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Condições de saúde e educação em assentamentos rurais no Brasil
Imagem capa: "Retirantes" de Cândido Portinari (1944)
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Palavras-chave

Comunidades rurais
Campesinato
Ensino
Bem-estar
Qualidade de vida
Famílias assentadas

Como Citar

FERNANDES, Michele da Silva Valadão; NOLL, Matias. Condições de saúde e educação em assentamentos rurais no Brasil: uma revisão de escopo. Ideias, Campinas, SP, v. 14, n. 00, p. e023002, 2023. DOI: 10.20396/ideias.v14i00.8670430. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ideias/article/view/8670430. Acesso em: 19 abr. 2024.

Resumo

As famílias e trabalhadores rurais assentados enfrentam condições de vida e trabalho precárias que provocam a fragilização da saúde e do acesso à educação de qualidade. Indicadores de saúde e educação são importantes parâmetros para o planejamento e implementação de políticas públicas para a melhoria de condições de acesso à saúde e educação por parte desses sujeitos. Neste sentido, o objetivo desta revisão de escopo foi identificar as condições de saúde e educação das famílias e dos trabalhadores que vivem em assentamentos rurais no Brasil. Foram consultadas as Bases de Dados SciELO, Scopus e PubMed e, após o processo de triagem dos estudos, trinta artigos, publicados entre os anos de 1997 a 2021, foram incluídos na revisão. Os estudos mostraram que as famílias e trabalhadores assentados apresentam grande vulnerabilidade no que diz respeito à saúde e educação, com destaque para dificuldade de acesso aos serviços de saúde, lazer e atividade física, aos bens e serviços como transporte, saneamento básico e renda, bem como a democratização do acesso a todos os níveis de ensino, principalmente ao ensino superior. Os avanços observados, no que diz respeito às condições de acesso à educação, têm a constituição da Educação do Campo e do Programa Nacional de Educação do campo (PRONERA) como seus principais marcos. A democratização do acesso aos serviços de saúde e educação em assentamentos rurais depende de políticas públicas que atentem para a valorização do contexto socioeconômico, cultural e educativo do homem do campo. Logo, intervenções e políticas públicas devem ser direcionadas a fim de ampliar o acesso aos serviços de saúde e educação nos assentamentos e a autonomia nas relações entre trabalho e produção.

https://doi.org/10.20396/ideias.v14i00.8670430
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