Resumo
Se a antropologia se preocupa com a possível violência epistemológica desencadeada pelo uso de categorias universalizantes (como gênero) para falar de práticas e formas de pensamento indígenas, o mesmo não pode ser dito sobre as preocupações indígenas para com suas próprias categorias, pragmática ou discursivamente elaboradas no sentido oposto. Para a grande maioria, por exemplo, a norma é que os homens se engajem diretamente com o mundo exterior dos “brancos”, dentro da lógica do que se costuma chamar da divisão sexual do trabalho, fortemente presente nas mais diversas organizações sociais indígenas. Para uma analise antropológica, tratar desse fenômeno em termos de uma categoria analítica de “gênero”, devidamente controlada etnograficamente, rende bastante.Referências
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