Banner Portal
Ignacio Rangel na China e a “Nova Economia do Projetamento”
PDF

Palavras-chave

China
Nova economia do projetamento
Socialismo de mercado
Formação econômica-social
Teria econômica
Modo de produção

Como Citar

JABBOUR, Elias; DANTAS, Alexis. Ignacio Rangel na China e a “Nova Economia do Projetamento”. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 30, n. 2, p. 287–310, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8666451. Acesso em: 16 abr. 2024.

Resumo

O objetivo deste artigo é demonstrar que o processo de desenvolvimento chinês verificado nas últimas quatro décadas não é um fato que se explica em si mesmo. Trata-se de um processo cuja capacidade de interpretação teórica, partindo das abordagens ortodoxas e heterodoxas presentes, já pode ter chegado a um limite. Esse limite deve-se a dois fatos objetivos: 1) a transformação, acelerada desde a crise financeira de 2008, do “socialismo de mercado” em uma nova formação econômico-social (NFES). O surgimento desta NFES é fruto de sucessivas inovações institucionais que acomodaram a coabitação – nesta mesma formação – de uma miríade de modos de produção, tendo como dominante o encabeçado pelo setor público (socialista) e 2) o contínuo progresso técnico verificado nos Grandes Conglomerados Empresariais Estatais (GCEE) percebido desde a execução de políticas industriais mais proativas redundou no surgimento de novas e superiores formas de planificação econômica no país, que, por sua vez, faz reemergir a outrora existente, e elaborada por Ignacio Rangel, “Economia do Projetamento” agora sob a insígnia da “Nova Economia do Projetamento”. A nosso ver, perceber este movimento de mudança de modo de produção na China e os novos aportes teóricos derivados dele, é o maior desafio das ciências sociais na atualidade.

PDF

Referências

AGLIETTA, M. America’s slow down. New Left Review, 100, p. 119-128, 2016.

ARRIGHI, G. Adam Smith in Beijing. New York/London: Verso, 2007.

BANDEIRA, L. A Segunda Guerra Fria – Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.

BELLUZZO, L. Dinheiro e transformações da riqueza. In TAVARES, M, C.; FIORI, J. L. Poder e dinheiro. Petrópolis: Vozes, 1997.

BRAGA, J. C. Financeirização global – O padrão sistêmico de riqueza do capitalismo contemporâneo. In: TAVARES, M, C.; FIORI, J. L. Poder e dinheiro. Petrópolis: Editora Vozes, 1997.

BRESSER-PEREIRA, L. Assalto ao Estado e ao mercado, neoliberalismo e teoria econômica. Estudos Avançados, n. 23 (66), p. 1-17, 2009.

BRESSER-PEREIRA, L.; REGO, J. Um mestre da economia brasileira: Ignacio Rangel. Brazilian Review of Political Economy, v. 13, n. 2, p. 98-119, 1993.

BURLAMAQUI, L. Finance, development and the Chinese entrepreneurial state: a Schumpeter Keynes-Minsky approach. Brazilian Review of Political Economy, v. 4, n. 141, p. 728-744, 2015.

CASTRO, M. H. Elementos de economia do projetamento. In: HOLANDA, F, M.; ALMADA, J.; PAULA, Z. A. Ignácio Rangel, decifrador do Brasil. São Luís: Edufma, 2014.

CHINA Injects $126 Billion Into Its Slowing Economy. New York Times, 9 jun. 2019. Disponível em: https://www.nytimes.com/2019/09/06/business/china-economy-reserve.html. Acesso em: 1 nov. 2019.

CHINA is leading a surge in electric vehicle sales. World Economic Forum, 22 maio 2018. Disponível em: https://www.weforum.org/agenda/2018/05/china-surge-electric-vehicle-sales/. Acesso em: 25 jul. 2019.

CHINA’S Shenzhen is using big data to become a smart ‘socialist model city’. South China Morning Post, 1 nov. 2019. Disponível em: https://www.scmp.com/news/china/politics/article/3035765/chinese-city-shenzhen-using-big-data-become-smart-socialist. Acessado em: 2 nov. 2019.

CHEN, Z. Governing through the market: SASAC and the resurgence of central state-owned enterprises in China. Thesis (PhD)–University of Birmingham, 2017. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/48e5/2accaaf28ab7d70823d9f74b9d9f2fe44fa6.pdf. Acesso em: 20 out. 2019.

COUTINHO, L. A 4º Revolução industrial: criativa ou disruptiva para o Brasil? Princípios, n. 150, p. 30-38, 2018.

ENFU, C.; XIAOQIN, D. A theory of China’s ‘miracle’. Monthly Review, v. 68, n 8, p. 12-23, Jan. 2017.

FIORI, J. L. Globalização, hegemonia e império. In: TAVARES, M. C.; FIORI, J. L. Poder e dinheiro. Petrópolis: Editora Vozes, 1997.

FIORI, J. L. A nova geopolítica das nações e o lugar da Rússia, China, Índia, Brasil e África do Sul. Oikos, n. 8, p. 77-106, 2007.

GABRIELE, A. The role of state in China’s industrial development: A reassessment”. Comparative Economic Studies, v. 52, p. 325-350, 2010.

GABRIELE, A.; SCHETTINO, F. Socialist market economy as a distinct socio-economic formation internal to the modern mode of production. New Proposals: Journal of Marxism and Interdisciplinary Inquiry, v. 5, n. 2, p. 20-50, 2012.

GORDON, R. Is “US economic growth over? Faltering innovation confronts the six headwinds”. NBER Working Paper, n. 18315, Apr. 2012.

GUTTMANN, R. Uma introdução ao capitalismo dirigido pelas finanças. Novos Estudos – CEBRAP. n. 82, 2008.

HOLTZ, C. The unfinished business of state-owned enterprise reform in the people’s Republic of China. Munich Personal RePEc Archive, 2018.

HUANG, J.; YANG, J.; ROZELLE, S. China’s agriculture: drivers of change and implications for China and the rest of world. Agricultural Economics, v. 41, n. 1, p. 47-55, 2010.

HUANG, J.; YANG, J.; ROZELLE, S. China’s 40 years of agricultural development and reform. Research Gate, p. 487-506, 2018.

IT’S World China. Fortune, 22 jul. 2019. Disponível em: https://fortune.com/longform/fortune-global-500-china-companies/. Acesso em: 2 nov. 2019.

JABBOUR, E. Pode a China crescer mais? Le Monde Diplomatique, 23 jan. 2020. Disponível em: https://diplomatique.org.br/a-china-pode-crescer-mais/.

JABBOUR, E.; BELLUZZO, L. Quando o socialismo fabrica o mercado. Carta Capital, n. 1324, p. 40-43, 2019.

JABBOUR, E.; DANTAS, A. The political economy of reforms and the present Chinese Transition. Brazilian Journal of Political Economy, v. 37, n. 4, p. 789-807, 2017.

JABBOUR E.; DANTAS, A. Na China emerge uma nova formação econômico-social. Princípios, n. 154, p.70-86, 2018.

JABBOUR, E.; PAULA, L. F. A China e a “socialização do investimento”: uma abordagem Keynes Gerschenkron-Rangel-Hirschman. Revista de Economia Contemporânea, n. 22, n. 1, p. 1-23, 2018.

KANG, H. China’s township and village enterprises. Beijing: Foreign Language Press, 2006.

KEYNES, J. M. The General Theory of Employment, Interest and Money. Basingstoke: Palgrave MacMillan, 1936.

KI, S.; YUK-SHING, C. China’s tax reforms of 1994: breakthrough compromise? Asian Survey, v. 34, n. 9, p. 769-788, 1994.

LIN, J. Y. Demystifying the Chinese Economy. Cambridge UK: Cambridge University Press, 2012.

LO, D.; WU, M. The State and industrial policy in Chinese economic development. In: SALAZAR-XIRINACHS, J. M.; NUBLER, I.; ZOZUL-WRIGHT, R. (Ed.). Transforming economies. Geneva: International Labour Office, 2014.

MAJEROWICZ, E.; MEDEIROS, C. Chinese industrial policy in the geopolitics of the information age: the case of semiconductors. Revista de Economia Contemporânea, n. 22 (1), p. 35-61, 2018.

MAJEROWICZ, E. China and the international political economy of information and communication technologies. Natal: UFRN, 2019. (Textos para Discussão).

MAMIGONIAN, A. A China e o marxismo: Li Dazhao, Mao e Deng. In: DEL ROIO, M. (Org.). Marxismo e Oriente: quando as periferias tornam-se os centros. Marília: Ícone, 2008.

MASIERO, G. Origens e desenvolvimento das Township and Village Enterprises (TVEs) chinesas. Revista de Economia Política, v. 26, n. 103, p. 425-444, 2006.

MEDEIROS, C. The post-war American technological development as a military enterprise. Contributions to Political Economy, v. 22, p. 41-62, 2003.

MEDEIROS, C. Padrões de investimento, mudança institucional e transformação estrutural na economia chinesa”. In: BIELSCHOWSKY, R. (Org.). Padrões de desenvolvimento econômico: América Latina, Ásia e Rússia (1950-2008). Brasília: CGEE, 2013.

MEDEIROS, C. Apresentação à Conferência Internacional Economia Política da China. 2017. Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/labchina/?u_event=international-conference-3. Acesso em: 5 nov. 2019.

MINSKY, H. Stabilizing an unstable economy. New Haven and London: Yale University Press, 1986.

NAUGHTON, B. The Chinese economy: transitions and growth. London: IMT Press, 2007.

NAUGHTON, B. Is China socialist? Journal of Economic Perspectives, v. 31, n. 1, p. 3-24, 2017.

NOGUEIRA, I. Estado e capital em uma China com classes. Revista de Economia Contemporânea, n. 22 (1), p. 1-23, 2018.

NOGUEIRA, I.; GUIMARÃES, J.: BRAGA, J. Inequalities and capital accumulation in China. Brazilian Journal of Political Economy, v. 39, n. 3, p. 449-469, 2017.

NOLAN, P. China and the global economy: national champions, industrial policy and the big business revolution. Houndsmill:Palgrave, 2001.

PIKETTY, T.; YANG, L.; ZUCMAN, G. Capital accumulation, private property and rising inequality in China. NBER Working Paper, n. 23368, Apr. 2017.

RANGEL, I. Desenvolvimento e projeto. In: RANGEL, I. Obras reunidas. Rio de Janeiro: Contraponto, [1956] 2005.

RANGEL, I. Dualidade básica da economia brasileira. In: RANGEL, I. Obras reunidas. Rio de Janeiro: Contraponto, [1957] 2005.

RANGEL, I. Elementos de Economia do Projetamento. In, RANGEL, I. Obras reunidas. Rio de Janeiro: Contraponto, [1959] 2005.

RANGEL, I. A recuperação americana. Folha de S. Paulo, 21 abr. 1983.

SUMMERS, L. US economic prospect: secular stagnation, hysteresis, and the zero lower bound. Business Economics, v. 49, n. 2, p. 65-73, 2014.

TAVARES, M. C. A reafirmação da hegemonia norte-americana. In: TAVARES, M. C.; FIORI, J. L. Poder e dinheiro. Petrópolis: Editora Vozes, 1997.

TRADE war update: more China stimulus, fewer China. Forbes, 18 set. 2019. Disponível em: Shoppers https://www.forbes.com/sites/kenrapoza/2019/09/18/trade-war-update-more-china-stimulus-less-china-shoppers/?sh=4431afd733f5. Acesso em: 2 nov. 2019.

WADE, R. Choking the South. New Left Review, v. 38, p. 115-127, 2006. WADE, R. Financial regime change? New Left Review, v. 53, p. 5-21, 2008.

WORLD BANK: China – Reform of state-owned enterprises. Disponível em: http://documents.worldbank.org/curated/en/114421468770439767/China-Reform-of-state-owned-enterprises. Acesso em: 25 nov. 2019

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Elias Jabbour, Alexis Dantas

Downloads

Não há dados estatísticos.