Resumen
Este artigo analisa, a partir da etnografia de um dos cultos promovidos pela Frente Parlamentar Evangélica, os deslizamentos entre política e religião no Congresso Nacional brasileiro. Descrevo um destes cultos procurando entendê-lo enquanto ritual antropológico no qual parlamentares evangélicos realizam a invocação do religioso e a sacralização das atividades da política. Ora, mais do que trânsitos e deslocamentos entre o “tempo da política” e o tempo da igreja, estes cultos realizam sobreposições entre o púlpito e o palanque quando o espaço do sagrado sacraliza as boas novas proferidas por estes parlamentares no espaço da política.
Citas
BAPTISTA, Saulo. Pentecostais e neopentecostais na política brasileira: um estudo sobre cultura política, Estado e atores coletivos religiosos no Brasil. São Paulo/Belo Horizonte: Annablume/Izabela Hendrix, 2009.
BEZERRA, M. O. Em Nome das Bases. Política, Favor, e Dependência Pessoal. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999.
BEZERRA, M. O. Políticos, representação política e recursos públicos. In: Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 7, n. 15, p. 181-207, julho de 2001.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas lingüísticas. São Paulo: Editora da USP, 1996a.
BRASÍLIA: Câmara dos Deputados. Regimento Interno da Câmara, Resolução no 17, de 1989.
BRASÍLIA: Câmara dos Deputados, Ata da 193a Sessão, 18 de setembro de 2003 (mimeo).
BRASÍLIA: Senado Federal. Notas taquigráficas do Seminário “A Família, a Igreja e o Programa Nacional de Direitos Humanos/PNDH, 24 de março de 2010.
BURITY, Joanildo. Organizações religiosas e ações sociais: Entre as políticas públicas e a sociedade civil. Anthropológicas, v. 18, n. 2, p. 7-48, 2007.
BURITY, Joanildo. Religião, política e cultura. Tempo Social: Revista de sociologia da USP, São Paulo, v. 20, n. 2, p. 83-113, 2008.
CAMPOS, Leonildo Silveira. De políticos de Cristo – uma análise do comportamento político de protestantes históricos e pentecostais no Brasil. In: BURITY, J. & MACHADO, M. (org.). Os votos de Deus: Evangélicos, política e eleições no Brasil. Recife: Fundação Joaquim Nabuco e Editorial Massangana, 2006.
CANÊDO, Letícia Bicalho. Herança na política ou como adquirir disposições e competências necessárias às funções de representação política (1945-1964). Pro-Posições (Unicamp), Campinas, SP, v. 13, n. 3, p. 169-198, 2002.
CASANOVA, José. Public Religions in the modern world. Chicago and London: University Chicago Press, 1999.
CÉSAR, Waldo & SHAULL, Richard. Pentecostalismo e futuro das igrejas cristãs. Promessas e desafios. Petrópolis/São Leopoldo: Vozes/Sinodal, 1999.
DAMASCENO, Caetana & DUARTE, Tatiane S. Repensando novos contextos de negociação política e o lugar das demandas e das identidades religiosas na política institucional e de facções: um estudo de caso. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM CIÊNCIAS SOCIAIS, 33, 2009, Trabalho Completo... Caxambu: ANPOCS, 2009, 1-30.
DAMASCENO, Caetana. Do Dom ao Voto: Ethos Religioso e Representação Política em um município da Baixada Fluminense/RJ. 2004 (Mimeo).
DIAP. Os “cabeças” do Congresso Nacional: Uma pesquisa sobre os 100 parlamentares mais influentes. Edição n° 17, Ano XVII, 2010.
DIAP. Série de estudos políticos. Radiografia do novo Congresso Nacional. Legislatura (2011-2015). Edição no 5, Ano IV. Brasília, 2011.
DUARTE, Tatiane S. “A casa dos ímpios se desfará, mas a tenda dos retos florescerá”: a participação da Frente Parlamentar Evangélica no legislativo brasileiro. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – PPGAS/UnB, Brasília, 2011.
DURKHEIM, Émile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: b Martins Fontes, 2003.
FRESTON, Paul. Protestantes e Política no Brasil: da Constituinte ao Impeachment. Tese de Doutorado em Ciências Sociais, UNICAMP, 1993.
FRESTON, Paul. Breve história do pentecostalismo brasileiro. In: Vários autores. Nem anjos nem demônios: interpretações sociológicas do pentecostalismo. Petrópolis: Vozes, 1994a.
FRESTON, Paul. Uma breve história do pentecostalismo brasileiro: a Assembléia de Deus. In: Religião e Sociedade, v. 16, n. 3, 1994b.
FRESTON, Paul. As Igrejas Protestantes nas eleições gerais brasileiras de 1994. Religião e Sociedade, v. 17, n. 1-2, p. 160-188, 1996.
FRESTON, Paul. Protestantismo e democracia no Brasil. Lusotopie, Pessac Cedex, p. 329-340, 1999.
FRESTON, Paul. Religião e política, sim; Igreja e Estado, não: os evangélicos e a participação política. Viçosa: Ultimato, 2006.
GIUMBELLI, Emerson. A vontade do saber: terminologias e classificações sobre o protestantismo brasileiro. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, 2000b, p. 87-119.
GIUMBELLI, Emerson. O fim da religião: controvérsias acerca das “seitas” e da “liberdade religiosa” no Brasil e na França. São Paulo: Attar Editoral, 2002a.
GIUMBELLI, Emerson. Para além do “trabalho de campo: reflexões supostamente Malinowskianas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17, n. 48, fevereiro, 2002b.
GIUMBELLI, Emerson. Religião, estado e modernidade: notas a propósito de fatos provisórios. Revista de Estudos Avançados. São Paulo, v.18, n. 52, p.1-13, 2004.
GIUMBELLI, Emerson. A presença do religioso no espaço público: modalidades no Brasil. Religião e Sociedade. Rio de Janeiro, v. 28, n. 2, 2008.
GOLDMAN, Márcio. Como funciona a democracia. Uma teoria etnográfica da política. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006.
HERVIEU-LÉGER, Daniele. Le pélegrin et le converti: La religión en mouvement.. França: Flammarion, 1999.
MACHADO, Maria das Dores Campos. Carismáticos e pentecostais: adesão religiosa na esfera familiar. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 1996.
MACHADO, Maria das Dores Campos. A atuação dos evangélicos na política institucional e a ameaça às liberdades laicas no Brasil. In: LOREA, R.A. (Org.). Em defesa das liberdades laicas. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.
MAFRA, Clara. Os Evangélicos. 1. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
MARIANO, Ricardo. O futuro não será protestante. Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, ano 1, n. 1, set. 1999, p. 89-114.
MARIZ, Cecília. O Demônio e os Pentecostais no Brasil. In: BIRMAN, P. (Org.). O mal à Brasileira. Rio de Janeiro: Eduerj, 1997, p. 45-61.
MIRANDA, Júlia. Horizontes bruma os limites questionados do religioso e do político. São Paulo: Editora Maltese, 1999.
MONTERO, Paula. Religião, pluralismo e esfera pública no Brasil. Novos Estudos CEBRAP, n. 74, 2006, p. 47-65.
ORO, Ari P. Avanço Pentecostal e Reação Católica. Petrópolis: Vozes, 1996.
ORO, Ari P. Religião, laicidade e cidadania. In: ORO, A. P.. (Org.). A Latinidade da América Latina: enfoques sócio-antropológicos. Sao Paulo: Hucitec, 2008, p. 212-239.
ORO, Ari P. & STEIL, Carlos A. (Orgs.). Globalização e Religião. Petrópolis: Vozes, 1997.
PEIRANO, Mariza (Org.). O dito e o feito: ensaios de Antropologia dos Rituais. Rio de Janeiro: Relume-Dumará e Núcleo de Antropologia da Política/UFRJ, 2001. (Coleção Antropologia da Política; 12)
PEIRANO, Mariza. Rituais ontem e hoje. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2003.
PIERUCCI, Antônio Flávio. “Representantes de Deus em Brasília: a Bancada Evangélica na Constituinte”. In: PIERUCCI, Antônio Flávio & PRANDI, Reginaldo. A realidade social das religiões no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1996. p. 165-191.
SANCHIS, Pierre. Desencanto e formas contemporâneas do religioso. In: Ciências Sociais e Religião, Porto Alegre, ano 3, n. 3, p. 27-43, oct. 2001.
STEIL, Carlos. Pluralismo, modernidade e tradição: transformações do campo religioso. Ciencias Sociales y Religión, Porto Alegre, v. 3, n. 3, p. 115-129, 2001.

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial-CompartirIgual 4.0.
Derechos de autor 2020 Tatiane dos Santos Duarte