Resumo
O artigo pretende trazer à tona as contribuições do que se poderia chamar uma perspectiva africana para os estudos de gênero e estudos feministas, a partir das obras e provocações das autoras nigerianas Ifi Amadiume e Oyèrónké Oyěwùmí, matizando suas críticas com discussões dos estudos de gênero, baseadas, sobretudo, nos pensamentos de Judith Butler e Marilyn Strathern. Em seguida trago o caso particular da autora dinamarquesa Signe Arnfred e seu trabalho de campo no norte de Moçambique para pensar como tanto a etnografia quanto os deslocamentos teóricos possibilitados pela crítica africana ao feminismo infletiram em seu trabalho, especificamente no que concerne a análise dos ritos de iniciação femininos em contextos macuas.
Referências
AMADIUME, Ifi. Male Daughters, Female Husbands: Gender and Sex in an African Society, London: Zed Press, 1987.
AMADIUME, Ifi. 'Cheikh Anta Diop's theory of matriarchal values as the basis for African cultural unity', Introduction to Cheikh Anta Diop, The Cultural Unity of Black Africa: The Domains of Matriarcgy and of Patriarchy in Classival Antiquity, London: Karnak House, 1989.
ANZALDÚA, Gloria, Borderlands/La frontera: the new mestiza. San Francisco: Aunt Lute Books, 1999.
ARNFRED, S. (ed.) Re-thinking Sexualities in Africa. Uppsala, The Nordic Africa Institute, 2004.
ARNFRED, Signe. Sexuality and Gender Politics in Mozambique. Rethinking gender in Africa. Suffolk: Nordiska Afrikainstitutet; Uppsala: James Currey, 2011.
ARNFRED, Signe.“Female Sexuality as Capacity and Power?: Reconceptualizing Sexualities in Africa”. African Studies Review, Vol. 58, N.3, 2015, pp.149-170.
ASSUNÇÃO, Helena. Falar e guardar segredo: as capulanas de Nampula (Moçambique). Dissertação de mestrado, Antropologia Social, Museu Nacional, UFRJ, 2018.
BAKARE-YUSUF, Bibi. Yorubas Don’t Do Gender: A Critical Review of Oyeronke Oyewumi’s The Invention of Women: Making an African Sense of Western Gender Discourses. In: African Gender Scholarship: Concepts, Methodologies and Paradigms. CODESRIA Gender Series. Dakar: CODESRIA, 2004, p. 61-81.
BAKARE-YUSUF, Bibi. Thinking with Pleasure: Gender, Sexuality and Agency. In Women, Sexuality and the Political Power of Pleasure. Eds. Susie Jolly et al. London: Zed Books, 2013.
BAGNOL, Brigitte e MARIANO, Esmeralda. Cuidados consigo mesma, sexualidade e erotismo na Província de Tete, Moçambique. Physis, Rio de Janeiro, vol.19, n.2, 2009, pp.387-404.
BEAUVOIR, Simone. Le deuxième sexe. Paris: Gallimard, 1949. BUTLER, Judith. Gender trouble: feminism and the subversion of identity. New York: Routledge, 2006 (1990).
BUTLER, Judith. Bodies that matter: on the discursive limits of "sex". New York: Routledge, 1993.
COLLINS, Patricia Hill. Black feminist thought: knowledge, consciousness, and the politics of empowerment. 2ª ed. Nova York: Routledge, 2000.
COSSA, Segone. Corpos Ubíquos: um estudo etnográfico sobre a construção social dos corpos em Moçambique. Dissertação de mestrado, Antropologia Social, UFRGS, 2014.
DAVIS, Angela. Women, race & class. New York: Vintage Books, 1983.
DIOP, Cheikh Anta. A unidade cultural da África Negra – esferas do patriarcado e do matriarcado na Antiguidade Clássica. Luanda: Ed. Mulemba, 2014 (1982).
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo: ed. Martins Fontes, 2009 (1966).
FOUCAULT, Michel. Histoire de la sexualité I: la volonté de savoir, Paris: Gallimard, 1975.
GEFFRAY, Christian. Ni père, ni mère - critique de la parenté: le cas makhuwa. Paris: Seuil, 1991.
HARAWAY, Dona. Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos pagu (5), Campinas, 1995: pp. 07-41.
HÉRITIER-AUGÉ, Françoise. La sangre de los guerreiros y la sangre de las mujeres in Alteridades, v.1, n.2, 1991, pp.92-102.
HOOKS, bell. Ain't I a Woman: Black Women and Feminism. Boston: South End Press, 1981.
HOOKS, bell. Yearning: Race, Gender and Cultural Politics. Boston: South End Press, 1990.
LUGONES, Maria. Colonialidad y Género. Tabula Rasa, n.9, Bogotá, 2008, pp.73-101.
MEDEIROS, Eduardo. Os senhores da floresta: ritos de iniciação dos rapazes macuas e lómuès. Colecção Estudos Africanos. Porto: Campo das Letras, 2007. MUDIMBE, Valentin Y. A invenção da África. Gnose, Filosofia e a Ordem do Conhecimento. Lisboa; Luanda: Edições Pedago, Editora Mulemba, 2013.
NZEGWU, Nkiru. 'Osunality' (or African Eroticism). In African Sexualities: a reader, ed. Sylvia Tamale, 253-270. Cape Town: Pambakuza Press, 1998. OBENGA, Téophile. O Sentido da Luta Contra o Africanismo Eurocentrista. Luanda: ed. Mulembra, 2013.
OSORIO, Conceição e MACUACUA, Ernesto. Os ritos de iniciação no contexto actual: ajustamentos, rupturas e confrontos. Maputo: WLSA Moçambique, 2013.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónké. Conceptualizing Gender: The Eurocentric Foundations of Feminist Concepts and the challenge of African Epistemologies. African Gender Scholarship: Concepts, Methodologies and Paradigms. CODESRIA Gender Series. Volume 1, Dakar: CODESRIA, 2004.
OYĚWÙMÍ, Oyèrónké. The Invention of Women: Making an African Sense of Western Gender Discourses. University of Minnesota Press, Minneapolis, 2016 (1997).
PINHO, Osmundo. Descolonizando o feminismo em Moçambique. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 20, n. 3, 2012, pp.955- 972.
PINHO, Osmundo. O Destino das Mulheres e de sua Carne: regulação de gênero e o Estado em Moçambique. Cadernos pagu, Campinas, v. 45, 2015, pp.157-179.
SEGATO, Rita. "Género, política e hibridismo en la transnacionalización de la cultura Yoruba". Estudos afro-asiáticos, Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, 2003, pp. 333-363.
STRATHERN, Marilyn. O Gênero da Dádiva: problemas com as mulheres e problemas com a sociedade na Melanésia. Campinas: Ed. Unicamp, 2009 (1988).
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2020 Cadernos Pagu