Resumo
Este artigo discute a resposta de Rik Peels ao argumento de Williams contra a crença voluntária. Williams argumenta que as crenças voluntárias devem ser adquiridas independentemente de considerações sobre a verdade e, portanto, não podem ser consideradas crenças, uma vez que as crenças visam à verdade. Peels tentou responder mostrando que, em casos de crenças autorrealizáveis, uma crença pode, de fato, ser adquirida voluntariamente em condições que retenham a orientação para a verdade necessária. Mas mesmo que façamos duas concessões cruciais à proposta de Peels, seu argumento acaba fracassando. A primeira concessão é que as crenças podem ser fracamente voluntárias, ou seja, podemos adquiri-las por vontade própria, embora não as preservemos por vontade própria, mas com base em evidências. Conceder isso, no entanto, só nos leva ao "problema da aquisição": como uma crença pode ser adquirida qua crença quando ainda não achamos que temos justificativa para ela. Isso nos leva à segunda concessão: que saber de antemão que uma determinada crença é autorrealizável nos fornece essa justificativa. No entanto, essa concessão nos leva ao último obstáculo: precisamente porque essa justificativa está disponível tanto antes quanto no momento da formação da crença, a perspectiva cognitiva do sujeito é idêntica em ambos os momentos, o que obscurece o que significa dizer que em um determinado momento ele começou a ter uma crença.
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