Banner Portal
David Hume e a questão dos milagres
PDF

Palavras-chave

Hume
Milagres
Crença

Como Citar

DANOWSKI, Déborah. David Hume e a questão dos milagres . Manuscrito: Revista Internacional de Filosofia, Campinas, SP, v. 18, n. 1, p. 37–64, 1995. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/manuscrito/article/view/8660310. Acesso em: 30 jun. 2024.

Resumo

Por que Hume, ao mesmo tempo em que faz os raciocínios sobre os fatos dependerem inteiramente da experiência, nega qualquer veracidade aos milagres? Baseado na definição do milagre como uma transgressão das leis naturais pela vontade de Deus ou de agentes invisíveis, Hume desloca o problema da crença em milagres para o da crença em suas testemunhas. Por maior que seja a probabilidade de que estas sejam verídicas, seu relato se refere a um evento singular e excepcional, que tem contra si a regularidade perfeita de nossa experiência das leis da natureza. Ao contrário dos fatos apenas extraordinários, que, através dos raciocínios por probabilidade, diminuem nossa crença no fato oposto e são projetados para o futuro como acontecimentos ao menos possíveis, os milagres, por se colocarem sobre a natureza, têm que enfrentar uma evidência da ordem da prova (como convém às leis naturais), que jamais conseguirão suplantar. A absoluta singularidade só é possível em um estado anterior ou exterior à experiência e à natureza humana, e que por isso não comportaria qualquer crença. Esta seria a razão pela qual Hume, embora afirme que a priori um milagre é sempre possível, recusa de saída seu assentimento a qualquer testemunho desses fenômenos, pela simples natureza do fato que relatam.

PDF

Referências

Beyssade, M. (1987). Hume et les miracles. Revue de l'Enseignement Philosophique, (set/out): 59-69.

Butler, R.J. (1960). Natural belief and the enigma of Hume. Archiv für Geschichte der Philosophie, 42 (1): 73-100.

Cléro, J. -P. (1985). La Philosophie des Passions chez David Hume. (Paris, Klincksieck).

Danowski, D. (1991). Natureza, Acaso: a contingência na filosofia de David Hume. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Deleuze, G. (1980 [1953]). Empirisme et Subjectivité: essai sur la nature humaine selon Hume. (Paris, P.U.F).

Greig, J.Y.T. (org.) (1932). The Letters of David Hume. (Oxford, Clarendon Press).

Hume, D. (1964 (1882]). Of the authenticity of Ossian's poems. In: Essays: moral, political, and literary (eds. Green e Grose), vol. 2. (Londres, Scientia Verlag Aalen). (pp.415-424).

Hume, D. (1977 [1745]). A Letter from a Gentleman to his friend in Edinburgh. (Paris, Annales Littéraires de l'Université de Besançon/ Les Belles Lettres). (Edição bilingüe).

Hume, D. (1981 ([1739–40]). A Treatise of Human Nature. ed. L.A. Selby-Bigge, rev. P. H. Nidditch. (Oxford, Clarendon Press).

Hume, D. (1981 [1757]). The Natural History of Religion. ed. H.E. Root (Stanford, Stanford University Press).

Hume, D. (1983[1754–62)]. The History of England from the Invasion of Julius Caesar to the Revolution in 1688 (6 vols). (Indianapolis, Liberty Fund).

Hume, D. (1985 [1755]). Of the immortality of the soul. In: Essays: moral, political and literary. (Indianapolis, Liberty Fund). (pp. 590-598).

Hume, D. (1986 [1748, 1777]). An Enquiry concerning Human Understanding. ed. L.A. Selby-Bigge, rev. P. H. Nidditch.

Hume, D. (1989 (1779]). Dialogues Concerning Natural Religion. ed. N. Kemp Smith. (New York, Macmillan).

Kemp Smith, N. (1989 [1947]). Introduction. In: HUME, D., Dialogues Concerning Natural Religion. (New York, Macmillan). (pp. 1-123).

Locke, J. (1987 [1689]). An Essay concerning Human Understanding. ed. P. H. Nidditch. (Oxford, Clarendon Press).

Mossner, E. C. (1936). The Enigma of Hume. Mind, 45: 334-49.

Mossner, E. C. (1954). The Life of David Hume. (New York, Thomas Nelson and Sons).

Parent, W. A. (1976). An interpretation of Hume's Dialogues. The Review of Metaphysics, 30: 96-114.

Parent, W. A. (1976b). Philo's Confession. Philosophical Quarterly, 26 (102): 63-68.

Passmore, J. (1980 [1968]). Hume's Intentions. (Londres, Duckworth).

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 1995 Manuscrito: Revista Internacional de Filosofia

Downloads

Não há dados estatísticos.