Banner Portal
Confiança na política em Minas Gerais: o efeito da percepção de eficiência e do contato individual
PDF

Palavras-chave

Confiança. Polícia. Percepção de medo. Minas Gerais/Brasil

Como Citar

SILVA, Geélison F.; BEATO, Cláudio. Confiança na política em Minas Gerais: o efeito da percepção de eficiência e do contato individual. Opinião Pública, Campinas, SP, v. 19, n. 1, p. 118–153, 2015. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8641442. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

O artigo busca identificar e analisar os principais fatores que impactam a confiança na polícia em Minas Gerais. Utilizou-se a pesquisa “Vitimização e Percepção de Medo em Belo Horizonte e Minas Gerais” de 2009, aplicada em 29 municípios. Além de Belo Horizonte, abrangeu 5 cidades da Região Metropolitana, 7 cidades consideradas polos regionais e 16 municípios com população inferior a 10 mil habitantes. Os resultados mostram que indivíduos confundem funções do trabalho policial com as do sistema de justiça criminal. O contato com a polícia reduz a confiança, especialmente quando ele é iniciado por policiais. Nas cidades menores, onde a polícia é mais próxima dos cidadãos e a criminalidade é menor, a polícia recebe mais confiança do que nas maiores. A percepção de eficiência em solucionar problemas relacionados à violência é a variável que produz maior efeito positivo no nível de confiança que a instituição recebe.

 

Abstract:

In this article, we aim to identify and analyze key factors impacting trust in the Minas Gerais State Police. To achieve this goal, we used the survey “Victimization and Fear Perception in Belo Horizonte and Minas Gerais”, 2009, conducted in 29 cities. Apart from Belo Horizonte, the survey covered 5 cities in its metropolitan area, 7 cities considered regional poles and 16 other towns with less than 10,000 inhabitants. Some of the results are: individuals confuse police's functions with criminal justice's system's functions; individuals with lower socioeconomic status, that suffer greater police repression, are those who most trust the police; in smaller towns, where the police has closer contact to citizens and criminality is reduced, the police receives more trust than in larger ones; the perception of efficiency in solving problems related to violence produces the biggest positive effects on the level of institutional trust.

Keywords: trust; police; fear perception; Minas Gerais/Brazil

PDF

Referências

ADORNO, S. “Violência, controle social e cidadania: dilemas da administração da Justiça Criminal no Brasil”. Revista Crítica de Ciências Sociais, n° 41, p. 101-127, dez. 1994.

ALTHEIDE, D. L. “The Mass Media, Crime and Terrorism”. Journal of International Criminal Justice, 2006.

AVDIJA, S. “The role of police behavior in predicting citizens’ attitides toward the police”. Applied Psychology in Criminal Justice, 6, 2010.

BASTOS NETO, O. “Sociologia política: razões de Estado versus razões de classe: origens republicanas das ideologias de controle e repressão no Brasil”. Maiêut. dig. R. Fil. Ci. afins, Salvador, vol. 1, n° 1, p. 112-135, maio-ago. 2006.

BEATO F. C. C. “Determinantes da criminalidade em Minas Gerais”. Revista Brasileira de Ciências Sociais [online], vol.13, n° 37, p. 74-87, 1998.

BEATO F. C. C. Crime e Cidades. Belo Horizonte, p. 289 Tese Titular. SOA/UFMG, 2010.

BELLI, B. “Violência Policial e Segurança Pública: democracia e continuidade autoritária no Brasil contemporâneo”. Impulso, Piracicaba, 15(37), p. 17-34, 2004.

BITTNER, E. Policiando jovens: o contexto Social da prática Diária. In: BITTNER, E. Aspectos do Trabalho Policial. Coleção Polícia e Sociedade 8. São Paulo: EDUSP, p. 303-326, 2003.

BOWLING, B.; FOSTER, J. Policing and the police. The Oxford Handbook of Criminology. Oxford University Press, p. 980-1033, 2002.

BROWN, B.; BENEDICT, W. R. “Perceptions of the police: past findings, methodological issues, conceptual issues and policy implications”. Policing, 25, p. 543–580, 2002.

BRUNSON, R. K.; MILLER, J. “Young black men and urban policing in the United States”. British Journal of Criminology, p. 613–640, 2006.

CANO, I. Controle de Polícia no Brasil. Instituto sou da Paz. Disponível em: http://www.soudapaz.org/premiopolicia2006/textocanoppc.pdf. Acesso em: 15 mar. 2011.

CAO, L. “Visible minorities and confidence in the police”. Canadian Journal of Criminology and Criminal Justice, vol. 53, n° 1, p. 1-26, jan. 2011.

COELHO, E. C. “Criminalização da marginalidade e a marginalização da criminalidade”. Revista de Administração Pública, vol. 12, n° 2, p. 139-161, abr.-jun. 1978.

COSTA, A. T. M. “As reformas nas polícias e seus obstáculos: uma análise comparada das interações entre a sociedade civil, a sociedade política e as polícias”. Civitas, Porto Alegre, vol. 8, n° 3, p. 409-427, set.-dez. 2008.

COSTA, N. R. Polícia, controle social e democracia. In: A. T. M. (org.). Entre a lei e a ordem. Rio de Janeiro: FGV, 2004a.

COSTA, N. R. “Ofício de Polícia, Violência Policial e Luta Por Cidadania Em Mato Grosso”. São Paulo em Perspectiva, vol. 18, n° 1, p. 111-118, 2004b.

CRISP – Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública / UFMG. Pesquisa de Vitimização e Percepção de Medo em Belo Horizonte e Minas Gerais, 2009.

DANCEY, C. P. Estatística sem matemática para Psicologia. Porto Alegre: Artmed, 2006.

FAGAN, J. Legitimacy and criminal justice. 6 Ohio St. J. Crim. L. 123, 2008.

FRANK, J. et al. “Exploring the Basis of Citizens' Attitudes Toward the Police”. Police Quarterly, vol. 8, n° 2, p. 206–228, June 2005.

GOLDSMITH, A. “Police reform and the problem of trust”. Theoretical Criminology, 9, p. 443-470, nov. 2005.

GOLDSTEIN, H. Policiando uma sociedade livre. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.

HERRMANN, S. et al. “Confidence in the Criminal Justice System in the Americas”. Americas Barometer Insights, n° 62, 2011. Disponível em: . Acesso em: 01 dez. 2011.

HOWELL, E. S. et al. “Black cities/white cities: evaluating the police”. Political Behavior, vol. 26, n° 1, p. 45-68, March, 2004.

HUDSON, J. “Institutional Trust and Subjective Well-Being across the EU”. Kyklos, vol. 59, p. 43–62, 2006.

HURST, Y. et al. “The attitudes of juveniles toward the police: a comparison of black and white youth”. Policing: An International Journal of Police Strategies & Management, vol. 23, n° 1, p. 37-53, 2000.

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) – Segurança Pública (2011). Disponível em: <http://www.ipea.gov.br>. Acesso em: abr. 2011.

KÄÄRIÄINEN, J. “Why do the finns trust the police?” Journal of Scandinavian Studies in Criminology and Crime Prevention, vol. 9, n° 2, p. 141-159, 2008.

KÄÄRIÄINEN, J. SIRÉN, R. “Trust in the police, generalized trust and reporting crime”. European Journal of Criminology, vol. 8, n° 1, p. 65–81, 2011.

KAHN, T. Segurança pública e trabalho policial no Brasil. In: Promoting Human Rights through good governance in Brazil. Centre for Brazilian Studies, University of Oxford: 2003 (conference).

KOURY, M. G. P. “Confiança e Sociabilidade. Uma análise aproximativa da relação entre medo e pertença”. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, João Pessoa, vol.1, n° 2, p. 171-206, ago. 2002.

KROK, J. T. O vínculo constitucional entre o Exército e as Polícias Militares: reflexos na estrutura organizacional, formação e prática profissional (1934 – 1988). Vitória, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas, do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, 2008.

LIMA, R. O. Análise das representações sociais da polícia: um estudo da produção de rap e da relação polícia e juventude. Monografia de Graduação, ESDHC/SENASP, Belo Horizonte, 2009.

LOPES, C. S. “Por que os brasileiros desconfiam da polícia? Uma análise das causas da desconfiança na instituições policial”. In: 7º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), 2010, Recife. AT02 - Cultura Política e Democracia, 2010.

MACDONALD, J. M. et al. “Race, Neighborhood Context, and Perceptions of Injustice by the Police in Cincinnati”. Urban Studies, 13, p. 2567-2585, 2007.

MAGALHÃES, P. “A Confiança nos Parlamentos Nacionais: Regras Institucionais, Representação e Responsabilização Política”. Análise Social, vol. XXXVIII, 167, p. 443-465, 2003.

MARINHO, K. R. L. Mudanças organizacionais na implementação do policiamento comunitário. Belo Horizonte, Dissertação de Mestrado, SOA/UFMG, 2002.

MAWBY, R. C. Chibnall revisited: crime reporters, the police and ‘Law-and-Order News’. Brazilian Journal of Criminology, vol. 50, n° 6, p. 1060-1076, 2010.

MESQUITA NETO, P. Violência policial no Brasil: abordagens teóricas e práticas de controle. In: PANDOLFI, D.C. et al (orgs.). Cidadania, justiça e violência. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999.

MISSE, M. Crime e violência no Brasil contemporâneo: estudos de sociologia do crime e da violência urbana. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2007.

MOISÉS, J. A. “A desconfiança nas instituições democráticas”. Opinião Pública, Campinas, vol. XI, nº 1, p. 33-63, Março, 2005.

MOISÉS, J. A. “Cultura Política, Instituições e Democracia: lições da experiência brasileira”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 23, n° 66, 2008.

MOISÉS, J. A. A confiança e os seus efeitos nas instituições democráticas. In: MOISÉS, J. Á. (Org.). Democracia e confiança: por que os cidadãos desconfiam das instituições públicas?. São Paulo: Editora Edusp, 2010.

MOORE, D. A. Estatística Básica e sua prática. Rio de Janeiro: Ed. LTC, 2000.

MUNIZ, J. Ser policial é, sobretudo, uma razão de ser: cultura e cotidiano da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Tese de Doutorado, Instituto Universitário de Pesquisas, 1999.

MUNIZ, J. Discricionariedade policial e a aplicação seletiva da lei na democracia. Algumas lições extraídas de Carl B. Klockars”, NEV-USP, 2006.

MYHILL, A.; BEAK, K. “Public confidence in the police”. Research, Analysis and Information. National Police Improvement Agency – NPIA, 2008.

NORRIS, P. Critical Citizens: Global Support for Democratic Government. New York: Oxford University Press, 1999.

OLIVEIRA, J. A. “Dá para confiar nas polícias? Confiança e percepção social da polícia no Brasil”. Revista Brasileira de Segurança Pública, São Paulo, Ano 5, Ed. 9, ago.-set. 2011.

PANDOLFI, D.C. et al. Cidadania, justiça e violência. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999.

PAIXÃO, A. L. “A violência urbana e sociologia: sobre crenças e fatos e mitos e teorias e políticas e linguagens”. Religião e Sociedade, vol.15, n° 1, Iser/CER, 1990.

PAIXÃO, A. L. Crime, controle social e consolidação da cidadania. In: REIS, F. & O’DONNELL, G. (eds.). A democracia no Brasil. São Paulo: Vértice. p. 168-199, 1997.

PAIXÃO, A. L.; BEATO, C. C. “Crimes, vítimas e policiais”. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, São Paulo, vol. 9, n° 1, 233-248, maio de 1997.

PANSINI, D. Confiança nas Instituições. Futura net, 2009. Disponível em: <http://www.futuranet.ws>. Acesso em: jun. 2011.

PINHEIRO, P. S. “Violência, crime e sistemas policiais em países de novas democracias”. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, São Paulo, vol. 9, n° 1, p. 43-52, 1997.

RENNÓ, L. R.; SMITH, A. E.; LLOYD, M. L.; PEREIRA, F. Legitimidade e qualidade da democracia no Brasil: uma visão da cidadania. São Paulo: Intermeios; Nashville: LAPOP, 2011.

RIBEIRO, L. M. L.; SILVA, K. A. “As relações entre direitos humanos e práticas dos policiais civis: o papel da percepção dos cidadãos”. Revista Debates, Porto Alegre, vol. 4, n° 2, p. 178-208, jul.-dez. 2010.

RIBEIRO, L. M. L. et al. Relação indivíduo e instituição total: socialização, controles e coesão internos em uma organização policial. Revista do Serviço Público, Brasília, vol. 56, n° 3, p. 295-308, jul.-set, 2005.

ROBERTS, J. V. “Public confidence in criminal justice in Canada: a comparative and contextual analysis”. Canadian Journal of Criminology and Criminal Justice, p. 155-184, 2007.

ROTHSTEIN, B.; USLANER, E. M. “All for One: Equality, Corruption, and Social Trust”. World Politics - vol. 58, n° 1, p. 41-72, oct. 2005.

SANTOS, M. R. Dimensões da percepção sobre a polícia militar de minas gerais pela população de Belo Horizonte. 34º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais – ANPOCS, Caxambu, 2010.

SANTOS, M. R. Trabalho Policial e Lei: um estudo de caso da PMMG em Belo Horizonte. 2012. Belo Horizonte: Dissertação de Mestrado, SOA/UFMG, 2012.

SELIGSON, M. A.; BOOTH, J.; GOMEZ B., M. “Os contornos da cidadania crítica: explorando a legitimidade democrática”. Opinião Pública, vol. 12, n° 1, p. 1-37, 2006.

SILVA, G. F. “Considerações sobre criminalidade: marginalização, medo e mitos no Brasil”. Revista Brasileira de Segurança Pública. São Paulo, Ano 05, Edição 08 fev/mar 2011.

SILVA, G. F. Confiança na polícia em Minas Gerais: o que importa? Belo Horizonte: Dissertação de Mestrado, SOA/UFMG, 2012.

SILVA, G. F.; BRAGA, M. A. F. “Sobre violência e imprensa: Jornais populares versus jornais de qualidade o caso de Minas Gerais”. Argumentos (Unimontes), vol. 5, p. 10-29, 2012.

SILVA, L. A. M. Polícia e segurança pública no Rio de Janeiro de hoje: uma tomada de posição. In: OLIVEIRA, K. B.; OLIVEIRA, G. G. (Org.). Olhares sobre a prevenção a criminalidade. Belo Horizonte: Instituto Elo, p. 35-62, 2009.

SIMMEL, G. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, O. G. (org.). O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara, 1987.

SKOGAN, W. G. “Reporting crimes to the police: the status of world research”. Journal of Research in Crime and Delinquency, vol. 21, n° 2, p. 113-137, May, 1984.

STANCIK, M. A. De médico a homem de ciência: a eugenia na trajetória de Aleixo de Vasconcellos no início do século XX. Paraná: Tese de Doutorado, Universidade Federal do Paraná, 2006.

STOUTLAND S.E. “The multiple Dimensions of Trust in resident/Police relations in Boston”. Journal of Research in Crime and Deliquency, vol. 38, n° 3, p. 226-256, 2001.

SUPER, G. “The spectacle of crime in the ‘new’ South Africa: a historical perspective (1976–2004)”. British Journal of Criminology, 50, p. 165–184, 2010.

TANKEBE, J. “Public confidence in the police: testing the effects of public experiences of police corruption in Ghana”. British Journal of Criminology, 50, p. 296–319, 2010.

TAXMAN, F. S. et al. “Racial disparity and the legitimacy of the criminal justice system: exploring consequences for deterrence”. Journal of Health Care for the Poor and Underserved, vol. 16, n° 4, Supplement B, p. 57-77, 2005.

TYLER, T. R.; FAGAN, J. “Legitimacy and cooperation: why do people help the police fight crime in their communities?” Ohio State Journal of Criminal Law, p. 231-275, 2008.

TYLER, T. R.; WAKSLAK, C. J. “Profiling and police legitimacy: procedural justice, attributions of motive, and acceptance of police authority”. Criminology, vol. 42, n° 2, p. 253-281, 2004.

TYLER, T R. “Policing in black and white: ethnic group differences in trust and confidence in the police”. Police Quarterly, p. 322-342, Sept. 2005.

WACQUANT, L. “Crime e castigo nos Estados Unidos: de Nixon a Clinton”. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, nº 13, p. 39-50, 1999.

WARREN, P. Y. Race, class and trust: perceptions of the police in North Carolina. (Under the Direction of Donald Tomaskovic-Devey.), 2005.

WEITZER, R.; TUCH, S. A. “Race and perceptions of police misconduct”. Social Problems, vol. 51, n° 3, p. 305–325, 2004.

WIATROWSKI, M.; GOLDSTONE, J. A. “The ballot and the badge Democratic Policing”. Journal of Democracy, vol. 21, n° 2, p. 79-92, Apr. 2010.

WOOD, R. “UK: the reality behind the ‘knife crime’ debate”. Race & Class, 52, p. 97-103, 2010.

WVS – World Values Survey, 2005 a 2008. Dísponível em: . Acesso em: nov. 2011.

ZALUAR, A. Da revolta ao crime S.A. São Paulo: Moderna, 1996.

A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.