Resumen
O segmento do livro religioso é o que mais tem crescido no mercado editorial brasileiro. O presente artigo sugere um mapeamento preliminar deste fenômeno, partindo da hipótese de que o livro e a leitura, quando relacionados com o universo religioso, nem podem ser reduzidas a expressões particulares do crescimento geral de determinados grupos religiosos, nem podem ser nivelados a um genérico mercado religioso, apresentando problemáticas e características próprias. O mercado editorial religioso expressa tanto o crescimento de grupos particulares – como os neopentecostais – quanto tendências culturais genéricas de passagens entre fronteiras doutrinárias e denominacionais, aonde o grau de troca interdenominacional, expresso pelos indicadores do mercado e pelos títulos das editoras é maior do que o admitido pelos discursos dos líderes das Igrejas. A partir do exame dos casos espírita e evangélico, pergunta-se aqui pela autonomia do fenômeno e sugere-se que tanto as idéias de mercado quanto de cultura devem ser combinadas a fim de dar conta de um modelo interpretativo abrangente do fenômeno.
Citas
BASTIAN, Jean-Pierre (1997) La mutación religiosa de Amercia Latina. México, Fondo de Cultura Economica.
BIRMAN, Patrícia. (2003, Org.) Religião e espaço público. São Paulo: Attar Editorial.
CORTEN, André (1996) Os pobres e o espírito santo: o pentecostalismo no Brasil. Petrópolis: Vozes.
CHARTIER, Roger & CAVALLO, Guglielmo (1998) História da leitura no mundo ocidental. São Paulo: Ática.
DIAGNÓSTICO do setor editorial brasileiro (2003) São Paulo: Câmara Brasileira do Livro.
FONSECA, Alexandre Brasil (2003) Evangélicos e mídia no Brasil. Bragança paulista: Universidade São Francisco.
GIUMBELLI, Emerson (2002) O fim da religião: dilemas da liberdade religiosa no Brasil e na França. São Paulo: Attar Editorial.
LEWGOY, Bernardo (2000) Os espíritas e as letras: um estudo antropológico sobre cultura escrita e oralidade no espiritismo kardecista. Tese de doutorado em Antropologia, FFLCH - USP, São Paulo.
MARIANO, Ricardo (1999) Neopentecostalismo: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Loyola.
MARTINO, Luís Mauro (2003) Mídia e poder simbólico. São Paulo: Paulus.
MONTERO, Paula (1992) “O papel das editoras católicas na formação cultural brasileira”. In: SANCHIS, Pierre (org) Catolicismo: modernidade e tradição. São Paulo: Loyola, p. 219-250.
PRANDI, Reginaldo & PIERUCCI, Antônio Flávio (1996). A realidade social das religiões no Brasil. São Paulo: Hucitec.
RIBEIRO, Vera Masagão (2003, Org.) Letramento no Brasil. Reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Global - Instituto Paulo Montenegro.
SANCHIS, Pierre (2001) “Religiões, religião... alguns problemas do sincretismo no campo religioso brasileiro”. In: SANCHIS, Pierre. (Org.) Fiéis e cidadãos: percursos do sincretismo no Brasil. Rio de Janeiro: UERJ, p. 9-57.

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0.
Derechos de autor 2020 Bernardo Lewgoy