Resumo
A Remate de Males pretende, neste dossiê, revisitar um tema que gera inúmeros debates na crítica literária brasileira: a relação entre literatura e sociedade. Para muitos, vincular a literatura às demandas mundanas da sociedade (o mercado, o capitalismo, as dinâmicas de classe social, as violências fundantes de contratos sociais, etc) seria um modo de limitar seu potencial universalizante. Afinal, pode-se ler e ter apreço por Dostoievski sem conhecer a estrutura social da Rússia czarista; admirar a prosa machadiana sem ter familiaridade com os dilemas ideológicos do Brasil escravista e deleitar-se com o Don Quijote de Miguel de Cervantes sem ater-se às complexidades da sociedade estamental espanhola do século XVII. Não podemos duvidar que livros podem ser lidos e apreciados fora do seu contexto histórico-sociológico original. Tal truísmo, no entanto, não pode servir de justificativa anti-intelectualista para impedir uma compreensão mais nuançada do fator estruturante das relações sociais nas obras literárias, seja no seu contexto original, seja nos variados momentos de sua recepção.
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