Resumo
Este trabalho objetiva problematizar emergências de heterogeneidade(s) enunciativa(s) (AUTHIER-RÉVUZ, 1990, 1998, 2004) no Documento Base, elaborado para embasar a 1ª Conferência Nacional de Política Indigenista. Alicerça-se nos estudos da AD de origem francesa e no método arquegenealógico (FOUCAULT, 2015), em sua perspectiva dicursivo-desconstrutiva (CORACINI, 2007, GUERRA, 2011). Os resultados obtidos indicam que a utilização das aspas na materialidade discursiva analisada se deu, primeiro, como recurso preventivo contra a apropriação da ideia alheia, depois pela necessidade de o sujeito enunciador eximir-se da responsabilidade sobre o sentido de determinados itens lexicais e, por fim, como questionamento
do efeito de sentido evocado pelas palavras aspeadas.
Referências
AUTHIER-RÉVUZ, J. Heterogenidade(s) Enunciativa(s). In: Cadernos de Estudos Linguísticos, nº19, Campinas, jul-dez, 1990.
AUTHIER-RÉVUZ, J. Palavras Incertas: as não-coincidências do dizer. Campinas: Editora da UNICAMP, 1998.
AUTHIER-RÉVUZ, J. Entre a transparência e a opacidade: um estudo enunciativo do sentido. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
BRASIL. (2014) DECRETO DE 24 DE JULHO DE 2014. Convoca a 1ª Conferência Nacional de Política Indigenista. Disponível em: http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/ascom/2014/doc/11-nov/decreto.pdf. Acesso em: 22/04/2018, às 11h30.
BORGES, Luiz C. A Instituição de Línguas Gerais no Brasil. In: ORLANDI, Eni P. (Org.) História das Ideias Linguísticas do Brasil: construção do saber metalinguístico e constituição da língua nacional. Campinas: Pontes; Cáceres, MT: Unemat Editora, 2001.
CANCLINI, Néstor G. Culturas híbridas: poderes oblíquos. In: CANCLINI, Néstor G. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Trad. Heloisa Pezza Cintrão e Ana Regina Lessa. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013, p. 283-351.
CHARAUDEAU, P.; MAINGUENEAU, D. Dicionário de Análise do Discurso. São Paulo: Contexto, 2008. 2ed.
CORACINI, Maria J. A celebração do outro: arquivo, memória e identidade: línguas materna e estrangeira. Plurilinguismo e tradução. Campinas: Mercado de Letras, 2007.
FLEURI, Reinaldo Matias. Intercultura e educação. In: Revista Brasileira de Educação, nº 23. 2003.
FOUCAULT, Michel. A Arqueologia do Saber. 3 ed. Trad. Baeta Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987.
FOUCAULT, Michel. Método. In: FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. E ed. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J.A. Guilhon Albuquerque. São Paulo: Paz e Terra, 2015.
FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (2015) Documento Base. Disponível em: http://www.funai.gov.br/index.php/todos-presidencia/3252-documentos-1-conferencianacional-de-politica-indigenista. Acesso em 06/11/2017. Acessado em 15/08/2017 às 22h.
GUERRA, V.M.L. Entre a mídia impressa e o discurso da “integração”, a construção identitária dos indígenas. In CORACINI, Maria José R. F. (Org.) Identidades silenciadas e (in)visíveis: entre a inclusão e a exclusão (identidade, mídia, pobreza, situação de rua, mudança social, formação de professores). Campinas: Pontes, 2011, p.127-148.
GUERRA, V.M.L. Povos indígenas: identidade e exclusão social. Campo Grande: Editora da UFMS, 2015.
HALL, Stuart. A questão multicultural. In HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Org. Liv Sovik. Trad. Adelaine La Gurdia Resende et al. Belo Horizonte: Editora da UFMG. 2006, p. 51-100.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. O Brasil indígena. In: http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/ascom/2013/img/12-Dez/pdf-brasilind.pdf. Acessado em: 15/07/2017 ás 18 h.
MARIANI, Bethania. A institucionalização da língua. História e cidadania no Brasil do século XVIII: O papel das academias literárias e da política do marquês de Pombal. In: ORLANDI, Eni P. (Org.) História das Ideias Linguísticas do Brasil: construção do saber metalinguístico e constituição da língua nacional. Campinas: Pontes; Cáceres, MT: Unemat Editora, 2001.
NOBRE, Wagner Carvalho de Argolo. Introdução à história das línguas gerais no Brasil: processos distintos de formação no período colonial 2011. 229 f. Dissertação. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2011.
NOLASCO, Edgar C. O método do discurso fronteiriço: por uma aproximação do sujeito da exterioridade. In: GUERRA, V. M.L. ; ALMEIDA,W.D. (Orgs). Povos indígenas em cena: das margens ao centro da história. Campo Grande: OMEP/BR, 2016, p.52-66.
ORLANDI, Eni P. As formas do silêncio no movimento dos sentidos. 7. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2009.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder e classificação social. In: QUIJANO, Aníbal.; MENESES, Maria Paula (orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010. p. 84-130.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad y Modernidad/Racionalidad. 1992. Disponível em: https://problematicasculturales.files.wordpress.com/2015/04/quijano-colonialidad-ymodernidad-racionalidad.pdf. Acesso em: 29/07/2016.
SANTOS, Boaventura S. Para além do Pensamento Abissal: das linhas globais a uma ecologia dos saberes. In: SANTOS, Boaventura S. MENESES, Maria Paula (orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010. P. 31-83.
WILL, Karhen Lola P. Um retrato do genocídio cultural no campo jurídico internacional. Revista dos Tribunais. Vol. 969. Ano 105. p. 111-130. São Paulo: Revista do Tribunais, jul. 2016.
O periódico RUA utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.