Resumo
Este artigo propõe analisar como as mulheres no Brasil da Era Vargas foram consideradas, por diversos grupos sociais e pelo poder instituído, como instrumento privilegiado para a transformação do quadro populacional do país. A defesa pública daquilo que muitos consideravam como funções femininas adquiriu nova perspectiva: cuidar do lar, desempenhar a maternidade, zelar pelo bem estar do outro, constituíam atividades que foram redimensionadas, no quadro social e político da época, como atribuições essenciais para a construção de uma população brasileira saudável, disciplinada e operosa.
Abstract
This study examines how women in Brazil's Vargas Age were considered, by various social groups and established power, as a privileged instrument for the transformation of the country's population. The public defense of what many regarded as female roles, acquired a new perspective: taking care of home, becoming mothers, ensuring the welfare of others, were activities which were remodeled, in the social and political context of the time, as essential tasks for building a healthy, disciplined, and industrious Brazilian population
Key Words: Vargas Age, Population, Women
Referências
ANDERSON, Benedict. Nação e Consciência Nacional. São Paulo, Editora Ática, 1989.
BESSE, Susan K. Modernizando a Desigualdade: reestruturação da ideologia de gênero no Brasil: 1914-1940. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1999.
BRITES, Olga. Infância, higiene e saúde na propaganda (usos e abusos nos anos 30 a 50). Revista Brasileira de História, São Paulo, vol.20, nº 39, 2000, pp.249-278.
CARDOSO, Ciro Flamarion; MALERBA, Jurandir. (orgs.) Representações – contribuição a um debate transdisciplinar. São Paulo, Papirus, 2000.
CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 1990.
CODATO, Adriano Nervo; GUANDALINI, Walter. Os autores e suas ideias: um estudo sobre a elite intelectual e o discurso político do Estado Novo. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, nº 32, 2003, pp.145-164.
COSTA, Suely Gomes. Movimentos feministas, feminismos. Estudos Feministas, Florianópolis, vol. 12, Set/Dez 2004, pp.23-36.
DUARTE, Regina Horta. Em todos os lares, o conforto moral da ciência e da arte: A Revista Nacional de Educação e a divulgação científica no Brasil (1932-1934). História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, vol. 11, nº 1, 2004, pp.33-56.
DUBY, Georges; PERROT, Michelle. (orgs.) História das Mulheres – O século XX. vol. 5. Porto, Edições Afrontamento, 1991.
DUTRA, Eliana de Freitas. O Ardil Totalitário: imaginário político no Brasil dos anos 30. Rio de Janeiro, Editora UFRJ, 1997.
EISENBERG, José. Patriotismo e gênero na tradição do pensamento político moderno: uma genealogia. Revista USP, São Paulo, nº 59, set./nov. 2003, pp.21-35.
FAUSTO, Boris. O pensamento nacionalista autoritário (1920-1940). Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2001.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1985.
__________. Naissance de la Biopolitique. Cours au Collège de France 1978-1979. Paris, Gallimard/Seuil, 2004.
__________. Sécurité, territoire, population. Cours au Collège de France.
-1978. Paris, Gallimard/Seuil, 2004.
FREIRE, Maria Martha de Luna. ‘Ser mãe é uma ciência’: mulheres, médicos e a construção da maternidade científica na década de 1920.
História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, vol. 15, supl., jun. 2008, pp.153-171.
GOMES, Ângela de Castro; OLIVEIRA, Lúcia Lippi; VELLOSO, Mônica Pimenta. Estado Novo: ideologia e poder. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1982.
GROSSI, Miriam Pillar; PEDRO, Joana Maria. (orgs.) Masculino, feminino, plural: gênero na interdisciplinaridade. Florianópolis, Ed. Mulheres, 1998.
HAHNER, June E. Emancipação do sexo feminino – A luta pelos direitos da Mulher no Brasil, 1850-1940. Florianópolis, Ed. Mulheres/Santa Cruz do Sul, EDUNISC, 2003.
IBGE. Tendências Demográficas – uma análise da população com base nos resultados dos censos demográficos de 1940 e 2000. Coleção Estudos e Pesquisas – Informação geográfica e socioeconômica, nº 20, Rio de Janeiro, 2007.
LENHARO, Alcir. Sacralização da Política. Campinas, SP, Papirus, 1986.
MARIANO, Silvana Aparecida. O sujeito do feminismo e o pósestruturalismo.
Revista Estudos Feministas, Florianópolis, vol.13, nº 3, set./dez. 2005. Disponível em: MARTINS, Ana Paula Vosne. “Vamos criar seu filho”: os médicos puericultores e a pedagogia materna no século XX. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, vol.15, nº1, jan.-mar, 2008, pp.135-154.
MATOS, Maria Izilda Santos de; SOIHET, Rachel. (orgs.) O corpo feminino em debate. São Paulo, Editora UNESP, 2003.
MICELI, Sérgio. Intelectuais e classe dirigente no Brasil (1920-1945). São Paulo/Rio de Janeiro, DIFEL, 1979.
PANDOLFI, Dulce. (org.) Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro, Ed.
FGV, 1999.
PRIORE, Mary Del. (org.) História das Mulheres no Brasil. São Paulo, Contexto, 2004.
RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar: Brasil 1890-1930. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985.
SCHWARTZMAN, Simon; BOMENY, Helena Maria Bousquet; COSTA, Vanda Maria Ribeiro. Tempos de Capanema. São Paulo, EDUSP/Paz e Terra, 1984.
SCOTT, Joan. História das Mulheres. In: BURKE, Peter. (org.) A Escrita da História - Novas perspectivas. São Paulo, UNESP, 1992, pp.63-95.
SOIHET, Rachel. A pedagogia da conquista do espaço público pelas mulheres e a militância feminista de Bertha Lutz. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, Set/Out/Nov/Dez 2000, pp.97-117.
__________. Violência simbólica – saberes masculinos e representações femininas. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, vol.5, nº1, jan./jul.1997, pp.7-29.
SOIHET, Rachel; PEDRO, Joana Maria. A emergência da pesquisa da História das Mulheres e das Relações de Gênero. Revista Brasileira de História, São Paulo, vol. 27, nº 54, 2007, pp.281-300.
VILHENA, Cynthia. Família, mulher e prole: a doutrina da Igreja e a política social do Estado Novo. Tese de doutorado, Faculdade de Educação, USP, 1988.
WOLFE, Joel. “Pai dos pobres” ou “Mãe dos ricos”?: Getúlio Vargas, industriários e construções de classe, sexo e populismo em São Paulo, 1930-1954. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, vol. 14, nº 27, 1994, pp.27-59.