Resumo
Este artigo debate a tensão entre o real e o possível constitutiva da forma como as ciências sociais, e especificamente a sociologia, produzem conhecimento sobre o mundo social. Sua produção teórica e conceitual normaliza o real criando um processo que pode inviabilizar e até mesmo silenciar outros mundos possíveis, sacrificados para que este que existe exista. A questão que se coloca ao refletir a respeito o conhecimento produzido sobre a África é: não será a visibilidade do que existe função do que é votado ao esquecimento, à morte epistemológica e metodológica? O desafio para o qual esse artigo se volta é o da aplicação de conceitos desenvolvidos em diferentes contextos no estudo de realidades sociais diferentes para o conhecimento de outra realidade social, pois sua aplicação sem prestar atenção ao grau de dependência desses conceitos em relação ao contexto e para a sua inteligibilidade pode desfigurar o que se pretende caracterizar com o conhecimento. A questão que se levanta aqui é de saber, na verdade, o que conta como conhecimento, especialmente como conhecimento sobre a África.
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