Banner Portal
Indiscernibilidade e identidade em química
PDF

Palavras-chave

Indiscernibilidade
Não-individualidade
Quase-conjuntos
Elementos químicos.

Como Citar

SCHINAIDER, Jailson; KRAUSE, Décio. Indiscernibilidade e identidade em química: aspectos filosóficos e formais. Manuscrito: Revista Internacional de Filosofia, Campinas, SP, v. 37, n. 1, p. 117–164, 2015. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/manuscrito/article/view/8641967. Acesso em: 30 jun. 2024.

Resumo

Neste artigo tratamos, de um ponto de vista formal e filosófico, com alguns conceitos que fazem parte da química usual. As teorias da química, e seus conceitos, normalmente são apresentadas de um ponto de vista informal (não axiomatizada), e isso pode trazer dificuldades filosóficas (embora a química propriamente — bem como também as outras disciplinas da ciência aplicada — pareçam não sofrer qualquer restrição quanto a isso). Aqui estaremos ocupados em um aspecto parti-cu-lar, que diz respeito à indiscernibilidade de alguns objetos básicos da quí- mica, tais como átomos, moléculas, bem como de seus componentes. Começamos com uma visão geral da identidade destes compostos e seus componentes a partir de uma perspectiva filosófica e, em seguida, mostramos em que sentido o conceito de identidade dos compostos químicos é problemático em relação ao conceito correspondente de identidade na lógica e matemática clássicas (que, como em geral é suposto, estão ‘alicerçando’ as teorias químicas). Argumentamos que, por um lado, a química parece supor que esses objetos básicos precisam ser ‘idênticos’ (indistinguíveis) uns aos outros (como enfatizado há muito tempo por John Dalton, como veremos.) Por outro lado, do ponto de vista formal, se a lógica subjacente à teoria atômica for a lógica clássica (que também é pano de fundo da matemática padrão), coisas idênticas devem ser a mesma coisa e logo ‘colapsar’ em apenas uma (e este não é o caso em química, uma vez que temos uma enorme quantidade de átomos e moléculas semelhantes, mas não apenas um). Esta aparente contradição pode ser tratada de várias perspectivas e, aqui, propomos o uso de uma teoria de conjuntos não-clássica (a saber, a teoria de quase-conjuntos) para alicerçar uma formulação axiomática de certas teoria químicas, mostrando como essa diferente base matemática pode nos levar a uma visão que está mais perto da química em si. Como esta teoria não é conhecida em geral, uma breve revisão se faz necessária. Por último, mostramos como podemos construir modelos matemáticos para átomos e moléculas utilizando esta teoria de conjuntos alternativa evitando, assim, o problema lógico acima mencionado, e discutimos um pouco da abordagem mereológica dos compostos químicos a partir dessa perspectiva quase-conjuntista.

 

PDF

Referências

ARENHART, J. B., & KRAUSE, D. “Identidade, individualidade e quase-conjuntos”. Revista Eletrônica Informação e Cognição, vol.6, no. 2, p. 25-39, 2007.

ARNDT, M. et al. “Wave-particle duality of C60 molecules”. Nature 401, 680-682, 14.October, 1999.

BALL, D. W. Physical chemistry. Pacific Goove: Brooks/Cole, 2003.

BRANCIARD, C., R., D., LIANG, Y-C, e GISIN, N. “MeasurementDevice-Independent Entanglement Witnesses for All Entangled Quantum States”. Physical Review Letter 110, 060405, 2013.

COX, P. A. Instant notes [in] inorganic chemistry, 2a. ed. London: Bios Scientific Publishers, 2004.

da COSTA, N. C. A. e FRENCH, S. Science and Partial Truth: a unitary approach to models and scientific reasoning. Oxford: OUP, 2003.

DALTON, J. A new system of chemical philosophy. London: Printed by S. Russell, 1808.

FRENCH, S. & KRAUSE, D. Identity in Physics: A historical, philosophical and formal analysis. Oxford: OUP, 2006.

GRIFFTHINS, D. Introduction to Quantum Mechanics. 2nd.ed., New Jersey: Printice Hall, 2004.

JAMMER, M. The Conceptual Development of Quantum Mechanics. New York: McGrall-Hill, 1966.

LLORED, J.-P., & HARRÉ, R. Developing the Mereology of Chemistry (a aparecer).

KETTERLE, W. When atoms behave as waves: Bose-Einstein condesation and the atom laser. Nobel Lecture, December 8, 2001, disponível em http://www.nobelprize.org/nobel_prizes/physics/ laureates/2001/ketterle-lecture.pdf.

KLEIN, U., e LEFÉVRE, W. Materials in eighteenth-century science: a historical ontology. Cambridge: The MIT Press, 2007.

KOHN, W., BECKE, A. D. & PARR, R. G. “Density functional theory of electronic structure”. Journal of Physical Chemistry, 100, 12974-12980, 1996.

KRAUSE, D. “Is Priscilla, the trapped positron, an individual? Quantum physics, the use of names, and individuation.” Arbor 187 (747), 61-66, 2011. “Quantum Mereology” (a aparecer).

KUHN, H., FORSTERLING, H.-D. & WALDECK, D. H. Principles of physical chemistry. New York: John Wiley & Sons, 2009.

LEIBNIZ, G. W. ‘Monadalogia’, in “Os Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

LUSCHEI, E. C. The Logical Systems of Lesniwski. Amsterdam, NorthHolland, 1962.

MCQUARRIE, D. A., & SIMON, J. D. Physical chemistry: a molecular approach. Sausalito: University Sience Books, 1997.

MENDELSON, E. Introduction to mathematical logic, 2a. ed. Monterey: Wadsworth Advanced Books & Software, 1979.

MULLER, F. A. “The Characterisation of Structure: Definition versus Axiomatisation”. (to appear in the) Proceedings of an ESF Conference, Vienna, 2008.

MULLIKEN, R. S. “Electronic structures of polyatomic molecules and valence III: quantum theory of the double bond”. Physical Review 41, 754, 1932.

MUNFORD, S. (ed.) Russell on Metaphysics: Selections from the writings of Bertrand Russell. London and New York: Routledge, 2003.

MURPHY, B., MURPHY, C. & HATHAWAY, B. J. Basic principles of inorganic chemistry: making the connections. London: The Royal Society of Chemistry, 2008.

OPPENHEIM, P. & RESCHER, N. “ Logical Analysis of Gestalt Concepts”. British Journal for the Philosophy of Science, vol. 6, 89-106, 1955.

PENROSE, R. The emperor’s new mind. Oxford: OUP, 1989.

POMARICO, E. et al. “Various quantum nonlocality tests with a commercial two-photon entanglement source”. Physical Review A 83, 052104, 2011.

REDHEAD, M., & TELLER, P. “Particles, particle labels, and quanta: the toll of unacknowledged metaphysics”. Foundations of Physics 21, pp. 43-62, 1991. “Particle labels and the theory of indistinguishable particles in quantum mechanics”, British Journal for‘the Philosophy of Science 43, pp. 201-18, 1992.

RESTREPO, G., LLANOS, E.J., & MESA, H. “Topological space of the chemical elements and its properties”. Journal of Mathematical Chemistry 39, 401-416, 2006. HARRÉ, H. & LLORED, J.P. “Mereologies as the Grammars of Chemical Discourses”. Foundations of Chemistry 13, pp. 63-76, 2011.

ROVELLII, C. What is Time? What is Space? Roma: Di Renzo Editore, 2006.

SIMONS, P. Parts: a Study in Ontology. Oxford: Clarendon Press, 1987.

SUKUMAR, N. “The atom in a molecule as a mereological construct in chemistry”. Foundations of Chemistry 15 (3) pp. 303-309, 2013.

SUPPE, F. (ed) The Structure of Scientific Theories, 2a. ed. Illinois: Un. Illinois Press, 1977.

SUPPES, P. Axiomatic Set Theory. New York: Dover, 1972.

TELLER, P. An Interpretative Introduction to Quantum Field Theory. Princeton: Princeton University Press, 1995.

TURRELL, G. Mathematics for chemistry and physics. London: Academic Press, 2002.

VARZI, A. “Mereology”, The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Winter 2012 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL = . van HEIJENOORT, J. From Frege to Gödel: a Source Book in Mathematical Logic, 1897–1931. Harvard: Harvard University Press, 1967.

ZERMELO, E. “Investigations in the foundations of set theory, I”, in van Heijenoort, J. (1967), pp. 199-215.

Downloads

Não há dados estatísticos.