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Mensurar o trabalho não pago no Brasil
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Palavras-chave

Divisão sexual do trabalho, PIB, Contas Satélites, Macroeconomia de gênero

Como Citar

PEREIRA DE MELO, Hildete; MORANDI, Lucilene. Mensurar o trabalho não pago no Brasil: uma proposta metodológica. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 30, n. 1, p. 187–210, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8665614. Acesso em: 26 abr. 2024.

Resumo

As estatísticas mostram que, em todo o mundo, as mulheres são as maiores responsáveis pelo trabalho de reprodução da
vida humana, que envolve as tarefas domésticas e de cuidados, definido como trabalho não pago. É preciso que se reconheça
seu valor e importância para a sociedade. Uma forma de fazer isso é mostrar o volume de riqueza, na forma de bens e
serviços, gerados por esse trabalho invisível, através de sua mensuração/valoração. Para isso, é necessária a criação de uma
Conta Satélite do trabalho não-pago, cumprindo um dos objetivos propostos pela ONU na lista de Metas para o Milênio.
Desta forma, este estudo propõe a discussão de um indicador social do trabalho não pago para o Brasil a ser incorporado às
Contas Nacionais. Este trabalho discute o significado das Contas Satélites para as estatísticas de gênero, realçando a
importância econômica dos afazeres domésticos e cuidados, não apenas para as famílias mas para a sociedade como um
todo, destacando as dificuldades em conciliar trabalho e família para as pessoas responsáveis pelo trabalho não pago. Por
fim, o texto desenvolve uma proposta metodológica para estimar o trabalho não-pago no Brasil compatível com a
metodologia das contas nacionais.

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