Resumo
Este artigo propõe uma análise dos títulos de quadros enquanto discurso, apresentando suas principais propriedades linguísticas e sua constituição histórica. A análise mostra, de um lado, que essas propriedades estão amplamente condicionadas pela natureza dos referentes em questão, as telas, enquanto objetos fabricados para serem vistos, o que configura a titulação como um modo discursivo particular, com um funcionamento diferenciado daquele do discurso ordinário. De outro lado, postula-se que sua constituição é o resultado de um processo histórico de mudança no paradigma estético: a titulação de quadros propriamente dita nasce com a pintura moderna, quando a imagem se descola da referência extrapictórica e a tela um objeto de arte autônomo; o aparecimento da fotografia desempenha talvez aí um papel decisivo. Quando Le Christ en croix [O Cristo na Cruz] se torna em Gauguin Le Christ jaune [O Cristo Amarelo], observa-se um deslocamento determinante: passa-se da identificação do tema ao título da pintura, isto é, ao nome do quadro. É, portanto, num intervalo entre a maneira de designar o modelo (ou o tema) e a designação da figuração pictórica que emerge o título, estabelecendo um modo particular de ver a pintura.O periódico RUA utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.
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