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Do silêncio angustiante aos sentidos desviantes: subversão discursiva na microesfera do exercício de poder
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Palavras-chave

Fotografia oitocentista. Sociedade escravocrata. Formação-imaginária. Resistência discursiva

Como Citar

SOUZA, Camila Targino e; MELO, Cristina Teixeira Vieira de. Do silêncio angustiante aos sentidos desviantes: subversão discursiva na microesfera do exercício de poder. RUA, Campinas, SP, v. 15, n. 1, p. 15–28, 2015. DOI: 10.20396/rua.v15i1.8638869. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/view/8638869. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

A coleção Francisco Rodrigues de fotografia, pertencente à Fundação Joaquim Nabuco, é conhecida por guardar a memória visual das famílias dos senhores-de-engenho do Brasil do final do século XIX e início do século XX. A partir da análise de uma imagem específica desta coleção, em que uma mulher branca com uma criança negra no colo é retratada no jardim externo de um sobrado, mostramos o confronto discursivo travado entre a sociedade patriarcal escravocrata e outros discursos que lhe eram opositores, como o discurso abolicionista e o da insubordinação feminina. Para tal análise, agenciamos em especial o conceito de formação imaginária (PÊUCHEUX, 1993) e o de resistência (FOUCAULT, 2006). Também, a partir de uma abordagem discursiva, discorremos sobre a própria materialidade fotossensível usada para imprimir a imagem em foco, no caso, uma albumina. Esta tecnologia perseguiu o desejo de registrar com precisão o “real” e atestar a verdade das coisas, em consonância com o pensamento de base iluminista. Ao final, a análise mostra que o diálogo entre a materialidade mesma da fotografia e a representação imagética aponta para uma série de confrontos discursivos que desestabilizam a ordem vigente.

https://doi.org/10.20396/rua.v15i1.8638869
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Referências

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