Banner Portal
A distinção massa e contável na gramática Rikbaktsa (Macro-Jê)
Tuwapitsãi 'esteirinha Mehinaku (Arawak)'
PDF

Palavras-chave

Distinção massivo-contável
Demonstrativos
Rikbaktsa
Línguas ameríndias

Como Citar

DELLAI, Érica Milani; ERN, Vitória Maria Jasper; SILVA, Léia de Jesus; OLIVEIRA, Roberta Pires de; RACHADEL, Beatriz Martins; SOUZA, Bianca Maria de. A distinção massa e contável na gramática Rikbaktsa (Macro-Jê). LIAMES: Línguas Indígenas Americanas, Campinas, SP, v. 21, n. 00, p. e021007, 2021. DOI: 10.20396/liames.v21i00.8661408. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/liames/article/view/8661408. Acesso em: 2 maio. 2024.

Resumo

Neste artigo investigamos a distinção massivo-contável na língua Rikbaktsa (Macro-Jê). Partimos do questionário de Lima & Rothstein (2020), o qual procuramos responder levantando os dados em um acervo inédito do qual já dispúnhamos, na pouca literatura sobre a língua (Boswood 1971, 1978; SIL 2007; Silva 2011), e em uma elicitação de dados com um falante nativo. A análise mostrou que há morfologia de plural e que ela não se combina com nomes de massa. Nomes que denotam átomos estáveis se combinam diretamente com numerais. Para serem contados, nomes de substância exigem a presença de sintagmas de medidas.  Esses são indícios de que a língua em questão pode ser caracterizada como uma língua de número marcado (Chierchia 2010, 2015), mesmo que haja alguns nomes de massa que podem ser contados diretamente. Em nenhuma das quinze línguas apresentadas em Lima & Rothstein (2020) há relato de um morfema especializado para marcar massa. Chacon (2012) afirma que o Kubeo (Tukano-Oriental) exibe um demonstrativo de massa. Esse é também o caso em Rikbaktsa, mas nesta língua o demonstrativo na ‘isto’, que seleciona nomes massivos, se espalha pela gramática: aparece com marca de terceira pessoa no pronome pessoal a-na, com proformas interrogativas e em construção atributiva. Este estudo contribui, portanto, para uma melhor compreensão da distinção massivo-contável através das línguas e da gramática desta língua minoritária.

https://doi.org/10.20396/liames.v21i00.8661408
PDF

Referências

Áthila, Adriana (2006). “Arriscando corpos”: Permeabilidade, alteridade e as formas da socialidade entre os Rikbaktsa (Macro-Jê) do sudoeste amazônico (Tese de doutorado em Sociologia e Antropologia). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia.

Áthila, Adriana (2019). A “Caixa de Pandora”. Representação, diferença e tecnologias nativas de reprodução entre os Rikbaktsa (Macro-Jê) do Sudeste Amazônico. Revista Antropologia 62(3): 710–743. https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2019.165225

Barner, David; Snedeker, Jesse (2005). Quantity judgments and individuation: Evidence that mass nouns count. Cognition 97(1): 41-66. https://doi.org/10.1016/j.cognition.2004.06.009

Boswood, Joan (1971). Phonology and morphology of Rikbaktsa and a tentative comparison with languages of the Tupi and Jê families (MA thesis). Reading University.

Boswood, Joan. (1978 [2007]). Quer falar a língua dos canoeiros? Rikbaktsa em 26 lições. Brasília: Summer Institute of Linguistics. https://www.sil.org/system/files/reapdata/33/65/14/33651443167458855866864356625639224414/RKGram.pdf

Chacon, Thiago Costa (2012). The phonology and morphology of Kubeo: The documentation, theory, and description of an Amazonian language (Ph.D. dissertation). University of Hawai'i: http://etnolinguistica.wdfiles.com/local--files/tese%3Achacon-012/chacon_2012_kubeo.pdf

Chierchia, Gennaro (1998). Plurality of mass nouns and the notion of ‘semantic parameter’. Events in Grammar. In Susan Rothstein (ed.), Events and grammar, pp. 53-103.Kluwer Academic Publishers.

Chierchia, Gennaro (2010). Mass nouns, vagueness and semantic variation. Synthese 174: 99–149. https://doi.org/10.1007/s11229-009-9686-6

Chierchia, Gennaro (2015). How universal is the mass/count distinction? Three grammars of counting. In Audrey Li; Andrew Simpson; Wei-Tien Dylan Tsai (eds.), Chinese syntax in a cross-linguistic perspective, pp. 147-176. Oxford University Press. 10.1093/acprof:oso/9780199945658.003.0006

Chierchia, Gennaro (no prelo) Mass vs. Count: Where do we stand? Outline of a theory of semantic variation. In T. Kiss; F.J. Pelletier; H. Husic (eds.), Things and Stuff: The Semantics of the Count-Mass Distinction [Chapter 2]. Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Frazier, L; Frisson, S. (2005). Carving up word meaning: Portioning and grinding. Journal of Memory and Language 53(2): 277-291. https://doi.org/10.1016/j.jml.2005.03.004

Galucio, Ana Vilacy; Costa, Carla. Nascimento (2020). Count-mass distinction in Sakurabiat. Linguistic Variation 20(2): 336-351. https://doi.org/10.1075/lv.00025.gal

Kiss, Tibor; Pelletier, Francis J.; Husic, Halima (no prelo). Things and stuff: The semantics of the count-mass distinction. Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Lima, Suzi (2010). About the count-mass distinction in Yudja: A description. In Beth Rogers; Anita Szkay (eds.), The Fifteenth Workshop on Structure and Constituency in Languages of the America, vol. 29: 157-164. Vancouver: University of British Columbia.

Lima, Suzi (2014). The acquisition of the count/mass distinction in Yudja (Tupi): Quantifying ‘Quantity’ and ‘Number’. In Chia-Ying Chu et al.(eds.), Selected Proceedings of the 5th Conference on Generative Approaches to Language Acquisition North America (GALANA 2012), pp. 181-190. Somerville, MA: Cascadilla Proceedings Project. http://www.lingref.com/cpp/galana/5/paper3079.pdf

Lima, Suzi; Rothstein, Susan (2020). A typology of the mass/count distinction in Brazil and its relevance for mass/count theories. Linguistic Variation 20(2): 174–218. https://doi.org/10.1075/lv.20.2

Moltmann, Friederike (ed.) (2020). Mass and count in linguistics, philosophy and cognitive science. Amsterdam: John Benjamins. https://doi.org/10.1075/lfab.16

Pacini, Aloir (1999). Pacificar: Relações interétnicas e territorialização dos Rikbaktsa (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro. https://comin.org.br/wp-content/uploads/2019/08/relacoes-interetnicas-1282915485.pdf

Pelletier, Francis J. (1975). Non-singular reference: Some preliminaries. Philosophia 5(4): 451-465. https://doi.org/10.1007/978-1-4020-4110-5_1

Pelletier, Francis Jeffry (2009). Kinds, things and stuff: Mass terms and generics. Oxford: Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/acprof:oso/9780195382891.001.0001

Pelletier, Francis Jeffry (2012). Lexical nouns as both +mass and +count, and neither +mass nor +count. In Massam, Diane (ed.), Count and mass across languages, pp. 1-25. Oxford: Oxford Press. https://doir.org/10.1093/acprof:oso/9780199654277.003.0002

Pires de Oliveira, Roberta; Rothstein, Susan (2011). Bare singular noun phrases are mass in Brazilian Portuguese. Língua 121(15): 2153-2175. https:// doi.org/10.1016/j.lingua.2011.09.004

Polegatti, Geraldo Aparecido (2013). A matemática Rikbaktsa para o povo Rikbaktsa: Um olhar da etnomatemática na Educação Escolar Indígena (Dissertação de mestrado em ciências). Seropédica: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Agronomia. https://tede.ufrrj.br/jspui/handle/jspui/3568

Rodrigues, Aryon Dall’igna (1986). Línguas Brasileiras: Para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Edições Loyola.

Rothstein, Susan (2010). Counting and mass/count distinction. Journal of Semantics 27(3): 343–397. ttp://semantics.uchicago.edu/kennedy/classes/f11/na/docs/rothstein10.pdf

https://doi.org/10.1093/jos/ffq007

Rothstein, Susan (2017). Semantics for counting and measuring. Cambridge University Press. https://doi.org/10.1017/9780511734830

Rothstein, Susan; Pires de Oliveira, Roberta (2020). Comparatives in Brazilian Portuguese: counting and measuring. In Moltmann, Friederike (ed.), Mass and count in linguistics, philosophy, and cognitive science [Language Faculty and Beyond 16], pp. 141-157. https://doi.org/10.1075/lfab.16.07rot

Rothstein, Susan (no prelo). Counting, plurality, and portions. In T. Kiss, F.J. Pelletier, and H. Husic (eds.), Things and stuff: The semantics of the count-mass distinction. [Chapter 3]. Cambridge, UK: Cambridge University Press.

SIL (2007). Dicionário Rikbaktsa/Português e Português/Rikbaktsa. Associação Internacional de Linguística, Cuiabá: MT.

https://www.sil.org/system/files/reapdata/23/74/77/23747713988086297350702187859467170352/RKDic.pdf

Silva, Léia de Jesus (2011). Morphosyntaxe du Rikbaktsa (Amazonie brésilienne) (Tese de doutorado). Curso de letras. Université Denis Diderot, Paris. http://www.etnolinguistica.org/local--files/tese:silva-2011b/silva_2011_rikbaktsa.pdf

Soja, Nancy N.; Carey, Susan; Spelke, Elizabeth S. (1991). Ontological categories guide young children’s inductions of word meanings: Object terms and substance terms. Cognition 38(2): 179–211. https://doi.org/10.1016/0010-0277(91)90051-5

Creative Commons License

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.

Copyright (c) 2021 Érica Milani Dellai, Vitória Maria Jasper Ern, Léia de Jesus Silva, Roberta Pires de Oliveira, Beatriz Martins Rachadel, Bianca Maria de Souza

Downloads

Não há dados estatísticos.