Resumo
Neste texto apresentamos os resultados de uma pesquisa desenvolvida no quadro do projeto de cooperação internacional cujo objeto foi promover uma discussão interdisciplinar sobre a noção de ambiência urbana a partir de um estudo de campo realizado no espaço público de cinco cidades, a saber, Paris, Bonn, Varsóvia, Tunes e São Paulo. Participaram do projeto especialistas dos campos da arquitetura, do urbanismo, da sociologia, da geografia, da psicologia ambiental, da saúde pública e dos estudos da linguagem, mais especificamente da análise do discurso (doravante AD), campo no qual nos inscrevemos. Propomos, em primeiro lugar, algumas relações que podem ser estabelecidas, do ponto de vista epistemológico, entre a fenomenologia que sustenta a abordagem das ambiências no campo dos estudos urbanos e o dispositivo da AD, para esboçarmos, em seguida, algumas aproximações teóricas e conceituais que a análise de nosso corpus permitirá esclarecer. Mobilizaremos, em termos analíticos, a oposição público/privado, enquanto distinção histórica que dá uma configuração particular ao espaço produzido e às formas de sociabilidade estabelecidas na assim chamada tradição ocidental. A análise, através da noção de memória discursiva, de como tal oposição opera no espaço estudado, determinando a percepção do movimento, poderá contribuir para compreender o que há de comum e o que há de específico nos modos de habitar característicos das cidades brasileiras quando confrontados às outras realidades urbanas que foram objeto de estudo nesta pesquisa.
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