Aprendendo a ser mulheres judias em Chabad Lubavitch

Resumo

Neste artigo, apresentamos algumas reflexões iniciais relacionadas aos processos de socialização dentro de uma instituição educacional para jovens pertencentes ao movimento religioso hassídico Chabad Lubavitch. Essas reflexões giram em torno de como novas práticas e representações da feminilidade são instituídas no contexto de processos de conversão a marcos religiosos ortodoxos. Para isso, descreveremos e analisamos algumas experiências educacionais, que são objeto de uma investigação etnográfica em andamento. Nossa abordagem sobre esse processo educacional segue algumas perspectivas sobre socialização e moralidade, resumidas nos trabalhos de Foucault (1990) sobre tecnologias de si, principalmente os trabalhos etnográficos de Mahmood (2011) e Fader (2009). Em termos mais gerais, se increve dentro da literatura que explora narrativas da modernidade em contextos de movimentos religiosos e que são estruturadas em torno do gênero como uma categoria analítica (Abu Lughod 1999; Brenner 1996; Deeb 2011; Fader 2009; Griffith 1997; Mahmood 2011; Woodhead 2011). Em referência a essas estruturas interpretativas, Benhadjoudja e Milot argumentam que "pesquisas recentes nas quais o gênero é usado como ferramenta de análise forneceram uma nova abordagem sobre a modernidade religiosa"; (2014: 149). Nesse sentido, nosso trabalho espera contribuir para aprofundar a compreensão da adesão das mulheres aos movimentos religiosos contemporâneos, pensando além do binarismo de subordinação / subversão como o único meio de articulação em que essa relação foi conceituada (García Somoza e Irrazábal, 2014).