Resumo
O objetivo deste trabalho é examinar como produções cinematográficas do ator e diretor Sady Baby construíram representações acerca de homens heterossexuais, mulheres, homens homossexuais e travestis. O argumento central aponta que, ainda que o apelo ao bizarro e ao grotesco representasse resistência à domesticação e à normalização dos corpos, as obras desse diretor reproduziam valores depreciativos em relação a mulheres, homens homossexuais e travestis, enquanto reiteravam padrões de uma virilidade dominante dos personagens masculinos heterossexuais.
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