Resumo
Este estudo discute algumas tendências encontradas nas implementações fonéticas das consoantes nasais /m, n, ŋ/ na família Tupí-Guaraní. Partiu-se de uma análise fonético-acústica das línguas Parakanã e Tembé (Ramo IV), Urubu-Ka’apor e Wayampi (Ramo VIII), Asuriní do Xingu, Anambé e Araweté (Ramo V). Constatou-se a presença de nasais plenas, com ou sem explosão oral, e nasais parcialmente oralizadas, pré-oralizadas e pós-oralizadas. Todos as línguas manifestaram nasais plenas, mas a oralização parcial manifestou-se somente nos ramos IV e V, com uma diferença: as línguas do ramo IV, Tembé e Parakanã, apresentaram variantes nasais plenas e pré-oralizadas; e as línguas pertencentes ao ramo V, Anambé e Asuriní do Xingu, apresentaram variantes nasais plenas e pós-oralizadas. Nenhuma língua manifestou a combinação dos três tipos juntos. Os resultados obtidos apoiam a divisão dos ramos da família Tupí-Guaraní proposta por Rodrigues e Cabral (2002).Referências
Alves, Juliana Ferreira (2008). Fonética e fonologia da língua Araweté: Uma nova contribuição (Dissertação de mestrado). Brasília: Universidade de Brasília.
Baraúna, Fabíola Azevedo (2014). Aspectos fonéticos e fonológicos da língua Wayampi (Trabalho de conclusão de curso). Belém: Universidade Federal do Pará.
Baraúna, Fabíola Azevedo (2016). Perfil comparativo-tipológico das consoantes nasais em línguas da família Tupí-Guaraní (Dissertação de mestrado). Belém: Universidade Federal do Pará.
Brito, Alessandra Janaú (2013). Uma abordagem acústica dos aspectos fonológicos da língua Asuriní do Xingu (Tupí-Guaraní) (Trabalho de conclusão de curso). Belém: Universidade Federal do Pará.
Cabral, Ana Suely Arruda Câmara; Rodrigues, Aryon Dall'Igna (2011). The interface of stress and nasality in tupí-guaraní languages in a historical perspective. Revista LinguíStica 7(1): 73-87. Disponível em:
http://www.letras.ufrj.br/poslinguistica/revistalinguistica
http://www.etnolinguistica.org/artigo:rodrigues-cabral-2011
Caldas, Raimunda B. C. (2009). Uma proposta de dicionário para a língua Ka’apor (Tese de doutorado). Brasília: UnB.
Cohn, Abigail C. (1993). A survey of the phonology of the feature [±nasal]. The Working Papers of the Cornell Phonetics Laboratory 8: 141-203.
Copin, François (2002). Grammaire Wayampi (Famiille tupí-guaraní) (Tese de doutorado). Paris: Universidade de Paris.
Eiró, Jessiléia Guimarães (2001). Contribuição à análise fonológica da Língua Tembé (Dissertação de mestrado). Belém: Universidade Federal do Pará.
Grenand, Françoise (1980). La langue Wayãpi (Guyane Française): phonologie et grammaire. Paris: Société d’Études Linguistiques et Anthropologiques de France.
Jensen, Cheryl Joyce S. (1984). O desenvolvimento histórico da língua Wayampi (Dissertação de mestrado). Campinas: Universidade Estadual de Campinas.
Julião, Maria Risolêta Silva (1993). A língua dos índios do rio Cairari (Dissertação de mestrado). Belém: Universidade Federal do Pará.
Kent, Ray D.; Read, Charles (2015). Análise acústica da fala. (Trad. Alexsandro Rodrigues Meireles) São Paulo, SP: Cortez.
Ladefoged, Peter; Maddieson, Ian (1996). The sounds of the world’s languages. Oxford: Blackwell Publishers.
Mello, Antônio Augusto Souza (2000). Estudo histórico da família linguística Tupí-Guaraní – Aspectos fonológicos e lexicais (Tese de doutorado). Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina.
Michael, Lev; Chousou-Polydouri, Natalia; Keith, Bartolomei; Donnelly, Erin; Meira, Sérgio; Wauters, Vivian; O'hagan, Zachary (2015). A Bayesian Phylogenetic Classification of Tupí-Guaraní. LIAMES. Línguas Indígenas Americanas 15(2): 193-221. Disponível em:
http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/liames/article/view/8642301
Nicholson, Velda (1982). Breve estudo da língua Asurini do Xingu. Ensaios linguísticos 5: 1- 41.
Orjuela, Lorena N.; Meira, Sérgio (2015). Tembé (Tenetehara). Submetido para o JIPA.
Pereira, Antônia Alves (2009). Estudo morfossintático do Asuniri do Xingu (Tese de doutorado). Campinas: Universidade Estadual de Campinas.
Picanço, Gessiane; Baraúna, Fabíola (2014). Implementação fonética de alofones nasais em línguas Tupí. Revista LinguíStica 10(2): 106-123.
Rodrigues, Aryon Dall’Igna (1945). Fonética histórica Tupi-Guarani: Diferenças fonéticas entre o Tupi e o Guarani. Arquivos do Museu Paranaense, vol. IV, pp. 333-354. Curitiba: Empresa Gráfica Paranaense Ltda.
Rodrigues, Aryon Dall’Igna (1985). Relações internas na família linguística Tupí-Guaraní. Revista de Antropologia 27/28: 33-53.
Rodrigues, Aryon Dall’Igna (2003) Silêncio, nasalidade e laringalidade em línguas indígenas brasileiras. Letras de Hoje 38 (4): 11-24.
Rodrigues, Aryon Dall’Igna (org); Cabral, Ana Suelly Arruda Câmara (2002). Revendo a classificação interna da família Tupí-Guaraní. Atas do I Encontro Internacional do Grupo de Trabalho sobre Línguas Indígenas da ANPOLL, pp 327-342. Belém: EDUFPA.
Silva, Auristéia Caetana Souza e (1999). Aspectos da referência alternada em Parakanã (Dissertação de mestrado). Belém: Universidade Federal do Pará.
Silva, Ana Sousa da (2009). Propriedades fonéticas da fonologia segmental Araweté (Tupí) (Dissertação de mestrado). Belém: Universidade Federal do Pará.
Solano, Eliete de Jesus Bararuá (2004). A posição do Araweté na família tupi-guaraní: considerações linguísticas e históricas (Dissertação de mestrado). Belém: Universidade Federal do Pará.
Storto, Luciana Raccanello; Demolin, Didier (2012). The phonetics and phonology of South American languages. In Lyle Campbell; Verónica Grondona (eds.). The Indigenous Languages of South America: a comprehensive guide, pp. 331-390. Berlin/Boston: Walter de Gruyter.
Walker, Rachel (1998). Nasalization, neutral segments, and opacity effects (Tese de doutorado). Santa Cruz: University of California.
Wetzels, Leo (2008). Thoughts on the phonological interpretation of {nasal,oral} contour consonants in some indigenous languages of South-America. Revista Alfa 52(2): 251-278.
A LIAMES: Línguas Indígenas Americanas utiliza a licença do Creative Commons (CC), preservando assim, a integridade dos artigos em ambiente de acesso aberto.
Os artigos e demais trabalhos publicados na LIAMES: Línguas Indígenas Americanas, publicação de acesso aberto, passa a seguir os princípios da licença do Creative Commons. Uma nova publicação do mesmo texto, de iniciativa de seu autor ou de terceiros, fica sujeita à expressa menção da precedência de sua publicação neste periódico, citando-se a edição e a data desta publicação.