Banner Portal
Ciclos econômicos e a composição da pobreza no Brasil: uma análise para as décadas recentes
PDF

Palavras-chave

Ciclos macroeconômicos. Economia do bem-estar. Modelos de cortes transversais agrupados. Economia brasileira. Pobreza.

Como Citar

MARTINI, Ricardo Agostini; HERMETO, Ana Maria. Ciclos econômicos e a composição da pobreza no Brasil: uma análise para as décadas recentes. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 23, n. 1, p. 187–221, 2015. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8642166. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

O presente trabalho busca estudar e analisar o impacto dos ciclos macroeconômicos sobre a composição da pobreza na economia brasileira contemporânea (1987-2005). Mais especificamente, procura-se obter respostas para três questões: primeiro, quais são os grupos demográficos que mais sofrem as fases recessivas dos ciclos; segundo, se o crescimento econômico é suficiente para beneficiar todos os grupos mais associados à pobreza; terceiro, quais políticas macroeconômicas estão mais associadas à pobreza e a sua amenização. O trabalho utilizou uma interação de microdados da PNAD com dados macroeconômicos de fontes como o IPEA-DATA, o Banco Central do Brasil e a Secretaria do Tesouro Nacional. Utilizando regressões logísticas com bancos de dados empilhados, o trabalho encontrou dois resultados principais. Primeiro, as recessões, ou mesmo as desacelerações econômicas, são mais sofridas pelos grupos de menor escolaridade. Segundo, a política fiscal afeta mais intensamente a pobreza: por um lado, o superávit primário está associado a menores níveis de bem-estar da população; por outro lado, o gasto social da União pode ser utilizado para amenizar a pobreza durante as fases críticas dos ciclos.

 

Abstract

This aim of this study is to analyze the impact of macroeconomic cycles on poverty and its composition in Brazil from 1987 to 2005. Specifically, it intends to find answers to three questions: first, which demographic groups are most harmed in the recessive cycles; second, is economic growth enough to benefit all groups most associated with poverty; third, which macroeconomic policies are most associated with poverty and its alleviation. The study uses the PNAD household survey together with macroeconomic data from sources such as IPEA-DATA, The Central Bank of Brazil and The National Treasury Secretary. Using logistical regressions with pooled micro-data banks, the study found two principle results. First, economic decelerations are more harmful to people with less schooling. Second, fiscal policy significantly affects poverty: the primary surplus is associated with lower levels of well-being of the population. On the other hand, however, the federal social expenditure can be used to alleviate poverty during the critical stages of the cycles.

Keywords: Macroeconomic cycles; Welfare economics; Pooled cross-section models; Brazilian economy; Poverty.

PDF

Referências

AASSVE, A.; APRINO, B. Dynamic multi-level analysis of households’ living standards and poverty: evidence from Vietnam. Colchester: ISER, 2007. 43p. (Working paper, n. 2007-10) ACEMOGLU, D. Why do new technologies complement skills? Directed technical change and wage inequality. Quarterly Journal of Economics, 113, p. 1055-1090, 1998.

AASSVE, A.; APRINO, B. Directed technical change. Review of Economic Studies, 69, p. 781-809, 2002.

AASSVE, A.; APRINO, B. Patterns of skill premia. Review of Economic Studies, 70, p. 199-230, 2003a.

AASSVE, A.; APRINO, B. Labor- and capital-augmenting technical change. Journal of European Economic Association, v. 1, n. 1, p. 1-37, 2003b.

AASSVE, A.; APRINO, B. Equilibrium bias of technology. Econometrica, v. 75, n. 5, p. 1371-1410, 2007.

AASSVE, A.; APRINO, B. Introduction to modern economic growth. Princeton University Press, 2011.

AASSVE, A.; APRINO, B; ZILIBOTTI, F. Productivity differences. Quarterly Journal of Economics, v. 116, n. 2, p. 563-606, 2001.

AGHION, P.; HOWITT, P.; VIOLANTE, G., L. General purpose technology and wage inequality. Journal of Economic Growth, v. 7, n. 4, p. 315-345, Dec. 2002.

ANTMAN, F.; MCKENZIE, D. J. Earnings mobility and measurement error: a pseudopanel approach. Washington, DC.: World Bank, 2005. 36p. (Policy Research Working Paper, n. 3745).

BARROS, R. P.; CORSEUIL, C.; MENDONÇA, R.; REIS, M. C. Poverty, inequality and macroeconomic instability. Rio de Janeiro: IPEA, 2000. 14p. (Texto para Discussão, n. 750).

BARROS, R. P; HENRIQUES, R.; MENDONÇA, R. A estabilidade inaceitável: desigualdade e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2001. 24 p. (Texto para discussão, n. 800).

BARROS, R. P; MENDONÇA, R. A evolução do bem-estar, pobreza e desigualdade no Brasil ao longo das últimas três décadas: 1960/90. Pesquisa e Planejamento Econômico, Rio de Janeiro, v. 25, n. 1, p. 115-164, 1995a.

BARROS, R. P; MENDONÇA, R. Os determinantes da desigualdade no Brasil. Brasilia: IPEA, 1995b. 63p. (Texto para Discussão, n. 377).

BARROS, R. P et al. (Org.). Desigualdade de renda no Brasil: uma análise da queda recente. Brasília: IPEA, 2007. v. 2.

BLANK, R. M.; BLINDER, A. S. Macroeconomics, income distribution, and poverty. In: DANZIGER, S. H.; WEINBERG, D. H. (Ed.). Fighting poverty: what works and what doesn’t. Cambridge, Mass.: Harvard University, 1986. p. 180–208.

BLANK, R. M; CARD, D. Poverty, income distribution and growth: are they still connected? Brookings Papers on Economic Activity, Washington, DC., n. 2, p. 285- 325, Aug. 1993.

BONELLI, R.; RAMOS, L. Distribuição de renda no Brasil: avaliação das tendências de longo prazo e mudanças na desigualdade desde meados dos anos 70. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 76-97, 1993.

BOURGUIGNON, F.; GOH, C. Estimating individual vulnerability to poverty with pseudopanel data. Washington, DC.:World Bank, 2004. 17p. (Policy Research Paper, n. 3375).

BRADY, D. Reconsidering the divergence between eldery, child and overall poverty. Research on Aging, Thousand Oaks, Calif., v. 26, n. 5, p. 487-510, 2004.

CAMERON, A. C.; TRIVEDI, P. K. Microeconometrics – Methods and applications.Cambridge University Press, 2005.

CORSEUIL, C. H.; FOGUEL, M. N. Uma sugestão de deflatores para rendas obtidas a partir de algumas pesquisas domiciliares do IBGE. Rio de Janeiro: IPEA, 2002. 13p. (Texto para Discussão, n. 897).

CUTLER, D.; KATZ, L. Macroeconomic performance and the disadvantaged. Brookings Papers on Economic Activity, Washington, DC., n. 2, p. 1-106, 1991.

DEATON, A. Measuring poverty. Princeton: Princeton University, Research Program in Development Studies, 2004. 21p. (Working Papers, n. 230).

DEDECCA, C. S. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD – Síntese Metodológica. Revista Brasileira de Estudos Populacionais, Brasília, v. 15 n. 2, p. 103-114, 1998a.

DEDECCA, C. S. O desemprego e seu diagnóstico hoje no Brasil. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 18, n. 1, p. 99-118, 1998b.

DEDECCA, C. S. Notas sobre a evolução do mercado de trabalho no Brasil. Revista de Economia Política, São Paulo, v. 25 n. 1, p. 94-111, 2005.

FERREIRA, F.; PRENNUSHI, G.; RAVALLION, M. Protecting the poor from macroeconomic shocks: an agenda for action in a crisis and beyond. Washington, DC.: World Bank, 2000. 28p. (Working Paper, n. 2160).

FREEMAN, R. B. The rising tide lifts...? Cambridge, Mass.: NBER, 2001. 40 p. (Working Paper, n. 8155).

GAFAR, J. Growth, inequality and poverty in selected Caribbean and Latin American countries, with emphasis on Guyana. Journal of Latin American Studies, Cambridge, v. 30, pt. 3, p 591-617, Oct.1998.

HAVEMAN, R.; SCHWABISH, J. Macroeconomic performance and the poverty rate: a return to normalcy? Madison, Wis.: University of Wisconsin, Institute for Research on Poverty, 1999. 27p. (Discussion Paper, n. 1187-99).

HINES JR, J. R.; HOYNES, H.; KRUEGER, A. B. Another look at whether a rising tide lifts all boats. Cambridge, Mass.: NBER, 2001. 69p. (Working Paper, n. 8412).

HOYNES, H., PAGE, M.; STEVENS, A. Poverty in America: trends and explanations. Cambridge, Mass.: NBER, 2005. (Working Paper, 11681).

IPEA. Sobre a recente queda da desigualdade de renda no Brasil. IPEA. 2006. (Nota Técnica, n. 09).

JUSTESEN, M. Is the window of opportunity closing for Brazilian youth? Labor market trends and business cycle effects. Washington, DC.: World Bank, 2008. 49p.

KRUSELL, P.; OHANIAN, L.; RIOS-RULL, J. V.; VIOLANTE, G. L. Capital skill complementarity and inequality: a macroeconomic analysis. Econometrica v. 68, p. 1029- 1054, 2000.

LUSTIG, N. Crises and the poor: socially responsible macroeconomics. Washington, DC.: Inter-American Development Bank, Susteinable Development Department, 2000. 36p. (Working Paper, n. 108).

MALONEY, W. F.; CUNNINGHAM, W. V.; BOSCH, M. The distribution of income shocks during crises: an application of quantile analysis to Mexico, 1992-95. The World Bank Economic Review, Washington, DC., v. 18, n. 2, p. 155-174, 2004.

MATTOS, F. A. M. Aspectos históricos e metodológicos da evolução recente do perfil distributivo brasileiro. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 19 n. 2, p. 135-149, abr./jun. 2005.

NERI, M. C.; THOMAS, M. R. Macro shocks and microeconomic instability: an episodic analysis of booms and recessions. Rio de Janeiro: FGV, EPGE, 2000. 18p. (Ensaios Econômicos, n. 391).

OKUN, A. The gap between actual and potential output. In: OKUN, A. M. (Ed.). The battle against unemployment. New York: W. W. Norton, 1965. 204p.

OKUN, A. Upward mobility in a high-pressure economy. Brookings Papers on Economic Activity, Washington, DC., n. 1, p. 207-252, 1973.

ROCHA, S. Pobreza no Brasil: parâmetros básicos e resultados empíricos. Pesquisa e Planejamento Econômico, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 541-560, dez. 1992.

ROCHA, S. Do consumo observado à linha de pobreza. Pesquisa e Planejamento Econômico, Rio de Janeiro, v. 27 n. 2, p. 313-352, 1997.

ROCHA, S. Pobreza no Brasil: afinal, do que se trata? Rio de Janeiro: FGV, 2003. 244p.

ROCHA, S. Pobreza no Brasil: algumas evidências empíricas com base na PNAD 2004. Nova Economia, Belo Horizonte, v. 16, n. 2, p. 265-299, 2006.

SOARES, S. S. D. Metodologias para estabelecer a linha de pobreza: objetivas, subjetivas, relativas, multidimensionais. Brasilia: IPEA, 2009. 50p. (Texto para Discussão, n. 1381).

WOOLDRIDGE, J. M. Econometric analysis of cross section and panel data. Ed. Thomson, 2006.

A Economia e Sociedade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.