Banner Portal
Sentidos de mobilização e de desmobilização da ação coletiva
PDF

Palavras-chave

Ação coletiva. Ameaça. Risco. Mobilização. Desmobilização

Como Citar

MONTEIRO, Alcides A.; MONTEZ, Mário Miguel. Sentidos de mobilização e de desmobilização da ação coletiva. Opinião Pública, Campinas, SP, v. 21, n. 1, p. 217–237, 2015. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/op/article/view/8641583. Acesso em: 18 abr. 2024.

Resumo

O presente artigo debruça-se sobre o fenómeno da ação coletiva, usando como exemplo a intervenção protagonizada por um pequeno grupo de pessoas em defesa de um espaço de lazer e natureza denominada Mata Nacional do Choupal, situada em Coimbra (Portugal), contra a construção de um viaduto rodoviário. A análise deste pequeno grupo contextualiza a compreensão da relação entre a ação coletiva e o fenómeno da ameaça, mostrando como essa ação coletiva é condicionada por uma dimensão emocional, proveniente da relação do sujeito com os bens de que usufrui. Aponta-se para a existência de uma dinâmica determinante para a mobilização e para a desmobilização da ação coletiva, decorrente da relação entre a ameaça e a perceção de risco pelos elementos do grupo, que denominamos de “sentidos da ação coletiva”.

 

Abstract:

This article focuses on the phenomenon of collective action, using as an example the intervention carried out by a small group of people in defense of a public space of leisure and nature named “Mata Nacional do Choupal”, situated in Coimbra (Portugal), against the construction of a highway road. The analysis of this small group frames the understanding of the relationship between collective action and the phenomenon of threat, showing how such collective action is conditioned by an emotional dimension, from the individuals' relation to the goods that they enjoy. Thus, we point out the existence of a dynamic factor for mobilization and demobilization of collective action, arising from the relationship between the threat and the perception of risk by the elements of the group, which we call “directions of collective action”.

Keywords: collective action; threat; risk; mobilization; demobilization

PDF

Referências

ALVESSON, M.; SKÖLDBERG, K. Reflexive methodology: new vistas for qualitative research. London: Sage Publications, 2000.

ARENDT, H. A condição humana. Lisboa: Relógio de Água, 2001.

BECK, U. Risk society: towards a new modernity. New Delhi: Sage, 1992.

BECK, U.; GIDDENS, A.; LASH, S. Modernização reflexiva. Política, tradição e estética no mundo moderno. Oeiras: Celta Editora, 2000.

CHINCHILA, M. “Acción colectiva e intervención professional del trabajo social: límites y possibilidades para la construcción de ciudadanía”. Katálysis, Florianópolis, vol. 9, nº 2, p. 158-1665, jul.-dez. 2006.

DEMAZIÈRE, D.; DUBAR, C. Analyser les entretiens biographiques: l'exemple de récits d'insertion. Paris: Éditions Nathan, 1997 DRURY, J.; REICHER, S. “Collective psychological empowerment as a model of social change: researching crowds and power”. Journal of Social Issues, vol. 65, nº 4, p. 707-725, December 2009.

ESTANQUE, E. “Acção colectiva, comunidade e movimentos sociais: para um estudo dos movimentos de protesto público”. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, nº 55, p. 85-111, nov. 1999.

FERREIRA, F. I. “Ambiguidades das políticas sociais contemporâneas: a participação sem participantes”. In: Actas do VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais – Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Coimbra, set. 2004.

FLAM, H. “Emotional ‘Man’: I. The emotional ‘man’ and the problem of collective action”. International Sociology, nº 1, p. 39-56, march 1990.

GARRETÓN, M.A. “La tranformación de la acción colectiva en América Latina”. Revista de la Cepal, México, nº 76, p. 7-24, abr. 2002.

GOODWIN, J.; JASPER, J. M.; POLETTA, F. Emotional dimensions of social movements. In: SNOW, D. A.; SOULE, S. A.; KRIESI, H. (eds.). The Blackwell companion to social movements. Victoria: Blackwell Publishing, 2004.

GUERRA, I. “O planeamento estratégico das cidades – organização do espaço e acção colectiva”. Revista Cidades e Territórios, Lisboa, nº 1, p. 37-55, dez. 2000.

GUERRA, I. Participação e acção colectiva – interesses, conflitos e consensos. Estoril: Editora Principia, 2006.

JASPER, J. M. “The Emotions of protest: affective and reactive emotions in and around social movements”. Sociological Forum, vol. 13, nº 3, p. 397-424, 1998.

JASPER, J. M. “Emotions and social movements: twenty years of theory and research”. Annual Review of Sociology, nº 37, p. 285-303, 2011 LAMMERINK, M.; BURY, P.; BOLT, E. “An introduction to participatory action development”. PLA Notes, vol. 35, p. 29-33, 1999.

MELUCCI, A. Challenging codes: collective action in the information age. Cambridge: Press Syndicate of the University of Cambridge, 1996.

MENDONÇA, R. “Reconhecimento e (qual?) deliberação”. Opinião Pública, Campinas, vol. 17, nº 1, p. 206-227, jun. 2011.

MONTEIRO, A. Associativismo e novos laços sociais. Coimbra: Quarteto, 2004a.

MONTEIRO, A. “O que as move? Ensaio sobre a tipologia das iniciativas de desenvolvimento local (idl) e as suas orientações na/para a acção”. In: Actas dos ateliers do V Congresso Português de Sociologia Sociedades Contemporâneas: Reflexividade e Acção, Coimbra, p. 1-12, 2004b.

OLSON, M. A lógica da acção colectiva: bens públicos e teoria dos grupos. Oeiras: Celta Editora. 1998.

PARDO, M. “Sociologie et risque: nouveaux éclairages sur les facteurs sociaux et la participation”. MANA – Revue de Sociologie et d’Anthropologie, nº 10-11, p. 285-305, 2002.

PARSONS, T.; SHILS, E. Towards a general theory of action – theoretical foundations for the social sciences. New Brunswick/Londres: Transaction Publishers, 2007.

PEREIRA, M. “Movimentos sociais e democracia: a tensão necessária”. Opinião Pública, Campinas, vol. 18, nº 1, p. 68-87, jun. 2012.

QUIRÓS, J. “Política e economia na ação coletiva: uma crítica etnográfica às premissas dicotómicas". MANA, Rio de Janeiro, vol. 15, nº 1, p. 127-153, abr. 2009.

REBELO, F. Riscos naturais e acção antrópica: estudos e reflexões. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2003.

REBELO, F. Geografia física e riscos naturais. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010.

SABUCEDO, J. M., et al. “Emotions, ideology and collective action”. Universitas Psychologica, Bogotá, vol. 10, nº 1, p. 27- 34, Enero-Abril, 2010.

SANTOS, B. S. Democratizar a democracia: os caminhos da democracia participativa. Porto: Edições Afrontamento, 2001.

THOITS, P. A. “The sociology of the emotions”. Annual Review of Sociology, nº 15, p. 307-342, 1989.

TILLY, C. La France conteste: de 1600 à nos jours. Paris, Fayard, 1986.

TOURAINE, A. O retorno do actor: ensaio sobre sociologia. Lisboa: Instituto Piaget, 1996. Van ZOMERAN, M.; IYER, A. “Introduction to the social and psychological dynamics of collective action”. Journal of Social Issues, vol. 65, nº 4, p. 645-660, December, 2009.

A Opinião Pública utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.