Banner Portal
Perspectivas de desenvolvimento da Amazônia: motivos para o otimismo e para o pessimismo
Sem título

Palavras-chave

Amazônia. Desenvolvimento. Institucionalismo

Como Citar

SERRA, Maurício Aguiar; FERNÁNDEZ, Ramón García. Perspectivas de desenvolvimento da Amazônia: motivos para o otimismo e para o pessimismo. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 13, n. 2, p. 107–131, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643046. Acesso em: 25 abr. 2024.

Resumo

O recente desenvolvimento da Amazônia brasileira envolve dois períodos distintos. O primeiro corresponde ao regime autoritário; nele, várias estratégias de desenvolvimento foram implementadas com o objetivo de maximizar ganhos imediatos, sendo elas responsáveis por consideráveis impactos socioambientais adversos. Já o período seguinte, a partir do início dos anos 1990, difere significativamente do primeiro. Caracteriza este período o reconhecimento, por parte do governo, do caráter predatório do modelo anterior. Todavia, os esforços do governo federal para conciliar uso produtivo e conservação ambiental colidem com sua estratégia de criar “Eixos de Desenvolvimento”, cujos objetivos para a Amazônia são o de integrá-la ao resto do país, vinculando-a ao mercado mundial. Neste cenário, a tradicional dicotomia vebleniana não se aplica perfeitamente, embora certas atitudes progressivas e cerimoniais possam ser identificadas. Este artigo objetiva analisar, à luz do pensamento institucionalista original, estes conflitos correntes e certos papéis contraditórios desempenhados por diferentes atores no desenvolvimento amazônico.

Abstract

The recent development of Brazilian Amazon embraces two different periods. The first one relates to the authoritarian regime under which several development strategies were implemented as to maximise immediate economic advantages; these strategies created adverse social and environmental impacts. The following period differs from the former insofar as Brazilian government, particularly in the 1990s, recognized the negative impacts generated by past development strategies and stressed that future undertakings in Amazonia should conciliate productive use and environmental conservation. However, these efforts collide with the “Axes of Development” strategy, whose objectives for Amazonia are to integrate it with the rest of the country, providing it access to the world market. In this scenery, the traditional Veblenian dichotomy doesn’t exactly fit, although certainly progressive and ceremonial attitudes can be recognized. This paper analyzes these current conflicts and the contradictory roles played by different actors in accordance with the original institutionalist thought.

Key words: Amazon. Development. Institutionalism

Sem título

Referências

ACSELRAD, H. Eixos de articulação territorial e sustentabilidade do desenvolvimento no Brasil. Rio de Janeiro: FASE, 2001. (Série Cadernos Temáticos).

ALSTON, L.; LIBECAP, G.; MUELLER, B. Titles, conflict and land use. Ann Arbor: Michigan University Press, 1999.

BARBANTI JR., O. Urban dimensions in rural livelihoods: implications for grassroots development and sustainability in the Brazilian Amazon. London: London School of Economics and Political Science, 1998. (PhD thesis).

BECKER, B. K.; EGLER, C. A. G. Brazil: a new regional power in the world economy. Cambridge: Cambridge University Press, 1992.

BERNO de ALMEIDA, A. W. The state and land conflicts in Amazonia, 1964-88. In: GOODMAN, D.; HALL, A. (Ed.). The Future of Amazonia: destruction or sustainable development?. London: Macmillan Press, 1990. p. 226-244.

________. O intransitivo da transição: o Estado, os conflitos agrários e a violência na Amazônia (1985-1989). In: LÉNA, P.; OLIVEIRA, A. E. de (Ed.). Amazônia: a fronteira agrícola 20 anos depois. Belém: CEJUP/Museu Goeldi, 1992. p. 333-350.

________. Carajás: A guerra dos mapas. Belém: Falangola, 1994.

BNDES/CONSÓRCIO BRASILIANA. Estudos dos eixos nacionais de integração e desenvolvimento. Relatório Síntese, Tomos I e II. Rio de Janeiro: BNDES, 2000.

BRASIL, República Federativa do. II Plano Nacional de Desenvolvimento (1975-79). Brasília: Presidência da República, 1974.

________. III Plano Nacional de Desenvolvimento (1980-85). Brasília: Presidência da República, 1979.

________. Brasil em Ação: investimentos para o desenvolvimento. Brasília: Presidência da República, 1996.

BUSH, P. D. Theory of institutional change. Journal of Economic Issues, v. 21, n. 3, p. 1075-1116, 1987.

COCKBURN, A.; HECHT, S. The fate of the forest: developers, defenders, and destroyers of the Amazon. London: Verso, 1989.

COELHO, M. C. N. Socio-economic impacts of the Carajás railroad in Maranhão, Brazil. New York: Syracuse University, 1991. (PhD Thesis).

DINIZ, C. C. Repensando a questão regional brasileira: tendências, desafios e caminhos. Trabalho apresentado no seminário “Desenvolvimento Brasileiro”, Rio de Janeiro: BNDES, 2002.

FEARNSIDE, P. M. Environmental destruction in the Brazilian Amazonia. In: GOODMAN, D.; HALL, A. (Ed.). The future of Amazonia: destruction or sustainable development? London: Macmillan Press, 1990. p. 179-225.

GARRIDO FILHA, I. Manejo florestal: questões econômico-financeiras e ambientais. Estudos Avançados - USP, São Paulo, v. 16, n. 45, p. 91-106, 2002.

GISTELINCK, F. Carajás, Usinas e Favelas. São Luís, 1988.

GOODMAN, D.; HALL, A. (Ed.). The future of Amazonia: destruction or sustainable development? London: Macmillan, 1990. o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Brasília: MMA/SCA, 2002.

HAGEMANN, H. Not out of the woods yet: the scope of the G7 initiative for a pilot program for the conservation of the Brazilian rainforests. Saabrücken: Verlag für Entwicklungspolitik Breitenback, 1994.

________. Bancos, incendiários e florestas tropicais: o papel da cooperação para o desenvolvimento na destruição das florestas tropicais brasileiras. Rio de Janeiro: FASE/IBASE/ISA, 1996.

HALL, A. Agrarian crisis in Brazilian Amazonia: the Grande Carajás Programme. Journal of Development Studies, v. XXIII, n. 4, p. 522-552, Jul. 1987.

________. Developing Amazonia: deforestation and social conflict in Brazil’s Carajás Programme. Manchester: Manchester University Press, 1991.

________. Sustaining Amazonia: grassroots action for productive conservation. Manchester: Manchester University Press, 1997.

IPAM – Instituto de Pesquisa Ambiental na Amazônia/ISA – Instituto Socioambiental. Avança Brasil: os custos ambientais para a Amazônia. In: BARROSO, A. C. (Org.).

Sustentabilidade e democracia para as políticas públicas na Amazônia. Rio de Janeiro: FASE, 2001. p. 41-66, 2001. (Série Cadernos Temáticos, n. 8).

KOHLHEPP, G. Conflitos de interesse no ordenamento territorial da Amazônia brasileira.

Estudos Avançados - USP, São Paulo, v. 16, n. 45, p. 37-61, 2002.

LEONEL, M. Onde se esconder? Últimos índios isolados na mata: as maiores vítimas. In: HÉBETTE, J. (Ed.). O cerco está se fechando. Rio de Janeiro: Vozes, 1991. p. 279-285.

LOUREIRO, V. L. Amazônia: uma história de perdas e danos, um futuro a (re)construir. Estudos Avançados - USP, São Paulo, v. 16, n. 45, p. 107-121, 2002.

MAHAR, D. J. Government policies and deforestation in Brazil’s Amazon Region. Washington, D.C.: World Bank, 1989.

MARGULIS, S. A regulamentação ambiental: instrumentos e implementação. Rio de Janeiro: IPEA, 1996. (Texto para Discussão, n. 437).

MARTINE, G. Rondônia and the fate of small producers. In: GOODMAN, D.; HALL, A. (Ed.). The future of Amazonia: destruction or sustainable development? London: Macmillan Press, 1990. p. 23-48.

MINDLIN, B. O Programa POLONOROESTE. In: HÉBETTE, J. (Ed.). O cerco está se fechando. Rio de Janeiro: Vozes, 1991a. p. 252-256.

________. Os índios e o Programa POLONOROESTE. In: HÉBETTE, J. (Ed.). O cerco está se fechando. Rio de Janeiro: Vozes, 1991b. p. 258-277.

MMA/SCA - MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E DA AMAZÔNIA LEGAL/SECRETARIA DE COORDENAÇÃO DOS ASSUNTOS DA AMAZÔNIA LEGAL. Política Nacional Integrada para a Amazônia Legal. Brasília: MMA/Conamaz, 1995.

MMA/COMISSÃO DE COORDENAÇÃO BRASILEIRA DO PPG7. Proposta para a Estruturação da Segunda Fase do Programa Piloto. Brasília: MMA, jun. 2002.

MINISTRY OF THE ENVIRONMENT/WORLD BANK. Pilot Program Annual Report 1999-2000. Brasília: MMA/SCA, 2000.

NEALE, W.C. Institutions. Journal of Economic Issues, v. 21, n. 3, p. 1177-1206, 1987.

NORTH, D. Instituciones, cambio institucional y desempeño económico. México (DF): Fondo de Cultura Económica, 1993.

PEARCE, D. Economic values and the natural world. Cambridge (MA): MIT Press, 1993.

________; WARFORD, J. J. World without end: economics, environment and sustainable development. Washington D. C.: World Bank, 1993.

PERROUX, F. Note sur la notion de pôle de croissance. Economie Appliquée, Jan./Jun. 1955.

________. L’economie du XXº siècle. Paris: Presses Universitaires de France, 1969.

PESSALI, H. F.; FERNÁNDEZ, R. G. Economia institucional: tecnologia sozinha não faz verão. In: JORNADA DE ECONOMIA POLÍTICA DO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO, 4, Salvador, 11-14 dez. 2001. Salvador: SEP-ANPEC, Salvador, 2001. (CD-Rom).

PRADO JR., C. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1987.

RAMALHO, Y. M. de M.; BARA NETO, P. Eixos nacionais de integração e desenvolvimento. In: MMA (Ed.). Causas e dinâmica do desmatamento na Amazônia. Brasília: MMA, 2001. p. 351-368.

REDWOOD, J. World Bank approaches to the environment in Brazil: a review of selected projects. Washington D.C.: The World Bank, 1993.

REITMAN, R. Bretton Woods meets Gro Harlem Bruntland in Sub-Saharan Africa: the Environmental Consequences of Macroeconomic Policies in Malawi. In: The International Society for Intercommunication of New Ideas, vol 1, Mexico: Universidad Nacional Autonoma de Mexico, 2000.

RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a evolução e o sentido do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995a.

________. O Brasil como problema. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1995b.

SEROA DA MOTTA, R.; RUITENBEEK, J.; HUBER, R. Market-based instruments for environmental policymaking in Latin America and the Caribbean: lessons from eleven countries. Washington, D.C.: The World Bank, 1998. (World Bank Discussion Paper, n. 381).

SERRA, M. A. The social impacts of regional development policies in Eastern Amazonia: a case study of Parauapebas. London: London School of Economics and Political Science, 1997. (PhD thesis).

SOUZA, M. Amazônia e modernidade. Estudos Avançados - USP, São Paulo, v. 16, n. 45, p. 31-36, 2002.

SUDAM. II Plano Nacional de Desenvolvimento da Amazônia: detalhamento do II Plano Nacional de Desenvolvimento (1975-79). Belém: SUDAM, 1976a.

________. POLAMAZÔNIA – Carajás. Belém: SUDAM, 1976b.

SWANEY, J. Our obsolete technology mentality. Journal of Economic Issues, v. 23, n. 2, p. 569-578, 1989.

TURNER, R. K.; PEARCE, D.; BATEMAN, I. Environmental economics: an elementary introduction. London and New York: Harvester Wheatsheaf, 1994.

WISMAN, J. D.; SMITH, J. F. American institutionalism on technological change. Journal of Economic Issues, v. 33, n. 4, p. 887-902, 1999.

WORLD BANK. World Bank approaches to the environment in Brazil: a review of selected projects - The Carajás Iron Ore Project. Washington D.C.: The World Bank, Apr. 1992. v. III.

A Economia e Sociedade utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.

Downloads

Não há dados estatísticos.