REVISTA BRASILEIRA DE INOVAÇÃO
Chamada de artigos - Seção Especial
Oportunidades e Desafios da Ciência, Tecnologia e Inovação na Indústria de Defesa
Editores: Marcos José Barbieri Ferreira (Unicamp) e Peterson Ferreira da Silva (ESD/UNIFA)
E-mails: marcosbf@unicamp.br e petersonfsilva@gmail.com
Apresentação
A demanda por equipamentos militares cada vez mais avançados e robustos, para fazer frente aos reais ou potenciais oponentes, tem impulsionado o desenvolvimento da indústria de defesa ao longo da história, levando à crescente incorporação de inovações tecnológicas, algumas delas de caráter disruptivo. Em todo mundo, a indústria de defesa foi se tornado cada vez mais dependente dos avanços da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).
Essa constante busca pela segurança nacional, proteção de interesses estratégicos e adequação às ameaças em evolução exigem investimentos contínuos em novos e modernos equipamentos militares. Em razão disso, a indústria de defesa tem sido um importante vetor do desenvolvimento científico e tecnológico, com efeitos relevantes sobre o sistema econômico de diversos países. Por exemplo, muitas tecnologias inicialmente desenvolvidas para fins militares, como a Internet e o GPS, encontram aplicações civis generalizadas, dinamizando toda a economia.
A conjuntura global atual marcada pela aceleração das mudanças tecnológicas e pelo acirramento das tensões e conflitos geopolíticos tem instado diversos países a aumentar seus investimentos no fortalecimento de suas bases industriais e tecnológicas de defesa, resultando na demanda por equipamentos militares cada vez mais avançados, muitas dos quais no “fronteira tecnológica”.
A premissa por trás desses grandes e custosos esforços estatais está no entendimento de que determinadas capacidades industriais e tecnológicas domésticas são essenciais para o desenvolvimento de uma indústria de defesa que possa garantir o equipamento, a manutenção e a operação das forças armadas de forma autônoma, mitigando os riscos de interferências externas.
A pesquisa científica vem possibilitando a descoberta e o desenvolvimento de novas tecnologias que, não apenas melhoram a eficiência, a precisão e a durabilidade dos equipamentos militares, mas permitem a criação de produtos e sistemas de defesa inovadores. Os satélites, por exemplo, oferecem conectividade instantânea e o posicionamento global para as forças em campo, enquanto a integração da inteligência artificial em drones permite operações cada vez mais autônomas. A inovação em defesa envolve tanto avanços incrementais, como o desenvolvimento de tecnologias disruptivas. Em ambos os casos, essas inovações vêm alterando de maneira crucial as doutrinas militares, as estratégias de defesa e, por que não, os próprios resultados dos conflitos.
Ademais, os avanços das tecnologias militares têm exercido impacto significativo no sistema econômico e nas tecnologias civis. Por outro lado, a área de defesa vem utilizando de maneira crescente as tecnologias comerciais (commercial-off-the-shelf) em seus equipamentos militares, como forma de reduzir o tempo de desenvolvimento e o custo de produção. Constata-se, desta maneira, que a sinergia entre inovações militares e comerciais tem sido um importante vetor do desenvolvimento científico e tecnológico, com efeitos relevantes sobre todo o sistema científico, tecnológico e produtivo de diversos países, gerando empregos qualificados e contribuindo para o crescimento econômico.
Cabe ainda enfatizar que a colaboração entre o setor público e o setor privado é fundamental para impulsionar a inovação na indústria de defesa. Parcerias estratégicas entre as forças militares, empresas de tecnologia, universidades e agências governamentais de pesquisa permitem o compartilhamento de conhecimento, recursos e melhores práticas, acelerando o ritmo de progresso e garantindo que as forças armadas estejam à frente das ameaças.
Em suma, Ciência, Tecnologia & Inovação (CT&I) desempenham um papel crucial na indústria de defesa, possibilitando a garantia os interesses estratégicos e da própria soberania nacional diante de desafios complexos e em constante transformação do mundo contemporâneo, em especial em um ambiente geopolítico cada vez mais volátil e incerto.
Projeto
Esta seção especial é uma realização do Projeto Pró-Defesa IV e tem como objetivo promover e contribuir para o fortalecimento dos estudos, pesquisas e debates sobre temas relacionados à Economia de Defesa. O Projeto Pró-Defesa IV é financiado pela CAPES/Ministério da Defesa e coordenado pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e envolve outras cinco instituições de ensino superior: Escola Superior de Defesa (ESD), Escola de Guerra Naval (EGN), Universidade da Força Aérea (UNIFA), Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e Universidade Federal Fluminense (UFF).
Objetivos
O objetivo desta seção especial é apresentar um conjunto de artigos que analisem as oportunidades e desafios da Ciência, Tecnologia e Inovação da Industria da Defesa, em um cenário de acirramento das tensões e conflitos internacionais, de aumento da concorrência em âmbito global, de aceleração das transformações tecnológicas e de retomada da compreensão da indústria como setor fundamental para o desenvolvimento econômico e soberania nacional. Nesse sentido, são esperadas contribuições que abordem os seguintes tópicos, esclarecendo que esta chamada não está restrita a eles.
- Impactos das tecnologias de defesa sobre o sistema econômico
- Transformações no paradigma tecnoeconômico atual e os efeitos sobre a evolução da indústria de defesa
- Experiências internacionais de políticas industriais e de inovação para a defesa
- Tecnologias da indústria 4.0 aplicadas à defesa nacional
- Configuração das cadeias globais de valor e seus impactos sobre a indústria de defesa
- Cerceamento tecnológico e as limitações ao desenvolvimento de produtos estratégicos de defesa
- Contratos de offset, transferência de tecnologia e inovação na defesa
- Descarbonização, transição energética e inovações sustentáveis na indústria de defesa
- Capacidades e tecnologias críticas em defesa nacional
- Encomenda Tecnológica (ETEC) em defesa nacional
INSTRUÇÕES PARA SUBMISSÃO
Os artigos submetidos para a Seção Especial Oportunidades e Desafios da Ciência, Tecnologia e Inovação na Indústria de Defesa, da Revista Brasileira de Inovação (RBI) deverão ser originais e se enquadrarem nas normas editoriais da revista. Para maiores informações ver: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rbi/about/submissions