Resumo
O presente escrito analisa as transformações nas relações entre o cine teatro Jandaia, construído em 1911, e sua circunvizinhança em seus 111 anos de história. Chamado “Palácio dos Artistas” no período de sua reinauguração em 1931, o Jandaia chega no começo dos anos 2000 abandonado e, como muitas edificações do sítio urbano tombado do Centro Antigo de Salvador (CAS), sem função social. A análise da trajetória do cine é dividida em dois momentos. No primeiro propomos uma leitura da simbiose entre a construção da memória social e o esquecimento do CAS no que tange seus cinemas de rua, para tanto, recortamos três fases as quais consideramos marcantes na trajetória do cine teatro denominadas “entreter”, “gozar” e “orar”. Já no segundo bloco, utilizando da pesquisa empírica em direito, sinalizamos uma possível contradição da eficácia dos instrumentos e legislações urbanísticas e patrimoniais que incidem diretamente e/ou indiretamente na salvaguarda desse bem cultural tombado em ações concretas de preservação, já que o cine teatro Jandaia está em situação de ruína urbana, próximo de tombar ao chão da rua.
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