Banner Portal
Linhagens historiográficas contemporâneas por uma nova síntese histórica
PDF

Palavras-chave

Historiografia. Política cultural – História. Inglaterra – História social

Como Citar

ARRUDA, José Jobson de Andrade. Linhagens historiográficas contemporâneas por uma nova síntese histórica. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 7, n. 1, p. 175–191, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643150. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

O centro nervoso deste ensaio são as múltiplas faces que a interpretação historiográfica pode assumir, motivadas sempre pelas injunções incoercíveis do próprio movimento da História. A começar pela hegemonia interpretativa inspirada no modelo criado por Fernand Braudel, nascido nos anos 50 deste século, e o poder historiográfico supremo que daí emergiu. Segue-se a ruptura do modelo braudeliano com o nascimento da Nova História nos anos 70, movimento este nitidamente atrelado ao colapso das totalidades, dos impérios, da colonização, e da emergência de pequenas racionalidades expressas nas minorias, dos negros, dos índios, das mulheres, das crianças, das opções religiosas ou das preferências sexuais, em suma, do cotidiano, uma elevação da pequena história ao estatuto da grande história. O atrelamento da História aos temas e procedimentos da antropologia é uma decorrência incontornável da Nova História, o que coloca em xeque a especificidade de seu procedimento metodológico e do acercamento de seu objeto no quadro das ciências humanas. Busca-se, finalmente, vislumbrar os cenários futuros para os destinos da História, antevendo-se a possibilidade de uma nova síntese que enlace a velha e a nova história, que seja inclusive e não excludente, que reconheça os méritos da história estrutural e da micro-história, da história econômica e da história cultural, que associe análise e descrição, conceitos e signos, ideologia e representação, razão e sensibilidade. Para tanto, a título de exercício intelectual, faz-se uma incursão nos domínios da história social inglesa da era vitoriana, mas especificamente na história social do crime, centrada nos romances policiais de Conan Doyle, para demonstrar que é possível atingir o âmago dessa sociedade a partir da literatura noir, do romance criminal, da mesma forma que se poderia fazê-lo através das máquinas ou do movimento operário, configurando-se a História como um cristal cuja lapidação revela sempre novas facetas e cujos limites são infinitos.

Abstract

This article deals with the historiography of the last five centuries. More precisely, it shows the birth of the New History in the seventies its subordination to the anthropological methods and discuss the future destination of History as a new synthesis that interlaces old and new history, economic and cultural approachs, analysis and description, reflection and narration, concepts and signs, sense and sensibility.

Key-words: Historiography. Cultural policy – History. England – Social history

PDF

Referências

ARON, R. L’histoire entre l’ethnologue et le futurologue citado por COUTAUBEGARIE, H. Le phenomene “nouvelle histoire”. Paris, 1983.

BENVENUTI, S., RIZZONI, G., LEBRUN, M. Le roman criminel. Nantes, 1979 BOWRA B. M. La imaginación romantica. Espanha, Madrid, 1972.

CARBONELL, C.-O. Antropologia, etnologia e história; la tercera generación en Francia.

In: ANDRÉS-GALLEGO, J. (Org.). New history, novelle histoire hacia una nueva historia. Madrid, 1993.

COUTAU-BEGARIE, H. Le phenomene “Nouvelle histoire”. Stratégie et idéologie des nouveaux historien. Paris, 1983.

DAVIES, N. O retorno de Martin Guère. São Paulo, 1992.

DOBB, M. A evolução do capitalismo. Rio de Janeiro, 1965.

DOSSE, F. História do estruturalismo. 2. O canto do cisne, de 1967 aos nossos dias. Campinas, 1994.

DUBY, G. Magazine Littéraire”, n. 248, 1978 citado por DOSSE, F. História do estruturalismo. 2. O canto do cisne, de 1967 aos nossos dias. Campinas, 1994.

DUMÉSIL, G. L’idéologie tripartie des indo-européens. 1967.

DUMONT, L. Homo Aequalis. 1977.

ESPINAS, G., PIRENNE, H. Recueil des documents relatifs à l’histoire de l’industrie drapière en Flandre. 1906. t. 1.

FOUCAULT, M. As palavras e as coisas. Uma arqueologia das ciências humanas. Lisboa, 1967.

GENETTE, G. Indroduction à l’architexte. 1979 citado por DOSSE, F. História do estruturalismo. 2. O canto do cisne, de 1967 aos nossos dias. Campinas, 1994.

GODELIER, M. L’idéel et le matériel. p. 21 citado por DOSSE, F. História do estruturalismo. 2. O canto do cisne, de 1967 aos nossos dias. Campinas, 1994.

GOLDMANN, L. Ciências humanas e filosofia. São Paulo, 1967.

HABERMAS, J. El discurso filosófico de la modernidad. Madrid, 1991.

HEGÈGE, C. L’homme de parole. p. 9 citado por DOSSE, F. História do estruturalismo. 2. O canto do cisne, de 1967 aos nossos dias. Campinas, 1994.

LE GOFF, J. O tempo de trabalho na crise do século XIV; do tempo medieval ao tempo moderno. In: ________. Tempo, trabalho e cultura no Ocidente. Lisboa, 1980.

LE GOFF, J. La nouvelle histoire. In: FAIRE de l’histoire. Paris, 1974.

________. Tempo, Trabalho e Cultura no Ocidente., Trad., port., Lisboa, 1980.

MEILLASSOUX, C. Femmes, greniers, capitaux. Paris, 1975.

MERTON, R. La sociologia del conocimiento. In: HOROWITZ, I. L. (Org.). História y elementos de la sociologia del conocimiento. Buenos Aires, 1974.

MORIN, E. Conferência organizada pela revista Sciences humaines, 1991 citado por DOSSE, François. História do estruturalismo. 2. O canto do cisne, de 1967 aos nossos dias. Campinas, 1994.

POMIAN, K. L’histoire de la science et l’histoire de l’histoire. Annales, sept./oct. 1975.

POUILLON, J. citado por DOSSE, F. História do estruturalismo. 2. O canto do cisne, de 1967 aos nossos dias. Campinas, 1994.

RUSSEN, J. La historia, entre modernidad y postmodernidad. In: ANDRÉS-GALLEGO, José (Org.). New history, nouvelle histoire hacia una nueva história. Madrid, 1993.

TALMON, J. L. Romantismo e revolta. Europa (1815-1848). Lisboa, 1967.

TODOROV, T. Critique de la critique. 1984.

VAZQUEZ DE PRADA, V. História econômica mundial. Madrid, 1964. 2 v.

VILAR, P. Histoire marxiste, histoire en construction. In: FAIRE de l’histoire. Paris, 1974.

A Economia e Sociedade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.