Resumo
Qual é o espaço existente para ideias pós-desenvolvimentistas e baseadas na sustentabilidade forte nos programas de governo apresentados por candidaturas de esquerda no Brasil contemporaneamente? Com base nessa questão, analisamos as propostas dos partidos de esquerda que apresentaram candidaturas próprias na eleição presidencial de 2018 e entrevistamos filiados a esses partidos. As evidências apontam que, com exceção parcial do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), a esquerda partidária brasileira se limita a pensar alternativas dentro do paradigma desenvolvimentista. Embora o programa do PSOL, em 2018, tenha enfoque desenvolvimentista, a parte dedicada ao meio ambiente contém propostas referenciadas no debate internacional sobre alternativas ao desenvolvimento, o que indica que, nesse partido, a sustentabilidade forte tem condições de (ao menos) disputar espaço com o desenvolvimentismo.
Referências
ABERS, R. N.; OLIVEIRA, M. S. “Nomeações políticas no Ministério do Meio Ambiente (2003-2013): interconexões entre ONGs, partidos e governo”. Opinião Pública, Campinas, vol. 21, nº 2, p. 336-364, 2015.
ACOSTA, A. “El buen vivir como alternativa al desarrollo. Algunas reflexiones económicas y no tan económicas”. Política y Sociedad, Madrid, vol. 52, nº 2, p. 299-330, 2015.
ACOSTA, A. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária; Elefante, 2016.
BARROS, A. T. “Política partidária e meio ambiente: a adesão dos partidos políticos brasileiros à agenda verde”. Opinião Pública, Campinas, vol. 21, nº 3, p. 693-733, 2015.
CENTRO LATINO AMERICANO DE ECOLOGÍA SOCIAL - CLAES. Ambiente y desarrollo en América del Sur 2009/2010. Tendencias y emergentes en cambio climático, biodiversidad y políticas ambientales. Montevideo: CLAES, 2010. Disponível em: <http://ambiental.net/wp-content/uploads/2015/12/TendenciasAmbientalesASClaes2010.pdf>. Acesso em: 04 ago. 2018.
CHUJI, M.; RENGIFO, G.; GUDYNAS, E. Buen vivir. In: KOTHATI, A., et al. (Eds.). Pluriverso: un diccionario del posdesarrollo. Barcelona: Icaria, p. 188-192, 2019.
COLIGAÇÃO VAMOS SEM MEDO DE MUDAR O BRASIL (PSOL-PCB). Programa da Coligação. Brasília: TSE, 2018. Disponível em: <http://divulgacandcontas.tse.jus.br/candidaturas/oficial/2018/BR/BR/2022802018/280000601016/proposta_1533565462424.pdf>. Acesso em: 03 out. 2018.
ESCOBAR, A. La invención del Tercer Mundo: construcción y deconstrucción del desarrollo. Caracas: Fundación Editorial el perro y la rana, 2007. Disponível em: <https://cronicon.net/paginas/Documentos/No.10.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2019.
ESCOBAR, A. Sentipensar con la tierra: nuevas lecturas sobre desarrollo, territorio y diferencia. Medellín: Universidad Autónoma Latinoamericana, 2014.
FERNANDES, S. “Crisis of praxis: Depoliticization and Leftist Fragmentation in Brazil”. Tese de Doutorado em Sociologia. Carleton University, Ottawa, 2017.
GEORGESCU-ROEGEN, N. O decrescimento: entropia, ecologia, economia. São Paulo: Senac, 2012.
GOMES, C. Projeto nacional: o dever da esperança. São Paulo: LeYa Brasil, 2020.
GÓMES-BAGGETHUN, E. Desarrollo sostenible. In: KOTHARI, A., et al. (Eds.). Pluriverso: un diccionario del posdesarrollo. Barcelona: Icaria, p. 105-108, 2019.
GORZ, A. Capitalisme, socialisme, écologie: désorientations, orientations. Paris: Galilée, 1991.
GUDYNAS, E. Debates sobre el desarrollo y sus alternativas en América Latina: una breve guía heterodoxa. In: LANG, M.; MOKRANI, D. (Orgs.). Más allá del desarrollo: grupo de trabajo permanente sobre alternativas al desarrollo. Quito: Fundación Rosa Luxemburgo y Abya-Yala, p. 21-54, 2011a.
GUDYNAS, E. Los derechos de la naturaleza em serio: respuestas y aportes desde la ecología política. In: ACOSTA, A.; MARTÍNEZ, E. (Orgs.). La naturaleza con derechos: de la filosofía a la política. Quito: Fundación Rosa Luxemburgo y Abya-Yala, p. 239-286, 2011b.
GUDYNAS, E. Buen vivir y críticas al desarrollo: saliendo de la modernidad por la izquierda. In: HIDALGO, F. E.; MÁRQUEZ, A. (Eds.). Contrahegemonía y buen vivir. Quito: Universidad Central del Ecuador y Universidad del Zulia, p. 71-91, 2012a. Disponível em: <https://www.academia.edu/4242390/Buen_Vivir_y_cr%C3%Adticas_al_desarrollo_saliendo_de_la_Modernidad_por_la_izquierda>. Acesso em: 16 fev. 2019.
GUDYNAS, E. “Estado compensador y nuevos extractivismos: las ambivalencias del progresismo sudamericano”. Nueva Sociedad, Buenos Aires, vol. 237, p. 128-146, 2012b.
GUDYNAS, E. 10 tesis sobre el “divorcio” entre izquierda y progresismo en América Latina, [online]. Página Siete, 06 fev. 2014. Disponível em: <https://www.paginasiete.bo/ideas/2014/2/9/tesis-sobre-divorcio-entre-izquierda-progresismo-america-latina-13367.html#!>. Acesso em: 11 fev. 2019.
GUDYNAS, E. Derechos de la naturaleza: ética biocéntrica y políticas ambientales. Buenos Aires: Tinta Limón, 2015.
GUIMARÃES, R. P.; FONTOURA, Y. S. R. “Rio+20 ou Rio-20?: crônica de um fracasso anunciado”. Ambiente e Sociedade, São Paulo, vol. 15, nº 3, p. 19-39, dez. 2012.
HARGREAVES, S. Neoextractivismo. In: KOTHARI, A., et al. (Eds.). Pluriverso: un diccionario del posdesarrollo. Barcelona: Icaria, p. 144-147, 2019.
KOTHARI, A., et al. Pluriverso: un diccionario del posdesarrollo. Barcelona: Icaria Editorial, 2019.
LANG, M. Crisis civilizatoria y desafíos para las izquierdas. In: LANG, M.; MOKRANI, D. (Orgs.). Más allá del desarrollo: grupo de trabajo permanente sobre alternativas al desarrollo. Quito: Fundación Rosa Luxemburgo y Abya-Yala, p. 7-18, 2011. Disponível em: <http://www.rosalux.org.mx/docs/Mas_alla_del_desarrollo.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2021.
LANG, M. Alternativas ao desenvolvimento. In: DILGER, G.; LANG, M.; PEREIRA FILHO, J. (Orgs.). Descolonizar o imaginário: debates sobre pós-extrativismo e alternativas ao desenvolvimento. São Paulo: Fundação Rosa Luxemburgo, p. 24-44, 2016. Disponível em: <https://rosaluxspba.org/wp-content/uploads/2016/08/Descolonizar_o_Imaginario_web.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2019.
LATOUCHE, S. Pequeno tratado do decrescimento sereno. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
LOPES, E.; MONTEIRO, T. Rede não é situação nem oposição, diz Marina. O Estado de São Paulo, 17 fev. 2013. Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,rede-nao-e-situacao-nem-oposicao-diz-marina-imp-,997883>. Acesso em: 15 set. 2018.
LOSEKANN, C. “Participação da sociedade civil na política ambiental do Governo Lula”. Ambiente e Sociedade, São Paulo, vol. 15, nº 1, p. 179-200, abr. 2012.
LÖWY, M. “Ecologia e Socialismo”. Crítica Marxista, Campinas, nº 28, p. 35-50, 2009.
LÖWY, M. O que é ecossocialismo? São Paulo: Cortez, 2014.
MARTÍNEZ-ALIER, J. “Hacia un decrecimiento sostenible en las economías ricas”. Revista de Economía Crítica, nº 8, p. 121-137, 2009.
MARTÍNEZ-ALIER, J. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens de valoração. São Paulo: Contexto, 2017.
MUELLER, C. C. “O debate dos economistas sobre a sustentabilidade: uma avaliação sob a ótica da análise do processo produtivo de Georgescu-Roegen”. Estudos Econômicos, São Paulo, vol. 35, nº 4, p. 687-713, 2005.
NEUMAYER, E. “The environment, left-wing political orientation and ecological economics”. Ecological Economics, vol. 51, p. 167-175, 2004.
OTERO, I., et al. “Biodiversity policy beyond economic growth”. Conservation Letters, vol. 13, p. 1-18, 2020.
PARTIDO DEMOCRÁTICO TRABALHISTA - PDT. Diretrizes para uma estratégia nacional de desenvolvimento para o Brasil. Brasília: TSE, 2018. Disponível em <http://divulgacandcontas.tse.jus.br/candidaturas/oficial/2018/BR/BR/2022802018/280000605589/proposta_1533938913830.pdf>. Acesso em: 29 jan. 2019.
PARTIDO DOS TRABALHADORES - PT. Plano Lula de governo 2019-2022: o Brasil feliz de novo. Documento base aprovado pelo Diretório Nacional do PT. PT. São Paulo, 3 ago. 2018. Disponível em: <http://www.pt.org.br/plano-lula-de-governo-2018-e-apresentado-ao-pais/>. Acesso em: 03 out. 2018.
PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO - PSTU. 16 pontos de um programa socialista para o Brasil contra a crise capitalista. Brasília: TSE, 2018. Disponível em: <http://divulgacandcontas.tse.jus.br/candidaturas/oficial/2018/BR/BR/
/280000601173/proposta_1533576953009.pdf>. Acesso em: 03 out. 2018.
PAULSON, S., et al. “From pandemic toward care-full degrowth”. Interface, p. 1-8, 2020.
PEARCE, D. W.; ATKINSON, G. D. “Capital theory and the measurement of sustainable development: an indicator of weak sustainability”. Ecological Economics, vol. 8, p. 106, 1993.
PEARCE, D. W.; TURNER, R. K. Economics of natural resources and the environment. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1990.
PELENC, J. Weak sustainability versus strong sustainability. Brief for Global Sustainable Development Report, 2015. Disponível em: <https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/6569122-Pelenc-Weak%20Sustainability%20versus%20Strong%20Sustainability.pdf>. Acesso em: 05 ago. 2018.
PONTES, N. Para 77% dos brasileiros, proteger meio ambiente é urgente. DW BRASIL, 4 fev. 2021. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/para-77-dos-brasileiros-proteger-meio-ambiente-%C3%A9-urgente/a-56459171>. Acesso em: 11 fev. 2021.
RODRIGUES, A. M. E. “Ecossocialismo: uma utopia concreta – estudo das correntes ecossocialistas na França e no Brasil”. Tese de Doutorado em Ciências Sociais. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.
ROMEIRO, A. R. “Desenvolvimento sustentável: uma perspectiva econômico-ecológica”. Estudos Avançados, São Paulo, vol. 26, nº 74, p. 65-92, 2012.
SANTOS, J. V. A extinção da política ambiental no Brasil e os riscos para a vida no planeta, [online]. Entrevista especial com Cristiana Losekann, Instituto Humanitas Unisinos, 17 jul. 2019. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/590855-a-extincao-da->. Acesso em: 23 mar. 2020.
SANTOS, R.; MILANEZ, B. “Neoextrativismo no Brasil? Uma análise da proposta do novo marco legal da mineração”. Revista Pós Ciências Sociais, São Luís, vol. 10, nº 19, p. 118-148, 2013.
SOLOW, R. “The economics of resources or the resources of economics”. American Economic Review, vol. 64, nº 2, p. 1-14, 1974.
STOKES, B.; WIKE, R.; CARLE, J. Climate Change Survey Presentation, [online]. Pew Research Center, 2015. Disponível em: <https://www.pewresearch.org/global/2015/11/05/global-concern-about-climate-change-broad-support-for-limiting-emissions/>. Acesso em: 25 mar. 2019.
TAROUCO, G. S.; MADEIRA, R. M. “Os partidos brasileiros segundo seus estudiosos: análise de um expert survey”. Civitas, Porto Alegre, vol. 15, nº 1, p. 24-39, 2015.
TAYRA, F. “Capital natural e graus de sustentabilidade: visões de mundo e objetivos conflitantes”. Pensamento & Realidade, São Paulo, vol. 19, p. 100-118, 2006.
TODT, M. “Agenda ecológica: o dualismo esquerda-direita e a clivagem ambiental na esquerda”. RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade, Foz do Iguaçu, vol. 5, nº 2, 2019.
TODT, M. Mega-mining threatens Brazil’s Rio Grande do Sul, [online]. The Ecologist, 24 fev. 2020. Disponível em: <https://theecologist.org/2020/feb/24/mega-mining-threatens-brazils-rio-grande-do-sul>. Acesso em: 09 jul. 2022.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Opinião Pública