Resumo
As línguas caribes apresentam uma morfofonologia e morfossintaxe complexas. O wayana reflete bem essas características linguísticas, como veremos no estudo descritivo proposto, sobre a tipologia da construção de posse, que segue critérios morfofonológicos e morfossintáticos. Duas ordens dos elementos caracterizam uma determinação nominal, especificadas por uma morfologia remetendo à relação alienável e inalienável entre o elemento possuidor e o elemento possuído. Nas construções de posse, destaca-se a formação de sintagmas e predicados nominais, caracterizados por predicação averbal e por presença da cópula nas 1a e 2a pessoas e da partícula existencial na 3a pessoa. Os afixos de codificação do possessivo são vários e algumas das estruturas do possessivo expressam valores aspecto-temporais como -hpe e -hme e seus correspondentes operadores de privação de posse, -pïn e -mïn. As construções com o associativo revelam a posse comitativa, o que é bastante inusual na literatura linguísticia. O presente estudo focaliza a expressão de posse na gramática do wayana e as suas diferentes estratégias morfofonológicas, morfológicas e semânticas.
Referências
Camargo, Eliane (1999). La relation d'appartenance en wayana. La Linguistique 35(1): 97-112. Dispnonível em: https://www.jstor.org/stable/30249175
Camargo, Eliane (2001-2002). Aspects de la morphologie apalai dans les constructions d'appartenance. AMERINDIA 26/27: 124-146.
Camargo, Eliane (2003). Relações sintáticas e semânticas na predicação nominal do Wayana: a oração com cópula. AMERINDIA 28: 133-160.
Camargo, Eliane (2006). Lexical categories and word formation processes in Wayana (Cariban language). In Ximena Lois; Valentina Vapnarsky (eds.). Lexical categories and root classes in Amerindian languages, pp. 147-188. Bern: Peter Lang.
Camargo, Eliane (2008). Operadores aspectuais de estado marcando o nome em wayana (Caribe). LIAMES. Línguas Indígenas Americanas 8: 85-104. doi: https://doi.org/10.20396/liames.v8i1.147
Camargo, Eliane; Wayana, Asiwae; Kaxinawa, Mudu (2018). Documentação de línguas e culturas indígenas. MOARA (Estudos Linguísticos) 50: 52-86.
Jackson, Walter S. (1972). A Wayana grammar. In Joseph E. Grimes (ed.). Languages of the Guianas, pp. 47-77. Suriname: SIL International Publication in Linguistics. Disponível em: https://www.sil.org/resources/archives/8669
Koehn, Sarah (1994). The use of generic terms in Apalaí genitive constructions. Revista Latinoamericana de Estudios Etnolingüísticos 8: 39-48.
Launey, Michel (1994). Une grammaire omniprédicative: Essai sur la morphosyntase du nahuatl classique. Sciences du Langage. Paris: CNRS.
Meira, Sérgio (1998). A reconstruction of proto-taranoan: phonology and inflectional morphology (Master’s thesis). Houston, Texas: Rice University. Disponível em: https://hdl.handle.net/1911/17197.
Tavares, Petronila da Silva (2005). A grammar of Wayana (Ph.D. dissertation). Houston, Texas: Rice University.
Disponível em: https://hdl.handle.net/1911/18984.
Velthem, Lucia Hussak van (2003). O belo é a fera: a estética da produção e da predação entre os Wayana. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia/Assírio & Alvim.
A LIAMES: Línguas Indígenas Americanas utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.
Os artigos e demais trabalhos publicados na LIAMES: Línguas Indígenas Americanas, publicação de acesso aberto, passa a seguir os princípios da licença do Creative Commons. Uma nova publicação do mesmo texto, de iniciativa de seu autor ou de terceiros, fica sujeita à expressa menção da precedência de sua publicação neste periódico, citando-se a edição e a data desta publicação.