Resumo
Nesse trabalho, pretendo refletir sobre possíveis paradoxos e rupturas que passam a constituir o discurso científico na atualidade. Isso será feito de forma indireta, já que tomo como observatório o discurso de divulgação científica, através do qual a ciência ganha novos sentidos ao, intensamente, sair dos seus lugares de produção e circulação tradicionais (as instituições acadêmicas com seus papers e congressos por exemplo) para se constituir noutro espaço social e histórico, em que é re-significada através de materiais midiáticos (revistas, jornais, programas de TV, internet). Interessa-me analisar nos materiais de divulgação científica, certos enunciados como “incerteza”, “incompletude”, “imperfeição”, “provisório”, “não pode ser comprovado jamais”, “nada existe a não ser que observemos” e “nós precisamos da incerteza, é o único modo de continuar”, os quais materializam certos sentidos sobre ciência aparentemente conflitantes com o funcionamento de um discurso da ciência concebido tanto “como uma atividade de triagem entre enunciados verdadeiros e enunciados falsos”, quanto como a produção de um sujeito da ciência que está “presente pela sua ausência” (PÊCHEUX, 1975: 1997-98).
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