Banner Portal
Pós-humanismo da multidão em Antonio Negri
PDF

Palavras-chave

Humanismo
Sujeito
Pós-humanismo
Multidão
Negri
Classe social
Comum.

Como Citar

PIROLA, Émerson dos Santos. Pós-humanismo da multidão em Antonio Negri: subjetividade classista para além do sujeito moderno. Ideias, Campinas, SP, v. 10, p. e019014, 2019. DOI: 10.20396/ideias.v10i0.8656519. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ideias/article/view/8656519. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Após as críticas anti-humanistas estruturalistas e pós-estruturalistas à noção moderna de Sujeito, definido por sua identidade e interioridade transhistóricas – seja no recurso ao cogito, à razão, à consciência ou mesma à intersubjetividade e ao trabalho –, o marxismo se viu diante da exigência de enfrentar novamente um problema que sempre o perseguiu: como conceber um sujeito político de classe que se desvencilhe da carga metafísica própria das concepções modernas sobre o Sujeito. Mesmo que inconscientemente os diversos marxismos sempre trouxeram à contrabando a problemática do sujeito, visto que sua insistência em uma conceitualização de classe social leva a algo como um sujeito coletivo de lutas ou político. Com a crítica anti-humanista abriu-se caminho para uma construção teórica sobre a relação entre natureza e cultura, sujeito e objeto, humano e máquina que vai além dos limites estabelecidos pela filosofia moderna. Esse campo de estudos pode ser denominado genericamente de pós-humanismo, e é caracterizado por borrar as fronteiras citadas, levando a uma crítica mesma dessas separações. O dispositivo teórico marxista singular de Antonio Negri propõe uma conceituação de classe social e de sujeito/subjetividade classista que, além de partir das críticas anti-humanistas à metafísica do Sujeito, efetua uma composição entre o marxismo e as pautas propriamente pós-humanistas, chegando, com os conceitos de multidão e de comum, a uma concepção de sujeito classista que rompe com as barreiras do Sujeito moderno e institui uma espécie de humanismo depois da “morte do Homem”.

https://doi.org/10.20396/ideias.v10i0.8656519
PDF

Referências

ALTHUSSER, Louis. Por Marx. Campinas: Editora Unicamp, 2015.
________. A querela do humanismo. Crítica Marxista, São Paulo, Xamã, nº 9, 1999.
________. A querela do humanismo II. Crítica Marxista, São Paulo: Boitempo, v.1, n.14, 2002, p. 48-72.
COCCO, Giuseppe. MundoBraz: O devir-mundo do Brasil e o devir-Brasil do mundo. Rio de Janeiro: Record, 2009.
________. Introdução. In: LAZZARATO, M.; NEGRI, A. Trabalho imaterial: Formas de vida e produção de subjetividade. Tradução de Monica de Jesus Cesar. 2ª ed., Rio de Janeiro: Lamparina, 2013, p. 32-46.
DELEUZE, Gilles & GUATTARI. Félix. O que é a filosofia? São Paulo: Editora 34, 1992.
________. O Anti-Édipo – capitalismo e esquizofrenia 1. Tradução de Luiz B. L. Orlandi. São Paulo: Editora 34, 2010.
________. Mil platôs – Capitalismo e esquizofrenia 2, [5 vs.]. São Paulo: Editora 34, 2014.
DERRIDA, Jacques. Os fins do Homem. In: As Margens da Filosofia. Tradução de Joaquim
Torres Costa e António M. Magalhães. Campinas: Papirus, 1991, p. 149 – 77.
FOUCAULT, Michel. Remarks on Marx. NewYork: Semiotext(e), 1991.
________. As Palavras e as Coisas. Uma arqueologia das ciências humanas. Tradução. Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
_________. Nascimento da Biopolítica. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
HARAWAY, Donna. Manifesto ciborgue – Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós humano. Tadeu, T. (org). Belo Horizonte: Autêntica, 2009, p. 33 – 118.
HARDT, Michael. & NEGRI, Antonio. Labor of Dionysus: A Critique of the State-Form. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1994.
________. Empire. Cambridge/London: Harvard University Press, 2000.
________. Império. Tradução de Berilo Vargas. Rio de Janeiro: Record, 2001.
________. Globalização e Democracia. In: NEGRI, A. Cinco lições sobre Império. Tradução de Alba Olmi. Rio de Janeiro: DP&A, 2003a, p. 115-138.
________.Traços marxistas. In: NEGRI, A. Cinco lições sobre Império. Tradução de Alba Olmi. Rio de Janeiro: DP&A, 2003b, p. 241-71.
________. Multidão: Guerra e democracia na era do Império. Tradução de Clóvis Marques. 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2014.
________. Bem-Estar Comum. Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2016.
________. Assembly. New York: Oxford University Press, 2017.
HARVEY, David. Para entender O Capital, São Paulo: Boitempo, 2013.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. Tradução: Tânia Pellegrini. Campinas: Papirus, 1989.
MARX, Karl. Manuscritos Econômico-Filosóficos. São Paulo, Boitempo, 2010.
________. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857-1858: esboços da crítica da economia política. Tradução de Mario de Duayer e Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2011.
MURPHY, Timothy S. Antonio Negri: Modernity and the multitude. Cambridge: Polity, 2011.
NEGRI, Antonio. Interpretation of the Class Situation Today: Methodological Aspects. In: BONEFIELD, W.; GUNN, R.; PSYCHOPEDIS, K. (eds.). Open Marxism - vol. 2: Theory and Practice. London: Pluto Press, 1992, p. 69-105.
________. A anomalia selvagem: poder e potência em Spinoza. Tradução de Raquel Ramalhete. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
________. Cinco lições sobre Império. Tradução de Alba Olmi. Rio de Janeiro: DP&A, 2003a.
________. Kairòs, Alma Venus, Multitudo. Tradução de Orlando dos Reis e Marcello Lino. Rio de Janeiro: DP&A, 2003b.
________. De volta: abecedário biopolítico. Rio de Janeiro: Record, 2006.
________. Biocapitalismo: entre Spinoza e a constituição política do presente. Tradução de Maria Paula Gurgel Ribeiro. São Paulo: Iluminuras, 2015a.
________. O poder constituinte: ensaio sobre as alternativas da modernidade. Tradução de Adriano Pilatti. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2015b.
________. Como e quando li Foucault. Organizado e traduzido por Mario Antunes Marino. São Paulo: n-1 edições, 2016a.
________. Espinosa subversivo e outros escritos. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2016b.
________. Marx além de Marx: Ciência da crise e da subversão – Cadernos de trabalho sobre os Grundrisse. Tradução de Bruno Cava. São Paulo: Autonomia Literária, 2016c.
________. Em torno de Foucault... E de Marx, Hoje. In: SANTIAGO, Homero; TIBLE, Jean; TELLES, Vera (orgs.). Negri no Trópico 23º 26′ 14″. Rio de Janeiro-São Paulo: Autonomia Literária, N-1 edições e Editora da Cidade, 2017a, p. 241-254.
________. O comum como modo de produção. In: SANTIAGO, Homero; TIBLE, Jean; TELLES, Vera (orgs.). Negri no Trópico 23º 26′ 14″. Rio de Janeiro-São Paulo: Autonomia Literária, N-1 edições e Editora da Cidade, 2017b, p. 225-237.
NUNES, Rodrigo, ‘Forward How? Forward Where? I: (Post-)Operaismo Beyond the Immaterial Labour Thesis. ephemera, vol. 7 (1), 2007, p. 178-202.
REVEL, Judith, Antonio Negri, French Nietzschean? From the will to power to the ontology of power. In: MURPHY, T. S.; MUSTAPHA, A. K. (eds.), The Philosophy of Antonio Negri - Volume Two: Revolution in Theory. London: Pluto Press, 2007, p. 87-108.
ROGGERO, Gigi. Cinco teses sobre o comum. Lugar Comum, n. 42, 2014, p. 11-30.
SANTIAGO, Homero. Um conceito de classe. Cadernos Espinosanos, nº 30, jan.-jun. 2014, p. 24–48.
SPINOZA, Benedictus de. Ética. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2014.

A Idéias utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.