Resumo
Fundamentando nosso olhar desde uma perspectiva discursiva que interseccione/questione discursos sustentados na colonialidade, parece-nos incontornável o conceito de silêncio elaborado por Orlandi (1992) para compor uma reflexão que busque os movimentos de dominação e as práticas de resistência em torno da brasilidade. Assim, colocamos a noção de silêncio na encruzilhada teórico-política que busca caminhos possíveis diante das marcas da colonialidade (Simas, 2019; Gonzalez [1984] 2020; Mbembe [2013] 2018). Tal gesto parece abrir os caminhos para sentidos cujas formas apontam tanto para as práticas coloniais/contemporâneas de violência, silenciamento e esquecimento, como para movimentos-outros que passam pelo encanto das cantorias, das giras, dos corpos dançantes, das brincadeiras, dos tambores, de uma brasilidade que fala em outro tom.
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