Banner Portal
Para descobrir mundos outros, nomear as coisas e (re)inventar(nos): : o lugar da literatura ao decolonizar os saberes e sulear a formação inicial docente em Letras
PDF

Palavras-chave

Linguística Aplicada
Estudos Decoloniais
Literatura
formação inicial docente
línguas adicionais

Como Citar

Para descobrir mundos outros, nomear as coisas e (re)inventar(nos): : o lugar da literatura ao decolonizar os saberes e sulear a formação inicial docente em Letras. Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, SP, v. 64, p. e025013, 2025. Disponível em: http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/tla/article/view/8676914. Acesso em: 31 maio. 2025.

Resumo

Em Cem anos de solidão (1967), a voz narrativa desconstrói a ideia de conceitos prontos, principalmente a visão cristã da palavra-verbo. Nesse romance, a ficção enfatiza a relação entre a perspectiva de quem vê e a decisão de nomear cada uma das coisas através do corpo-palavra (Freire, 2005). Nessa perspectiva, este artigo discute como a literatura se constitui enquanto espaço para as descobertas de mundos outros (Mignolo, 2003) e território(s) para os reconhecimentos de culturas, identidades, saberes, poderes, raças e desigualdades sociais. Pela Linguística Aplicada, pode-se sulear o realismo mágico de García Márquez, discutindo como a literatura se faz enquanto artefato cultural (Certeau, 2000) necessário para o contexto do ‘aprenderensinar’ (Alves, 2019) línguas adicionais. A revisão bibliográfica baseia-se na Linguística Aplicada (Kleiman, 2013; Rajagopalan, 2003); nos Estudos Decoloniais (Castro-Gómez; Grosfoguel, 2007; Quijano, 2014); e no ensino e mediação da literatura (Andruetto, 2023; Castillo, 2020; Fleck, 2018; Vallejo, 2020; Autor 2, 2023, 2024). Metodologicamente, analisamos os dados de um questionário Google Forms, destinado aos licenciandos em Letras de duas universidades públicas. Nos resultados, destacam-se: i) silenciamento e limitação das práticas literárias na Educação Básica; ii) engajamento discente nas leituras e papel docente; iii) a literatura como um agente de transformação. Sublinha-se que os licenciados percebem seus loci de enunciação, reconhecendo as teias de poder que os constituem e valorizando o literário como caminho para nomear maneiras outras de (se) estar no mundo. Espera-se que este estudo contribua para o entendimento da sociedade contemporânea e para os desafios na formação inicial docente.

PDF

Referências

ALVES, N. (2019). Sobre as redes educativas que formamos e que nos formam. In: Alves, N. Práticas pedagógicas em imagens e narrativas – memórias de processos didáticos e curriculares para pensar as escolas hoje. São Paulo: Cortez, p. 115-133.

ANDRUETTO, M. T. (2014). La lectura, otra revolución. Espacios para la lectura. México D.F: Fondo de Cultura Económica.

BAJOUR, C. (2020). Literatura, imaginación y silencio: lo no dicho como lugar de encuentro entre lectores. In: BAJOUR, Cecilia. Literatura, imaginación y silencio. Desafíos actuales en mediación de lectura. Lima: Biblioteca Nacional del Perú, p. 13-38.

BOURDIEU, P. (1989-1990). El campo literario. Prerrequisitos críticos y principios de método. Criterios, La Habana, n.25-28, p. 20-42. Traducción de Desiderio Navarro.

CASTILLO, J. (2020). La lectura como política. Construyendo políticas y planes nacionales del libro y la lectura. Lima: Biblioteca Nacional del Perú.

CASTRO-GOMÉZ, S.; GROSFOGUEL, R. (2007). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores: Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar.

CASTRO-GÓMEZ, S. (2007). Decolonizar la universidad. La hybris del punto cero y el diálogo de saberes. In: CASTRO-GOMÉZ, Santiago.; GROSFOGUEL, R. El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores: Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar.

CERDEIRA, P. de L. (2024). Del sustantivo al verbo intransitivo: un Manifiesto Nosotros Literaturamos (de los desafíos de ‘aprenderenseñar’ literaturas hispánicas en el siglo XXI). Revista Abehache, n. 25, 1 semestre 2024, p. 51-70. Disponível em: https://www.revistaabehache.com/ojs/index.php/abehache/article/view/512/371 Acesso em: 13 maio 2024.

CERTEAU, M. de. (2014). A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes.

DUBOC, A. P. M. (2023). Sobre flores e náuseas: revisitando a noção de letramento crítico nas brechas da aula de línguas. Canal Profformação, 15 de dez 2023. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7kdWhTw6NsA. Acesso em: 10 jun.2024.

DURÃO, F. A.; CECHINEL, A. (2022). Ensinando literatura. A sala de aula como acontecimento. São Paulo: Parábola Editorial.

FLECK, G. F. (2018). Reflexiones por una enseñanza de lengua extranjera que valore la lectura y la escritura como caminos para la descolonización de América Latina. In: López et al. (Orgs.). El universo literário en la enseñanza de español como lengua extranjera en Brasil. Porto Alegre: UNIOESTE – Evangraf/Exclamação, p. 181-198.

FLECK, G. F. (2023). Enseñar/aprender literatura en América Latina: una acción decolonial. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iP-pC3mDVmk&t=18s. Acesso em: 13 maio 2024.

FRANCHETTI, P. (2021). Sobre o ensino de literatura. São Paulo: Editora UNESP, p. 13-25.

FREIRE, P. (2005). A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez;

GARCÍA MÁRQUEZ, G. (1998). Cien años de soledad. 6 ed. Barcelona: Plaza & Janes Editores.

GARCÍA MÁRQUEZ, G. (1967). Cem anos de solidão. Tradução de Eliane Zagury. Rio de Janeiro: Editora Record.

KLEIMAN, A. B. (2003). Agenda de pesquisa e ação em Linguística Aplicada: problematizações. In: Moita-Lopes, L. P. (Org.) Linguística Aplicada na modernidade recente: festschrift para Antonieta Celani. São Paulo: Parábola Editorial, p. 39-58.

MASTRELLA-DE-ANDRADE, M.R. (2020). Esforços decoloniais e o desejo de romper com binarismos e hegemonias nas relação escola-universidade. In: Mastrella-de-Andrade, M.C. (org.). (De)colonialidades na relação escola-universidade para formação de professoras (es) de línguas.Campinas, SP: Pontes Editores, p.13-20.

MENEZES DE SOUSA, L. M. T. (2011). Para uma redefinição de Letramento Crítico: conflito e produção de significação. In: Maciel, R. F; Araújo, V. A. (Org.) Formação de Professores de Línguas: ampliando perspectivas. Jundiaí: Paco Editorial, p. 128-140.

MIGNOLO, W. (2003). Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Editora UFMG.

MOITA LOPES, L.P. (2006). Linguística Aplicada e vida contemporânea: problematização dos construtos que têm orientado a pesquisa. In: Moita Lopes, L. P. (org.), Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, p. 85-107.

PENNAC, D. (1996).Como una novela. Bogotá: Editorial Normal, 1996.

QUIJANO, A. (2014) Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. In: Cuestiones y horizontes: de la dependencia histórico-estructural a la colonialidad/descolonialidad del poder. Buenos Aires: CLASO.

RAJAGOPALAN, K. (2003). Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola Editorial.

REZENDE, N. L. (2013). O ensino de literatura e a leitura literária. In: DALVI, M. A.; REZENDE, N. L. de; JOVER-FALEIROS, R. (Org.). Leitura de literatura na escola. São Paulo: Parábola, 2013.

SILVESTRE, V. P.; SABOTA, B.; PEREIRA, A. L.(2020). Girando o olhar: esforços decoloniais na ressignificação do estágio de língua inglesa. In: Mastrella-De-Andrade, M.R.(org.). (De)colonialidades na relação escola-universidade para formação de professoras (es) de línguas.Campinas, SP: Pontes Editores, p.103-121.

VALLEJO, I. (2020). Manifiesto por la lectura. Madrid: Siruela.

WALSH, C. (2017). Pedagogías Decoloniales. Práticas Insurgentes de resistir, (re)existir e (re)vivir. Editora Abya-Yala: Equador. (Serie Pensamiento Decolonial). Tomo I.

ZILBERMAN, R. (2012). A leitura e o ensino da literatura. Curitiba: Ibpex, 2012.

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Copyright (c) 2024 Phelipe de Lima Cerdeira, Denise Akemi Hibarino