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Onde a sociedade abraça e esconde a arte
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Palavras-chave

Cataguases
Identidade
Vocação cultural
Arte
Cidade

Como Citar

CRUZ, Inácio Manoel Neves Frade da. Onde a sociedade abraça e esconde a arte: vocação cultural e identidade cataguasense. RUA, Campinas, SP, v. 30, n. 1, p. 141–162, 2024. DOI: 10.20396/rua.v30i1.8677000. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rua/article/view/8677000. Acesso em: 17 jul. 2024.

Resumo

O presente artigo aborda a construção de uma história única (Adichie) referente à cidade de Cataguases/MG, na qual a arte opera como o principal meio para a reinvenção das tradições locais. Os conteúdos legitimadores da ideia da vocação cultural são insistentemente exumados de um passado mágico, instaurado por Humberto Mauro e por poetas da revista Verde, contribuindo para manter inalterada a desconformidade nas relações de poder entre os fazedores, expectadores e os patrocinadores da arte. A elaboração do estudo se deu a partir da consulta ao acervo público municipal, além da análise de textos sobre o aparato artístico-cultural local. O objetivo deste trabalho é refletir sobre a condenação ao esquecimento de toda produção que não compactua com o mito da vocação cultural, isto é, daquilo que, no julgamento da sua elite cultural, foge a um desenho intelectualmente refinado de cultura e arte, apropriado ao arquétipo local. Orientado por uma perspectiva téorico-metodológica posicionada em contraponto à colonialidade (Seligmann-Silva, 2022a e 2022b; Segato, 2018 e 2021; Rufino, 2021) proponho inverter o olhar em direção à outra margem, em um espaço onde se concentram artistas populares com projeção local e nacional, todavia, não incluídos no inventário da cidade que se apresenta como o Berço do Cinema Brasileiro, ou mesmo como um Museu a céu aberto.

https://doi.org/10.20396/rua.v30i1.8677000
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Referências

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