Banner Portal
Impactos dos fundos setoriais nas empresas
PDF

Palavras-chave

Fundos setoriais. Políticas de inovação. Pesquisa e desenvolvimento. Adicionalidade.

Como Citar

ARAÚJO, Bruno César; PIANTO, Donald; NEGRI, Fernanda De; CAVALCANTE, Luiz Ricardo; ALVES, Patrick. Impactos dos fundos setoriais nas empresas. Revista Brasileira de Inovação, Campinas, SP, v. 11, p. 85–112, 2012. DOI: 10.20396/rbi.v11i0.8649038. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rbi/article/view/8649038. Acesso em: 20 abr. 2024.

Resumo

Os fundos setoriais foram instituídos no final da década de 1990, com o propósito de criar condições mais estáveis de financiamento público às atividades de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no Brasil. De maneira análoga ao que se observa com outros instrumentos de incentivo à inovação nas empresas, a expectativa é que o acesso aos fundos setoriais contribuiria para o aumento dos esforços tecnológicos e para o alcance de melhores resultados pelas empresas. O objetivo deste trabalho é, portanto, avaliar o impacto desses fundos sobre os esforços tecnológicos e sobre os resultados das empresas industriais no Brasil, no período 2001 a 2006. A base teórica para a discussão é a literatura internacional que tem, recorrentemente, analisado o efeito crowding in ou crowding out de políticas de apoio à inovação nas empresas. Esses trabalhos buscam verificar se as políticas adotadas complementam os recursos alocados nas atividades de inovação pelas empresas ou se haveria simplesmente a substituição desses últimos por recursos públicos. Neste artigo, uma técnica quasi-experimental é aplicada para comparar as empresas que acessaram os fundos setoriais com aquelas que não os acessaram, usando dados de painel que incluem informações sobre esforços tecnológicos e resultados. O grupo de controle é definido com base no algoritmo de Propensity Score Matching (PSM), visando eliminar o viés de seleção no acesso aos fundos, o que faz com que, a priori, as empresas que acessam esses recursos trilhem uma trajetória distinta daquelas que não acessam. Estimativas das diferenças percentuais das taxas de crescimento dos esforços tecnológicos indicam significativo descolamento entre os grupos de tratamento e controle e permitem que se rejeite a hipótese de crowding out. Estima-se que o diferencial na taxa de crescimento do PoTec – que corresponde à proxy para os esforços tecnológicos – seja de 6,8 p.p. no primeiro ano, 11,5 p.p. no segundo, 15,7 p.p. no terceiro e 26,7 p.p. no quarto ano após o acesso. Os fundos setoriais apresentam ainda impacto positivo e significativo no pessoal ocupado total, embora apenas um impacto marginalmente significante nas exportações de alto conteúdo tecnológico tenha sido observado após quatro anos nas empresas que compõem o grupo de tratamento. Adicionalmente, uma análise preliminar dos impactos dos diferentes instrumentos que compõem os fundos setoriais permite associar a maior parte dos impactos dos recursos à concessão de crédito em condições mais favoráveis.
https://doi.org/10.20396/rbi.v11i0.8649038
PDF

Referências

ALMUS, M.; CZARNITZKI, D. The effects of public R&D subsidies on firms’ innovation activities: the case of Eastern Germany. Journal of Business and Economic Statistics, v. 21, n. 2, p. 226-236, 2003.

ARAÚJO, B. C.; CAVALCANTE, L. R.; ALVES, P. Variáveis proxy para os gastos empresariais em inovação com base no pessoal ocupado técnico-científico disponível na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior, n. 5, p. 16-21, 2009.

ASCHHOFF, B. The effect of subsidies on R&D investment and success: do subsidy history and size matter? Centre for European Economic Research, 2009 (Discussion paper, n. 09-032).

AVELLAR, A. P. Avaliação do impacto do PDTI sobre o gasto em atividades de inovação em P&D das empresas industriais. In: DE NEGRI, J. A.; KUBOTA, L. C. (Orgs.). Políticas de incentivo à inovação tecnológica no Brasil. Brasília: Ipea, 2008.

BLANK, D. M.; STIGLER, G. J. The demand and supply of scientific personnel. New York: National Bureau of Economic Research, 1957.

BUSOM, I. An empirical evaluation of the effects of R&D subsidies. Berkeley: University of California, May 1999 (Burch working paper, n. B99-05).

CRÉPON, B.; DUGUET, E.; MAIRESSE, J. Research, innovation, and productivity: an econometric analysis at the firm level. NBER, Aug. 1998 (Working paper, 6696).

DAVID, P. A.; HALL, B. H.; TOOLE, A. A. Is public R&D a complement or substitute for private R&D? A review of the econometric evidence. Research Policy, v. 29, p. 497-529, 2000.

DE NEGRI, J. A.; DE NEGRI, F.; LEMOS. M. B. O impacto do programa ADTEN sobre o desempenho e o esforço tecnológico das empresas industriais brasileiras. In: DE NEGRI, J. A.; KUBOTA, L. C. (Orgs.). Políticas de incentivo à inovação tecnológica no Brasil. Brasília: Ipea, 2008a.

DE NEGRI, J. A. O impacto do FNDCT sobre o desempenho e o esforço tecnológico das empresas industriais brasileiras. In: DE NEGRI, J. A.; KUBOTA, L. C. (Orgs.). Políticas de incentivo à inovação tecnológica no Brasil. Brasília: Ipea, 2008b.

DE NEGRI, F.; ALVES, P.; KUBOTA, L. C.; CAVALCANTE, L. R; DAMASCENO, E. C. Perfil das empresas integradas ao sistema federal de C,T&I no Brasil e aos fundos setoriais: uma análise exploratória. Brasília: Ipea, nov. 2009. Mimeografado.

GUSSO, D. Agentes da inovação: quem os forma, quem os emprega? In: DE NEGRI, J. A.; DE NEGRI, F.; COELHO, D. (Orgs.). Tecnologia, exportação e emprego. Brasília: Ipea, 2006.

HALL, B.; VAN REENEN, J. How effective are fiscal incentives for R&D? A review of the evidence. Research Policy, v. 29, p. 449-469, 2000.

KANNEBLEY JR., S.; SEKKEL, J. V.; ARAÚJO, B. C. Economic performance of Brazilian manufacturing firms: a counterfactual analysis of innovation impacts. Small Business Economics, p. 1-15, 2008.

MOHNEN, P.; LOKSHIN, B. What does it take for an R&D tax incentive policy to be effective? United Nations University, Maastricht Economic and Social Research and Training Centre on Innovation and Technology, 2009 (Working paper series, 014).

OCDE. Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Managing national innovation systems. Paris: OECD, 1999.

WOOLDRIDGE, J. M. Econometric analysis of cross section and panel data. Cambridge (MA): The MIT Press, 2002.

O conteúdo dos artigos e resenhas publicados na RBI são de absoluta e exclusiva responsabilidade de seus autores.

Downloads

Não há dados estatísticos.