Banner Portal
O pioneirismo de Smith
PDF

Palavras-chave

Smith
Adam
1723-1790. Economia política. Economia clássica

Como Citar

MAZZUCCHELLI, Frederico. O pioneirismo de Smith. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 11, n. 1, p. 185–192, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643091. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

O artigo discute as circunstâncias intelectuais e históricas da principal obra de Smith. O axioma da “mão invisível”, de um lado, representa uma síntese entre o individualismo metodológico (tipicamente anglo-saxão) e a concepção naturalista da sociedade (herdeira do racionalismo): o exercício desimpedido das pulsões individuais (a propensão à troca) deveria produzir uma ordem próspera e harmônica, que corresponderia a uma vocação “natural” da vida em sociedade. Esta síntese, por sua vez, só foi possível porque os nexos de sociabilidade haviam se tornado predominantemente mercantis (vale dizer, capitalistas). Quando Smith escreve A Riqueza das Nações a economia não era mais “escrava” da política: as normas de regulação já eram estritamente econômicas. O “enigma do mercado” – que Smith se dispõe, pioneiramente, a desvendar – traz, consigo, a própria constituição da economia como uma disciplina autônoma. A partir de Smith desenvolvem-se duas vertentes interpretativas: uma, fundada na lógica da maximização individual, se esforçará em refinar os supostos e radicalizar a eficácia da “mão invisível”. Outra, partindo de seu aparato conceitual, de sua percepção dos interesses contraditórios das classes sociais e de sua visão prospectiva da acumulação de capital irá construir a Economia Política Clássica e sua crítica.

Abstract

This article discusses the intellectual and historic circumstances of Smith’s major work. The principle of the “invisible hand” represents a synthesis between the methodological individualism (typically Anglo-Saxon) and the naturalistic view of society (the successor of rationalism): the free exercise of individual instincts (the propensity to exchange) should produce a prosperous and harmonious order, which would correspond to a “natural” impulse towards life in society. This synthesis, however, was only possible because the sociability relations had become predominantly mercantile (in other words, capitalistic). When Smith wrote The wealth of nations, economy was no longer a “slave” of politics: regulation rules were already strictly economic. The “market enigma” that Smith, as a pioneer, is willing to solve, brings with it the very constitution of economics as an independent discipline. Two divergent interpretative trends have developed from Smith’s theory: one, founded on the logic of individual maximization, seeks to refine the premises and radicalize the effectiveness of the “invisible hand”. The other, based on its conceptual framework, its perception of the contradictory interests of social classes and its prospective view of capital accumulation will build the Classical Political Economy and its critique.

Key words: Smith, Adam, 1723-1790. Classical political economy

PDF

Referências

BELLUZZO, Luiz Gonzaga de Mello. Valor e capitalismo – Um ensaio sobre a economia política. São Paulo: Brasiliense, 1980.

CLARK, Charles Michael Andres. Economic theory and natural philosophy – The search for the natural laws of the economy. Aldershot: Edward Elgar, 1992.

COLEMAN, William Oliver. Rationalism and anti-rationalism in the origins of economics – The philosophical roots of 18th century economic thought. Aldershot: Edward Elgar, 1995.

DUMONT, Louis. Homo Aequalis. Paris: Gallimard, 1985.

KUNTZ, Rolf. Capitalismo e natureza – Ensaio sobre os fundadores da economia política. São Paulo: Brasiliense, 1982.

MELLO, Leonel Itaussu Almeida. John Locke e o individualismo liberal. In: WEFFORT, Francisco (Org.). Clássicos da política. São Paulo: Ática, 1997.

OLIVEIRA, Carlos Alonso Barbosa de. O processo de industrialização: do capitalismo originário ao atrasado. Campinas: Unicamp. Instituto de Economia, 1985. cap. 1. (Tese, Doutorado).

SCREPANTI, Ernesto, ZAMAGNI, Stefano. An outline of the history of economic thought. Oxford: Clarendon Press, 1995.

SMITH, Adam. La riqueza de las naciones. México: Fondo de Cultura Económica, 1958.

A Economia e Sociedade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.