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Como descrever eventos mentais?
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Palavras-chave

Thomas Nagel
Wittgenstein
Politzer
Estados mentais
Fenomenologia.

Como Citar

MONTENEGRO, Maria Aparecida. Como descrever eventos mentais?. Manuscrito: Revista Internacional de Filosofia, Campinas, SP, v. 29, n. 2, p. 551–574, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/manuscrito/article/view/8643596. Acesso em: 22 jul. 2024.

Resumo

Em Como é ser um morcego?, Thomas Nagel (1974) examina a polêmica questão da descrição dos eventos mentais e sugere que somente uma fenomenologia objetiva, ainda por ser construída, seria capaz de dar conta da dimensão universal característica dos enunciados da ciência – pensada como discurso da terceira pessoa –, ao mesmo tempo em que salvaguardaria o caráter particular atribuído aos estados mentais, acerca dos quais se supõe que a perspectiva da primeira pessoa detenha um conhecimento privilegiado. A presente comunicação pretende mostrar, a partir das críticas à psicologia formuladas por filósofos contemporâneos de tradições distintas, como Wittgenstein e Georges Politzer, que esse impasse em torno do cunho subjetivo dos eventos mentais e a descrição objetiva dos mesmos requerida pela ciência repousa justamente na ilusão de que se tem, na primeira pessoa, acesso privilegiado aos próprios estados mentais. A impossibilidade de uma linguagem privada, apontada por Wittgenstein, assim como a noção de “drama”, proposta por Politzer como constituindo o fato psicológico por excelência, parecem fazer convergir as vertentes continental e anglo-saxã da filosofia contemporânea no que tange à desconstrução da antiga ilusão de uma vida interior que antecederia as práticas lingüísticas. Em uma palavra, pretende-se mostrar que é somente no âmbito da linguagem – portanto, de uma perspectiva universal –, que se constrói um discurso do particular – aquele acerca dos próprios eventos mentais.

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Referências

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