Resumen
A expressão cansaço tem circulado contemporaneamente em distintas esferas da vida social para significar experiências de maternagem de mulheres de camadas médias brasileiras. “Mães cansadas” figuram, verbalizam ou escrevem sobre o que vivem nos grupos virtuais e presenciais de mães no pós-parto, nos discursos psi e nas telas do cinema e da televisão. Neste artigo, a ideia é refletir justamente sobre “o cansaço” como categoria nativa nesses universos e ponderar sobre os seus sentidos no que tange à vida social mais amplamente pensada, qual seja econômica e politicamente. Afinal, o que pode nos contar o “cansaço materno” sobre a política e a economia, sobre a casa e a rua, sobre o ideário de uma maternidade “mais naturalista” e sobre os papéis de gênero operantes?
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