Folia de reis em Minas Gerais
PDF

Palavras-chave

Folia de Reis
Palhaço
Catolicismo santorial
Religiosidade de matriz africana

Como Citar

Neder, A. B. (2013). Folia de reis em Minas Gerais: entre símbolos católicos e ambiguidades africanas. Ciencias Sociales Y Religión, 15(18), 33–55. https://doi.org/10.22456/1982-2650.44454

Resumo

O presente artigo busca compreender as relações de estreitamento religioso entre a Folia de Reis, manifestação relacionada ao catolicismo popular (ou santorial) e a religiosidade de matriz africana. No campo a se pesquisar, o município de Leopoldina, Minas Gerais, está a Folia da Maú, formada por uma família negra e umbandista, devotos de São Sebastião. Entre os diversos rituais, está a entrega da bandeira em um centro de umbanda, realizado no dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião no calendário litúrgico católico. Portanto, essa Folia se caracteriza tanto como uma prática do catolicismo santorial, quanto expressão religiosa da umbanda. O palhaço por sua vez, o brincante de tanta expressão e popularidade, entendido pelo viés católico como o Rei Herodes, ou até mesmo o próprio diabo, simbolicamente possui analogias com Exu. Orienta essa comunicação, a ideia de que os traços da religiosidade afro-brasileira e do catolicismo santorial estão imbricados intimamente. Por meio de conversas e entrevistas, análise das imagens rituais no centro de umbanda e na casa de Dona Maú, e da chula dos palhaços, procura-se entender a relevância do mascarado da Folia como produto desse processo de síntese cultural. Portanto, nesse contexto sua posição marginal dá lugar à eminência como representante dessa síntese e como brincante de grande notoriedade e simpatia junto à assistência.

https://doi.org/10.22456/1982-2650.44454
PDF

Referências

ABREU. M. Festas religiosas no Rio de Janeiro: Perspectivas de controle e tolerância no século XIX. Revista de Estudos Históricos, Brasil,7,dezembro 1994.

ANTONIAZZI, Alberto. O catolicismo no Brasil. In: LANDIM, L. (Org.). Sinais dos tempos: tradições Religiosas no Brasil. Cadernos do ISER, Rio de Janeiro, n° 22, p. 13-35, 1989.

BERKENBROCK, Volney. Diálogo e sincretismo. Revista Rhema, v. 5, n. 20, p.167-183, 1999.

BERKENBROCK, Volney. A festa nas religiões afro-brasieliras. In: PASSOS, Mauro (Org.). A festa na vida: significado e imagens. Petrópolis: Vozes, 2002.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Os deuses do povo: um estudo sobre religião popular. Uberlândia: EDUFU, 2007.

CAPONE, Stefania. A busca da África no Candomblé. Rio de Janeiro: Pallas, 2004.

GIOVANNINI JUNIOR, Oswaldo. Folguedos da Mata: Um registro do folclore da Zona da Mata. Leopoldina: Do Autor, 2005.

GOMES, N.P.M.; PEREIRA, E.A. Do presépio à balança: representações sociais da vida religiosa. Belo Horizonte: Mazza Edições, 1995.

LIMA, Vivaldo da Costa. Festa e religião no centro histórico. Aula proferida no curso anual de folclore Antônio Vianan, em 1988, na Academia de Letras da Bahia.

MARIZ, Cecília. Catolicismo no Brasil contemporâneo reavivamento e diversidade. IN: TEIXEEIRA, Faustino e MENEZES, Renata (Orgs.). As Religiões no Brasil: continuidades e rupturas. Petrópolis: Vozes, 2006. p. 53-68.

MONTEIRO, Ausonia Bernardes. A performance do palhaço da folia de reis: estilos, danças e movimentos. In: LIGIÉRO, Z. e SANTOS, C. A. (Org.). Danças da Terra: Tradição, história, linguagem e teatro. Rio de Janeiro, Papel Virtual Editora, 2005.

NEGRÃO, Lísias Nogueira. Magia e Religião na Umbanda. Revista USP, São Paulo, n° 31, p. 76-89, 1996.

PASSOS, Mauro. O catolicismo popular. In: PASSOS, Mauro (Org.). A festa na vida: significado e imagens. Petrópolis: Vozes, 2002.

SLENES, Robert W. A árvore de Nsanda transplantada: cultos kongo de aflição e identidade escrava no Sudeste brasileiro, no século XIX. In: FURTADO, Júnia. F. & LIBBY, Douglas Cole (Orgs.). Trabalho livre, trabalho escravo Brasil e Europa, séculos XVIII e XIX. São Paulo: Annablume, 2006.

SOUZA, Marina de Mello e. Catolicismo negro no Brasil: santos e minkisi, uma reflexão sobre miscigenação cultural. Afro-Ásia, Salvador, UFBA, v. 28, p.125-146, 2002.

SOUZA, Marina de Mello e. Santo Antônio de Nó-de-Pinho e o catolicismo afro-brasileiro. Tempo, Revista do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, Sette Letras, v. 6, n. 11, 2001.

SWEET, James H. Recriar África: cultura, parentesco e religião no mundo afro-português.(1441-1770). Lisboa: Edições 70, 2007. Capítulos 9 e 10, p. 225-265.

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

Copyright (c) 2020 Andiara Barbosa Neder

Downloads

Não há dados estatísticos.