30, p.591-617, 1998.

GARNER, T. et al. Experimental poverty measurement for the 1990s. Monthly Labor Review, v.121, n. 3, p. 39-61, Mar. 1998.

GLENNERSTER, H. United States poverty studies and poverty measurement: the past twenty-five years. The Social Service Review, The University of Chicago, v. 76 n. 1, p. 83-107, Mar. 2002.

HAGENAARS, A.; DE VOS, K. The definition and measurement of poverty. The Journal of Human Resources, v. 23, n. 2, p. 211-221, Spring 1988.

HOFFMANN, R. A subdeclaração dos rendimentos. São Paulo em Perspectiva, Fundação SEADE, v. 2 n. 1, p. 50-54, jan./mar. 1988.

HOFFMANN, R. Distribuição de renda – Medidas de desigualdade e pobreza. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1998a. 275p.

________. Pobreza e desnutrição de crianças no Brasil: diferenças regionais e entre áreas urbanas e rurais. Economia Aplicada, v. 2, n. 2, p. 299-315, abr./jun. 1998b.

________; KAGEYAMA, A. A trajetória da pobreza no Brasil, 1992-2004. Campinas: Instituto de Economia da Unicamp, 2006. (Relatório de Pesquisa não publicado).

KAGEYAMA, A.; HOFFMANN, R. Pobreza rural no Brasil em 2003. In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA POLÍTICA, 10, maio 2005. Campinas, SP: Sociedade Brasileira de Economia Política, 24 a 27 de maio de 2005.

KRAAY, A. When is growth pro-poor? Evidence from a panel of countries. Journal of Development Economics, 2005. No prelo. Disponível on-line desde 01/09/2005.

LAYTE, R.; NOLAN, B.; WHELAN, C. T. Targeting poverty: lessons from monitoring Ireland’s national anti-poverty strategy. Journal of Social Policy, Cambridge University Press, v. 29, n. 4, p. 553-575, 2000.

MENCHER, S. The problem of measuring poverty. In: ROUCH, J.; ROUCH, J. (Ed.). Poverty – selected readings. London: Penguin Books, 1972. p. 71-85.

RANIS, G.; STEWART, F. Crecimiento económico y desarrollo humano en América Latina. Revista de la CEPAL, Santiago de Chile, n. 78, p. 7-24, dic. 2002.

ROCHA, S. Poverty studies in Brazil: a review. Rio de Janeiro: Ipea, 1996. 20p. (Texto para Discussão, n. 398).

________. Estimação de linhas de indigência e de pobreza: opções metodológicas no Brasil. In: DESIGUALDADE e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: Ipea, 2000a. 739p.

________. Opções metodológicas para a estimação de linhas de indigência e de pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: Ipea, 2000b. 18p. (Texto para Discussão, n. 720).

________. Pobreza no Brasil: afinal, de que se trata? Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003. 244p.

ROWNTREE, J. Poverty: a study of town life. London: Macmillan, 1901.

SEN, A. Poor, relatively speaking. Oxford Economic Papers, v. 35 n. 1, p.153-169, Mar.

________. The economics of life and death. Scientific American, p. 18-25, May 1993.

________. Sobre ética e economia. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. 143p.

SON, H. H. A note on pro-poor growth. Economic Letters, 82, p. 307-314, 2004. Disponível em: .

SOUZA, P. M. et al. Questão agrária e desenvolvimento econômico e social nas regiões norte e noroeste fluminense. Revista de Economia e Agronegócio, Viçosa, MG, v. 2 n. 3, p. 383-408, jul./set. 2004.

THE WORLD BANK. World Development Report 1990. Oxford University Press, 1990.

UNDP – United Nations Development Programme. Human Development Report 1999. New York and Oxford: Oxford University Press, 1999. 262p.

________. Human Development Report 2003. New York and Oxford: Oxford University Press, 2003. 367p.

WOLFF, E. et al. Household wealth, public consumption and economic well-being in the United States. Cambridge Journal of Economics, Oxford University Press, v .29 p. 1073- 1090, 2005.

WRIGHT, R. Standardized poverty measurement. Journal of Economic Studies, Glasgow, v. 23 n. 4, p. 3, 1996.

A Economia e Sociedade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.