Resumo
Este estudo propõe-se analisar o funcionamento discursivo das charges de Henfil, que foram produzidas no jornal da imprensa alternativa O Pasquim. Nosso gesto de interpretação nas charges em análise está diretamente relacionado às condições de produção do AI-5, momento de maior tensão do regime militar brasileiro, que se caracterizou pela perseguição e prisão de artistas. As noções de memória discursiva, condições de produção, equívoco, imagem, dentre outras, são mobilizadas por proporcionar uma maneira própria de entender o processo de vigência do AI-5 durante o período da ditadura militar brasileira e compreender como o discurso faz para sustentar o efeito humorístico. Selecionamos duas charges como objeto de análise que contemplam as seguintes temáticas do/sobre o AI-5: a perseguição e a prisão de artistas e intelectuais e a prática da tortura.
Referências
ARNS, D. P.E. Brasil: nunca mais. Petrópolis: Vozes, 1987.
BRAGA, J.L. O Pasquim e os anos 70: mais prá epa que pra oba. Brasília: Universiade Federal de Brasília,1991.
BIBLIOTECA NACIONAL. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2020. Disponível em: https://bndigital.bn.gov.br/dossies/o-pasquim/. Acesso em: 04 ago. 2020.
COURTINE, J. J. “Análise do discurso político”. Linguagem, número 62, junho, 1981.
BRETON, A. Anthology of Black Humor. Tradução para o inglês Marx Polizzohi. San Francisco: City Lights Books, 1997.
DAVALLON, J. Papel da memória. In: Achard, P. et al. (orgs.). Papel da Memória. Tradução e introdução José Horta Nunes. Campinas, SP: Pontes, 1999.
FERREIRA, L. M.C. Da ambiguidade ao equivoco: a resistência da língua nos limites da sintaxe e do discurso. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000.
GADET, F.; PÊCHEUX, M. (1981). A língua inatingível: o discurso na história da linguística. Trad. Bethânia Mariani e Maria Elizabete Chaves de Mello. Campinas: Pontes, 2004.
HENRY, P. A história não existe? Trad. por José Horta Nunes. In: ORLANDI, E. (org.) Gestos de Leitura. Campinas, Ed. da Unicamp, 1994. p.29-54
KUCINSKI, B. Jornalistas e revolucionários: nos tempos da imprensa alternativa/Bernardo Kucinski. - e ed. rev. e ampl. -São Paulo: editora da Universidade de São Paulo,2018.
LAGAZZI, S. Entre o amarelo e o azul: a história de um percurso. Línguas e Instrumentos Linguísticos, Campinas, SP, n. 44, p. 290–316, 2019.
LAGAZZI, S. Linha de passe: a materialidade significante em análise. Rua. [online] 2010, n.16, vol..2.
ORLANDI, E. As formas do silêncio: movimento dos sentidos. 6 ed. Campinas, SP: Pontes, 2007a.
ORLANDI, E. Interpretação; autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007 b.
ORLANDI, E. Análise do Discurso – Princípios & Procedimentos. 6. ed. Campinas, SP: Pontes, 2005.
ORLANDI, E. Efeitos do verbal sobre o não-verbal. Campinas, Rua, n. 1, p. 35-47, 1995.
ORLANDI, E. “Segmentar ou recortar?” Linguística: questões e controvérsias. Série Estudos 10. Curso de Letras do Centro de Ciências Humanas e Letras das Faculdades Integradas de Uberaba, 1981.
ORALNDI, E. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. Campinas: Pontes,2001.
PIRES, M. Cultura e política nos quadrinhos de Henfil. São Paulo, n.2, v.25, p.94-114, 2006.
PÊCHEUX, M. Delimitações, inversões, deslocamentos. Caderno de Estudos Linguísticos. n.19, 1990, p.7-24.
PÊCHEUX, M. Papel da Memória. In: ACHARD, P. et. al (orgs.) Papel da memória. Tradução e introdução José Horta Nunes. Campinas, SP: Pontes, 1999.
PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução de Eni P. Orlandi, Lourenço Chacon Jurado Filho, Manoel Luiz Gonçalves Corrêa, Silvana Mabel Serrani. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, [1975] 1997a.
PÊCHEUX, M E FUCHS, C. A propósito da análise automática do discurso: atualização e perspectivas (1975). In: GADET, F; HAK, T. orgs). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux: e ed. São Paulo: Unicamp.1997b.
PÊCHEUX, M. E FRANÇOISE G. A língua inatingível. In: GADET, F. PÊCHSUX, M. Campinas- Pontes-2004.
SILVA, C. L. M. Mafalda e a emancipação feminina. Linguagens- Revista de Letras, Artes e Comunicação, [S.l.] v.5, n. 3, p.269-286, nov. 2012.
SILVA, M. Rir por último: Henfil, a ditadura e os contextos. Projeto História: Revista Do Programa De Estudos Pós-Graduados De História, 24, 2012.
SCHONS, C. R.; DAGNEZE, C. S. Trapaceando a língua no governo Médici: um estudo sobre o imaginário de língua pelo jornal O Pasquim. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v.11, n. 1, p. 37-57, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ld/v11n1/a03v11n1.pdf. Acesso em: 15 ago. 2020.
SCHWARCZ, L. M. Brasil: uma biografia/ Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling- 2 ed.- São Paulo: Companhia das Letras, 2018
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Copyright (c) 2024 RUA